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Boas Vindas a esta comunidade de Culturas e Afetos Lusofonos que já abraça 76 países

MÚSICA DE FUNDO E AUDIÇÃO DE VÍDEOS E AUDIOS PUBLICADOS

NÓS TEMOS TODO O EMPENHO EM MANTER SEMPRE MÚSICA DE FUNDO MUITO SELECIONADA, SUAVE, AGRADÁVEL, MELODIOSA, QUE OUVIDA DIRETAMENTE DO SEU COMPUTADOR QUANDO ABRE UMA POSTAGEM OU OUVIDA ATRAVÉS DE ALTI-FALANTES OU AUSCULTADORES, LHE PROPORCIONA UMA EXPERIÊNCIA MUITO AGRADÁVEL E RELAXANTE QUANDO FAZ A LEITURA DAS NOSSAS PUBLICAÇÕES.

TODAVIA, SEMPRE QUE NAS NOSSAS POSTAGENS ESTIVEREM INCLUÍDOS AUDIOS E VÍDEOS FALADOS E/OU MUSICADOS, RECOMENDAMOS QUE DESLIGUE A MÚSICA AMBIENTE CLICANDO EM CIMA DO BOTÃO DE PARAGEM DA JANELA "MÚSICA - ESPÍRITO DA ARTE", QUE SE ENCONTRA DO LADO DIREITO, LOGO POR BAIXO DA PRIMEIRA CAIXA COM O MAPA DOS PAISES DOS NOSSOS LEITORES AO REDOR DO MUNDO.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Carlos Morais dos Santos ergue a palavra e o poema condenando terrorismo de Israel contra Gaza e a Palestina

Caros  Leitores, 
Desde há dias privado de visão de um de meus olhos, recem operado, e mal vendo o que  escrevo, ainda proíbido pelos médicos de trabalhar no computador, ver televisão ou ler jornais,  e à véspera de outra cirurgia ao coração, não posso calar a profunda revolta e o grande desgosto que sinto ao acabar de ouvir a triste notícia do cruel ato de terorismo e crime contra o Direito Internacional e os Direitos Humanos, que foi hoje o ataque que o Estado de Israel executou em águas internacionais contra um frota de navios que transportavam ajuda humanitária para o povo mártir da Palestina e, em particular, contra o gheto da Faixa de Gaza.

Vejamos as notícias da Reuter e da Globo a esse respeito e, a seguir, atentem no meu Grito de Revolta em texto e poema, grito que desejo encontre muitos e fortes ecos em toda as consciências da Cidadania Mundial, a que, fraternalmente, todo o verdadeiro cidadão se sente ligado, de modo  a que esta minha/nossa/vossa voz seja mais uma entre milhões a erguerem-se em coro mundial protestando contra estes crimes, que não podem, mais uma vez, passar impunes,  crimes que têm  sido praticados com a conivência e a proteção internacional dos estados cúmplices  de Israel, que sempre minimizam estes atos de Terrorismo do Estado  belicista de Israel, em nome dos altos interesses do capital, do petróleo, dos Petro-Dollars e da Geopolítica da guerra suja, em que os culpados são sempre os mais fracos e as vítimas do costume.

Ouçamos (na nossa consciência cívica e humanista) o teor das primeiras notícias:

Por Jeffrey Heller e Alastair Macdonald
JERUSALÉM (Reuters) - Comandos militares israelenses atacaram um comboio que levava ajuda à Gaza nesta segunda-feira e mais de 10 dos ativistas a bordo, a maioria estrangeiros, foram mortos. O episódio provocou uma crise diplomática e acusações de "massacre" feitas por palestinos.

O fim violento para a tentativa apoiada pela Turquia de romper um bloqueio imposto à Faixa de Gaza realizada por seis navios com cerca de 600 pessoas a bordo e 10 mil toneladas de suprimentos provocou condenação dentro e fora do Oriente Médio.

Enquanto a Marinha escoltava os navios para o porto israelense de Ashdod, os relatos da intercepção realizada no fim da madrugada seguiam incompletos. Fuzileiros navais invadiram os navios por botes e helicópteros. Israel disse que "mais de 10" ativistas morreram. A imprensa israelense falou em 19 mortos.

