A Biblioteca Nacional do Brasil
assinalou, ontem, 29 de outubro, 200 anos de existência. Considerada pela
Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura - uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo (acervo
superior a 9 milhões de obras), a instituição comemora, também este ano,
o centenário de fundação do prédio em que se encontra actualmente
instalada, no Rio de Janeiro.
O início do itinerário da
Biblioteca está ligado a um dos mais decisivos momentos da história do
país: a transferência de toda a família real e da corte portuguesa para o
Rio de Janeiro, quando da invasão de Portugal pelas forças de Napoleão
Bonaparte, em 1808.
O acervo trazido para o Brasil,
de sessenta mil peças, entre livros, manuscritos, mapas, estampas,
moedas e medalhas, foi inicialmente acomodado numa das salas do Hospital
do Convento da Ordem Terceira do Carmo, na Rua Direita, hoje Rua
Primeiro de Março. Em 29 de outubro de 1810, um decreto do Príncipe
Regente determinou que o lugar acomodasse a Real Biblioteca e
instrumentos de física e matemática. A data de 29 de outubro de 1810 é
considerada oficialmente como a da fundação da Real Biblioteca que, no
entanto, só foi franqueada ao público em 1814.
Quando, em 1821, a Família Real
regressou a Portugal, D. João VI levou de volta parte dos manuscritos
do acervo, mas muitas precioidades bibliográficas ficaram. Depois da
Proclamação da Independência, a aquisição da Biblioteca Real pelo Brasil
foi regulada, mediante a Convenção Adicional ao Tratado de Paz e
Amizade celebrado entre o Brasil e Portugal, em 29 de agosto de 1825.
O prédio actual da FBN teve sua
pedra fundamental lançada em 15 de agosto de 1905 e foi inaugurado cinco
anos depois, em 29 de outubro de 1910. O prédio foi projetado pelo
General Francisco Marcelino de Sousa Aguiar, e a construção foi dirigida
pelos engenheiros Napoleão Muniz Freire e Alberto de Faria. As
instalações do novo edifício correspondiam na época de sua inauguração a
todas as exigências técnicas: pisos de vidro nos armazéns, armações e
estantes de aço com capacidade para 400.000 volumes, amplos salões e
tubos pneumáticos para transporte de livros dos armazéns para os salões
de leitura. Essas instalações são eficientes e são utilizadas até hoje.
Exposição celebrará os 200 anos do acervo e 100 anos do prédio
A Biblioteca Nacional abre ao
público, no dia 3 de novembro, a exposição Biblioteca Nacional 200 Anos:
Uma Defesa do Infinito. Uma fantástica selecção de duzentas peças
originais exibirá algumas das maiores preciosidades e curiosidades sob
guarda da instituição. A curadoria é do escritor Marco Lucchesi.
A exposição exibe a história da
Biblioteca, desde sua viagem para o Brasil, com a Corte Portuguesa, em
1808, até aos dias de hoje, e convida-nos a uma viagem pelo acervo de
livros, manuscritos, periódicos, pinturas, partituras musicais, entre
outras peças .
Em destaque, a Bíblia de Mogúncia (1462), impressa por ex-sócios de Gutemberg, criador da imprensa; um Livro de Horas (livro de orações) da Idade Média, com pinturas a ouro; a primeira edição de Os Lusíadas, de Luís de Camões; A menina do narizinho arrebitado, de 1920, de Monteiro Lobato; peças que integram a Colecção Teresa Cristina Maria, doada à instituição por D. Pedro II; edições de periódicos como a revista Tico Tico e O Pasquim; manuscritos de Clarice Lispector, Raul Pompéia, Castro Alves, Graciliano Ramos e Carlos Drummond de Andrade; a ópera O Guarani (1871), de Carlos Gomes; mapas, entremuitas outras peças do acervo.
No terceiro andar da Biblioteca, uma exposição especial relata a história do edifício, fundado em 1910.
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