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MÚSICA DE FUNDO E AUDIÇÃO DE VÍDEOS E AUDIOS PUBLICADOS

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segunda-feira, 21 de março de 2011

Cartografia da Luso-Brasilidade: Olhares portugueses sobre a Literura Brasileira


A divulgação da literatura brasileira em Portugal- escreve Dora NunesGago-foi particularmente  importante a partir de 1927, com  a revista Presença. De um modo geral, os elementos pertencentes à Presença eram jovens nascidos entre 1890 e 1915, que se encontravam em Coimbra, nos anos que se seguiram à Primeira Guerra Mundial. De entre eles, destacam-se Branquinho da Fonseca, João Gaspar Simões, José Régio, Vitorino Nemésio e Casais Monteiro, entre outros.

Foram preferidos e divulgados os poetas brasileiros Jorge de Lima, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, para além dos romancistas Jorge Amado e José Lins do Rego.


Cecília Meireles (1901-1964), brasileira descendente de açorianos, largamente elogiada por Joaé Régio, teve o seu mérito reconhecido em Portugal antes de tal ter sucedido no Brasil. Com efeito, foi José Osório de Oliveira, um português radicado no Brasil, notável admirador e divulgador da literatura brasileira, quem lhe enalteceu a obra Nunca mais e Outros Poemas (1923). Nesta sequência, o poeta Cassiano Ricardo defendeu a sua candidatura ao “Prémio de Poesia da Academia Brasileira de Letras” que acabou por ser
atribuído à obra Viagem.

Aliás, sobretudo até aos anos 40, altura em que recebeu o referido prémio, a autora foi algo incompreendida no Brasil, por ser considerada, provavelmente demasiado próxima da Literatura Portuguesa.Foi aliás  notória a sua influência nos escritores portugueses, sobretudo nos anos 40 e 50, usufruindo de grande prestígio, comparada a poetas internacionais como Rilke.

Cecília Meirelles coloborou em diversas revistas portugueses: Presença,  Revista de Portugal, Távola Redonda, Primeiro de Janeiro, Lusíada, Ocidente, Mundo Português, para além da luso-brasileira Atlântida

Por outro lado, a autora organizou,  prefaciou e publicou no Rio de Janeiro a Antologia dos Poetas Novos de Portugal (1944), reveladora, ao Brasil e ao Portugal salazarista, da produção do modernismo português – num total de 34 autores, que vão de Fernando Pessoa e Mário de Sá- Carneiro, Jorge de Sena, Miguel Torga, José Régio ou Irene Lisboa.

Embora atualmente talvez um pouco esquecida pela crítica literária portuguesa, a poesia de Cecília Meireles, ainda é (felizmente) estudada nas escolas portuguesas. Além disso, é possível vislumbrar os ecos “cecilianos” na obra de poetas portuguesas bastante prestigiadas, como é o caso de Natércia Freire.

Importa frisar que é no conhecimento detido pela autora acerca de Portugal e da sua literatura e vice-versa, que é possível desenhar o que denominámos por “cartografia da luso-brasilidade”, enraizada na comunhão entre duas literaturas irmanadas pelo idioma, mas também pela cultura e a História.

Por outras palavras, a obra de Cecília Meireles assume-se como uma ponte, ou melhor, um cais, onde as literaturas desaguam e harmoniosamente se encontram.

Assim,nesta autora de dimensão universal, o mundo é reinventado através da dinâmica e da musicalidade da palavra, pois como escreveu: “a canção é tudo: /teu sangue eterno/ a asa ritmada”. Deste modo, esculpiu na sua escrita, além-tempo e além fronteiras, uma inquietude lírica, convertida em canto alado imaterial, afirmando a sublime e perene verdade: “Sou poeta / no vento! / Mais nada.”.

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