As mortes provocaram protestos nas ruas e a ira do governo turco, que apoiou o comboio. Ancara chamou de volta seu embaixador em Israel e o presidente turco, Abdullah Gul, exigiu a punição dos responsáveis.

A União Europeia pediu uma investigação sobre o episódio e França e Alemanha afirmaram estarem "chocadas". A Organização das Nações Unidas (ONU) condenou a violência contra civis em águas internacionais.

Autoridades israelenses disseram que os fuzileiros navais foram recebidos a tiros e que ativistas carregavam facas quando os militares chegaram aos navios, um deles de bandeira turca.

"Será um grande escândalo, não há dúvidas quanto a isso", disse o ministro do Comércio israelense, Binyamin Ben-Eliezer, à Reuters.

Há três anos Israel impôs um bloqueio à Gaza, região controlada pelo grupo islâmico Hamas.

O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse: "O que Israel cometeu a bordo do Freedom Flotilla foi um massacre", disse. Ele declarou três dias de luto oficial pelos mortos.


Vídeo da Globo

  
O estado militar de Israel continua a sua carreira criminosa de mais de seis décadas de terrorismo de estado e de política de anexação territorial da palestina, espezinhando todos os acordos internacionais e falsas promessas de "Cessar Fogo", contra o país e povo mártir da Palestina, impondo a Lei da Selva, a Lei e a razão da Força Bruta, contra a Lei da Força da Razão. O fim último de Israel, todos o sabem, é anexar o máximo possível de território Palestino, incluindo a faixa de Gaza, para privarem o Povo Palestino de acesso direto ao mar e reduzindo a Palestina a uma colónia de Israel.

Os Governos de Israel, dominados pelos radicais e fundamentalistas, juntam ao criminoso bloqueio de fornecimento de ajuda em bens essensciais ao povo da Palestina, sobretudo ao de Gaza, as suas constantes brutalidades de destruição de estruturas básicas da Faixa de Gaza e do resto da Palestina, como hospitais, escolas, edifícios civis, assassinando milhares de civis, incluindo homens, mulheres, crianças indefesos em seus lares e nas ruas, e até doentes nos hospitais da Faixa de Gaza, sempre com a desculpa de estarem a atacar esconderijos de militantes do Hamas - os resistentes patriotas da palestina, a quem chamam de terroristas, mas que noutras circunstâncias seriam considerados heroicos "Máquis" que lutam pela defesa da integridade de sua pátria., copiando e reeditando, assim, os Israelitas, os mais ferozes métodos que as tropas Nazis de Hitler lhes impuzeram no Gheto de Varsóvia (a faixa de Gaza dos Israelitas) e na perseguição e morte de que foram, então, vítimas  os Judeus, com o fim da sua extinção.

É lamentável e cruelmente dramático que os governos belicistas e usurpadores de território palestino,   continuem a atraiçoar todos os tratados internacionais, anexando ilegitimamente territórios, em nome de um povo como o de Israel que tem uma tão grande história de perseguições e de sofrimento.


Esta política criminosa mostra que os representantes do estado de israel não aprenderam a lição dos valores da democracia, do humanismo e da Liberdade e  que, deste modo, copia os criminosos métodos de seus anteriores algozes, mostrando que não são melhores do que aqueles ques lhes infligiram tão brutais castigos e aproveitem agora  a sua formidável capacidade militar para fazerem aos Palestinos o mesmo que em tempos sofreram dos nazis. 

E a vergonha desta situação continuada impunemente por Israel ao longo de mais de meio século, só tem sido possível com a ajuda armamentista dos EUA que sempre instigou (disfarçadamente) esta situação, ignorando os atropelos ao Direito Internacional e aos Direitos Humanos e mascarando essa estratégia com os falsos apoios às negociações de paz e aos precários tratados de  reconciliação, sucessivamente interrompidos, enquanto Israel vai avançado cada vez mais em território palestino, estabelecendo colonatos e anexando território para além do estabelecido nos Tratados fundadores.

A evidente e cruel verdade é que os EUA quizeram fazer de Israel o seu maior e mais poderoso "Mega Porta-Aviões", para dominarem as riquezas petrolíferas da região e submeterem politica e militarmente os países muçulmanos vizinhos.  E, vergonha ainda maior, é o apoio da NATO (instrumento politico-militar dos EUA) em que se têm deixado enlear  muitas nações europeias da UE, filiadas na NATO, em especial a conivência inglesa. 

Este crime de Terrorismo Internacional, de ataque a uma frota de navios de auxílio humanitário, em águas internacionais, deve merecer uma clara e violenta condenação de Israel, e a ONU não pode deixar de reunir o seu Conselho de Segurança que, apesar de estar sujeito aos anti-democráticos direitos a veto dos EUA e de seus aliados, protetores de Israel, deve mostrar a maior indignação da maioria de seus países membros e apresentar propostas de pesadas sanções internacionais, mesmo que a China, detentora também de direito de veto, venha a juntar o seu  aos dos EUA ou a abster-se, por conveniência de ser o atual maior credor da endividada economia norte americana e de ser a principal detentora dos títulos da sua dívida  pública e das reservas mundiais de Dollars.

A condenação internacional pelas nações livres daquelas alianças sujas, deve fazer-se ouvir por mais este ato de Terrorismo violento de Israel, país que hoje constitui o maior foco de desestabilização  entre o Ocidente e o Médio e Próximo Oriente, e é uma ameaça à Paz Mundial, bem mais grave  do que as hipotéticas ameaças  que são, hipocritamente, atribuídas a alguns dos seus vizinhos, os quais, naturalmente, se sentem também no direito de se armarem para a sua própria defesa contra as ameaças do domínio bélico de Israel, potência militar atómica que é hipocritamente consentida e tem sido nos últimos 60 anos, o estado mais ferozmente usurpador, a par dos EUA, do que qualquer outro estado do mundo.
Sabemos que boa parte do povo de Israel, amante da Paz e dos Direitos Humanos e do Direito a que a Palestina seja respeitada e reconhecida como antiga nação com igual direito a viver na região, no quadro dos Tratados Internacionais que definiram aos dois povos os territórios que deveriam ocupar  para coexistirem em paz e boa vizinhança, também condenam estes atos brutais, ilegítimos e desproporcionados de Israel que, bem o sabememos todos, só contribuem para a eternização dos conflitos e para o acumular de ódios por gerações e gerações. 
A ganância de Israel e as conveniências coniventes dos EUA tem de ter um termo. Israel tem de recuar para as fronteiras internacionalmente reconhecidas pelos Tratados fundadores,  e o os países ocidentais têm a obrigação moral e histórica  de tudo fazerem para que esses Tratados se cumpram, o Estado  Palestino seja rreconhecido e espeitado, sob pena de se continuar a cavar um abismo de ódios e conflitos entre o Ocidente e o Mádio Oriente que ameaçam a Paz Mundial.

Como um colunista israelense escreveu para os seus compatriotas no jornal Ha’aretz, hoje, “Nós não estamos mais defendendo Israel. Nós estamos agora defendendo o bloqueio (a Gaza). O bloqueio por si só está se tornando o Vietnam de Israel.”

Milhares de ativistas pela paz em Israel protestaram contra este ataque e o bloqueio, em manifestações desde Haifa até Tel Aviv e Jerusalém – se unindo a protestos ao redor do mundo, protestando contra os líderes de Israel que mandaram helicópteros armados de tropas pesadas para atacar uma frota de navios em águas internacionais, que levava remédios e ajuda humanitária para Gaza, causando mortes de civis empenhados numa ação humanitária de solidariedade para com o povo bloqueado de Gaza que sofre inadmissíveis carências impostas por Israel.

Juntemos o nosso protesto aqui, neste blog, com os vossos comentários, e elevemos esse protesto às ruas e praças de toda a parte, a todos os meios oferecidos pela internet, seja a voz dos membros do Movimento Pacifista e a favor de um planeta melhor proclamado pelos POETAS DEL MUNDO em 120 países em que estamos representados, seja aderindo às petições de protesto da AVAAZ, a maior organização cívica mundial, via internet -
http://cdn.avaaz.org/po/gaza_flotilla/?vl -  seja promovendo e  divulgando este blog e mobilizando outros blogues para que este protesto cresça,  seja acordando consciências repassando na internet o nosso protesto, de modo a que os decisores de todos os países democráticos do mundo tenham em consideração que não é mais tolerável a política usurpadora e belicista de Israel.

GRITEMOS A NOSSA REVOLTA CONTRA MAIS ESTE CRIME ISRAELITA E ERGAMOS O NOSSO PROTESTO COM AS ARMAS DA PALAVRA - feita texto ou poesia mas fazendo ecoar o nosso Grito de Revolta nos cinco cantos do mundo levada pela Liberdade dos quatro Ventos. - C.M.S.  


CESSAR - FOGO

Suspenso o ferro, o fogo, a faca
Suspensa a fome, na face já fraca
Suspensa a febre da força da fúria
Suspensa a fala do fraco e do forte
Suspenso o facto, faltoso, a falácia

Ainda fica a ameaça que oprime e trespassa
Ainda restam os restos resolutos da trapaça
Ainda sobram as ruínas ruídas pelos ratos
Ainda fumegam os fogos funestos forjados
Ainda se ouvem os sopros sofridos que suspiram
Ainda se soltam os silvos da situação sem saída
Ainda se ouvem os choros chorados da chacina
Ainda se sente o silêncio das sepulturas sem sorte
Ainda subsiste a sede do sangue sangrando sem sentido?

Mas o fim das finalidades funestas da força forçada
Mas o respeito respeitado pela rota da Paz
Mas o regresso às raízes da razão rasurada
Mas o retorno às relações regradas pela razão
Mas a concórdia da convivência conveniente
Mas a sorte das soluções sólidas e seguras
Mas a coexistência coesa dos cidadãos cansados
Mas a vida vivida com versos rimados de amor
Mas o sol solidário e o sopro da luz da Santa Cidade
Não surge a sorrir e a brilhar na lua do horizonte comum

Porque são outros os caminhos cavados por caras ambições
Porque parece mais forte a força dos fortes feita de egoísmos
Porque a força dos fracos só tem a força falida da franca razão
Porque é mais fácil usar a força formidável que força pela forca
Porque o materialismo maldoso marcha matando a mãe natureza
Porque o paradigma principal do progresso é ter património patente  
Porque a ambição do poder podre é o paradoxo do progresso perverso!

Mas porque o princípio primordial é a primazia da paz e o progresso da vida:     

Acreditemos ainda que o Direito dará a sua última palavra
Acreditemos ainda que a Justiça julgará com justa certeza
Acreditemos ainda que a Razão reluzirá como luz legítima
Acreditemos ainda que os homens regressarão à humanidade
Acreditemos ainda na volta da vida vivida com plena harmonia
Acreditemos ainda no valor valorizado em versos de amor solidário
Acreditemos ainda na palavra poética dos poetas e no planeta azul !


Carlos Morais dos Santos
Cônsul em Lisboa do Movimento Internacional “Poetas Del Mundo”

quinta-feira, 20 de maio de 2010

ELISE HAQUIM – QUANDO A ARTE SUBLIMA O SOFRIMENTO










ELISE HAQUIM – A REVELAÇÃO DE UM TALENTO

É com muito gosto que trazemos hoje ao conhecimento dos nossos milhares de leitores um caso muito interessante de talento artístico para a poesia e desenho que floriram de entre a dor e o sofrimento. E trata-se de uma revelação tão inesperada e dolorosa quanto bela, como aquelas maravilhosas flores que resplandecem dos cactos do deserto ou de lagoas interiores de águas fechadas.

















Elise Haquim é pedagoga clínica, em Curitiba, encantadora capital do Estado do Paraná, no sul do Brasil, hoje coordenando o núcleo de educação e psicanálise na Associação Serpiá, atendendo crianças, adolescentes e suas famílias no trabalho com o sofrimento psíquico. Elise foi-nos apresentada e revelada pela nossa cara amiga, a escritora Maria Cristina Hein Lacerda, membro do nosso corpo editorial-redatorial, nossa representante em Curitiba, a quem estamos gratos por este privilégio de publicação de estreia, em exclusivo para esta nossa revista C.A.L. 

A história da descoberta da escrita e dos desenhos-pinturas de Elise Haquim é deveras curiosa e resultou de uma situação de grande angústia e sofrimento. Aconteceu, por acaso, no decurso de uma situação grave de saúde. E foi assim que, do escuro da dor, surgiu e resplandeceu a luminosidade de um talento em que a arte sublimou o sofrimento. 

Mais uma vez a arte salvou ! Neste, como em muitos casos, o espírito humano se eleva pela arte, mesmo nos momentos de trevas, porque na arte, como profunda  manifestação de humanização pela estética que é, se pode encontar o sentido da vida, como revelação ! Toda a criação artística exige sofrimento  e o encontro com a exigência da estética é já um conflito angustiante.

Ouçamos a narrativa dessa revelação pelas palavras da própria poetisa-desenhista Elise Haquim:

“Esses meus escritos e desenhos, surgiram em uma época que tive como diagnóstico, hepatite C, em grau bem adiantado. Precisei me deparar com inúmeros preconceitos e desinvestimentos, restando apenas a realidade da doença. Na época, eu e minha irmã soubemos que estávamos ambas infectadas, mas com diferença no prognóstico: o dela era de vida (grau 1, sem atividade), o meu não era tão bom ( grau 3 para 4, em atividade) e mais alguns agravantes.

Iniciei o tratamento e com isso, a dor e a solidão. Nesse processo fui acompanhada por uma psicanalista que me sugeriu a escrever ou desenhar, o que viesse em minha mente. E foi o que fiz e esse foi o resultado. Primeiro, a dor me calou fundo, não havia palavras possíveis, por isso os desenhos surgiram antes. Depois, no final do tratamento (um ano), vieram as palavras.

No decorrer do tratamento minha irmã sucumbiu a um aneurisma, que resultou em uma vida vegetativa. Esses são os mistérios que a vida conserva e em si reserva: quem tinha um prognóstico de vida, “morreu”, e quem tinha um prognóstico incerto, sobreviveu. Na época, quando comecei a escrever, estava sob os efeitos do medicamento, com pensamentos intermitentes e funcionando numa lógica do inconsciente…”.











Os desenhos de Elise Haquim mostram-nos uma expressão onírica em que se manifesta a transfiguração de realidades simbólicas que habitam o inconsciente da artista. Alguns desses impressionantes mas belos desenhos sugerem-me as criações de duas geniais artistas plásticas portuguesas contemporâneas, de reputação internacional, que se exprimem muito por esses interditos transfigurados, fantásticos e grotescos, como estes desenhos de Elise. 

Refiro-me a Paula Rego (1935…), radicada em Londres (onde, em leilões, quadros seus têm chegado a valores de 800.000 Euros), e a Graça Morais (1948…), radicada em Lisboa (amigas entre si), que também nos transmite nas suas pinturas esse figurativo transfigurado com a força de um simbolismo que brota das profundezas do onírico, por vezes atormentado com angústias trazidas desde a infância de ambas.

Os poemas e os desenhos de Elise Haquim nasceram, como ela própria  disse, em ocasiões diferentes, e a sua fusão é uma escolha posterior da autora que lhes encontra expressões emocionais semelhantes, por isso os junta para que  as vozes (ou gritos) se elevem mais ou, simplesmente, dialoguem entre si.     

É, pois, um privilégio, iniciar hoje a publicação da produção artística de Elise Haquim, porque, estamos certos, a beleza (às vezes perturbadora ou inquietante) da sua poesia e dos seus desenhos, trará aos nossos caros milhares de leitores uma experiência, ao mesmo tempo, de grande beleza estética que esta criadora nos revela. 

Mas Elise Haquim, também nos mostra um exemplo de vida e espírito solidário e fraternal, porque de uma experiência de sofrimento, nasceu também a sua determinação em se consagrar profissionalmente ao apoio e atendimento de crianças, adolescentes e famílias em sofrimento psíquico. 

BEM HAJA, ELISE HAQUIM ! SEJA BEM VINDA AO CULTURAS E AFETOS LUSÓFONOS!

ESPERAMOS CONTINUAR A RECEBER MAIS FLORES BELAS DO SEU JARDIM ARTÍSTICO, SEJAM POEMAS OU DESENHOS OU AMBOS EM FUSÃO DE “POEMAS PLÁSTICOS”!
Carlos Morais dos Santos
Cônsul (Lisboa) M.I. Poetas Del Mundo 

Apreciemos alguns dos poemas e desenhos de Elise Haquim:

RESIGNAÇÃO
 
 
 Este filme que passa
Repassa transpassa
Insiste em se fazer
Presente na gente

Cansaço! Já não consigo
Frear o repasso da vida
Que faço seqüente tento
O rechaço

Me vejo aos panos
Que os danos já
Causaram Reduzir
A pena daquele que
Se despena por ter
Nascido na arena

Trinta anos pagando
A pena sem saber
O porquê de ser
Refém da algema

Que pena não ter
Um programa que
Reduzisse as penas
Daquele que ousou
Em cena ser o protagonista
De um mecenas
 
APARTAR







Felizardo esse Artaud
Que apenas nove anos
Se encerrou

Quanta gente
Dentro da gente
Já faz mais anos
Que se calou

Sonoras palavras
Pronunciadas no ventre
Que traz para si
Ondas de calor
Vindo da boca
Da morte

Ventre livre

Que boca rôta
Na rota da dor
Salário mínimo
Daquele que paga
em vida o amor

Na emergência
Da ausência,
Descontinuidade.

 MANTAS





Não existe
O ter sido
Só o tecer.

Ausência só sente
Quem teve presença.

Sabe-se lá que
Sença na crença
Sente-se em lar?

Alarido esse riso
Triste na desesperança
De ter o riso sorriso
Daquele que ama em cor.

Vânias,
Pifânias,
Ora bolas,
Que tantas
Tânias, Sanias.
 Que pena...
Que gema.


INTERFERON







Vai pela esfera
Prelúdio quem dera
De mera face
Sem lado espera

Fastiado se encontra
Embolado na onda
Da areia surrada
No corpo suado
Prefácio adágio

Cercado se via
Em meio pedágio
Suporte meeiro
Em pé no bonde
Havia presságio

A carta aberta
Se faz presente
No circo armado
Perto da gente

A espera se esmera
Em pôr fim aos anseios
De tamanhos meios
Acalentando o tempo
Sem horas semeio

Cem toras arquitetou
A subida aos céus
Quantos réus há de julgar?

Sugar o que pouco restou
Transfusão na confusão ficou
Meiose acoplou na hematose
Que dose seguinte tomou?

Observa a serva
Que fica na selva
Selvagem em
Turvos declínios.
Suspense
Suspenso
Suspiro
Respiro
Reviro
Sanado
Tarado
Surrado
Enfado
Que saco furado.


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Poema MÃE, por Carlos Morais dos Santos



















MÃE

No teu lindo olhar azul,
Sereno como um lago,
Na beleza do teu rosto,
Na formosura do teu corpo,
Na sabedoria do teu pensar,
No humor espontâneo do teu espírito,
Na tenacidade da tua vontade,
Na suavidade do teu amar,

Eu me revejo, me repouso, a contemplar-te !

Na longínqua lembrança do teu ventre,
Na líquida quentura desse berço imaginado,
Nos cuidados maternais em meus momentos de perigos,
Nos primeiros e renovados passos em que me ajudaste,
Na minha infantil vaidade de gostar de te acompanhar,
Na recordação da magia daquelas noites de Natal,
Nos sabores inesquecíveis que só tu me ofereceste,
Nas lições silenciosas que todos os dias sabias dar,

Eu me realimento, rejuvenesço e revigoro !

E o que vejo, sempre, Mãe ?

É uma linda mulher, sóbria, segura e sábia,
Sorrindo com o mesmo sorriso,
Na mesma face de sempre,
Igual até aos teus 95 anos,
Com que te recolheste, serenamente,
Como sereno foi sempre,

O teu lindo olhar azul !













fotos e poema 
Carlos Morais dos Santos
Cônsul (Lisboa) Poetas Del Mundo