Eliane Potiguara, mulher indígena, famosa e prestigiada professora, escritora, poeta e activista cívica, proferirá dia 15 de Novembro, em Lisboa, às 14 horas, no Auditório do piso 0 do ISCSP - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, uma Conferência subordinada ao tema: "Mulher, literatura indígena e a paz".
Eliane Potiguar tem-se notabilizado no Brasil e nos Foruns Internacionais pelo seu activismo a favor da paz e da proteção da amazónia, sua região natal, gozando de um grande respeito pelo seu empenhamento às causas dos Direitos Indígenas, à proteção ambiental do planeta em geral e da região amazônica, em particular. A sua ação de activista que utiliza a intervenção pública e a escrita, tem sido considerada um exemplo de cidadania global, tendo já sido convidada a discursar nas Nações Unidas.
Professora, escritora, poeta, contadora de história,
ativista indígena de origem Potiguara (índios Potiguares), em 2005 foi indicada ao Prêmio Nobel da
Paz, pelo Projeto Mil Mulheres pela Paz. É fundadora do Grumin (Grupo de
Mulheres Indígenas) e Conselheira do Inbrapi (Instituto
Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual) e do Comitê Intertribal.
É Cônsul de Poetas del Mundo.
Lisboa, vai ter, através do ISCSP, a oportunidade de ouvir esta insigne figura internacionalmente reconhecida e respeitada, pelo valor e qualidade do seu trabalho.
A entrada para participar nesta conferência é gratuita, mas aconselha-se a inscrição no ISCSP.
Lembramos, a propósito, a mais recente obra da escritora Eliane Potiguara - "Metade cara, metade máscara", editado pela "Global Editora", onde aborda a questão dos indígenas no Brasil, e cuja capa apresentamos abaixo:
A obra de Eliane Potiguara,
"METADE CARA , METADE MÁSCARA" conta sobre o amor de um
casal indígena que se separou na época da colonização brasileira, causando as
maiores violências e destruições étnicas.Ao viajarem pelos cinco séculos em
busca de um e outro, eles conhecem todas as Américas e suas
histórias. O romance poético fala de amor, relações humanas, paz,
identidade, história de vida, mulher, ancestralidade e família. O livro descreve
os valores contidos pelo poder dominante e, quando resgatados, submergem o self
selvagem, a força espiritual, a intuição, o Criador, o ancestral, o velho, a
velha, o mais profundo sentimento de reencontro de cada um consigo mesmo,
reacendendo e fortalecendo o eu de cada um, contra uma auto-estima imposta pelo
consumismo, imediatismo e exclusões social e racial ao longo dos séculos.
Discorre, também, sobre a luta do movimento indígena, inclusive
internacional e sobre sua imigração por violência à sua cultura e suas consequências;
fala sobre o papel fundamental da mulher indígena no contexto cultural e a sua
real contribuição na sociedade brasileira. Conta as dores dessas mulheres e
seus desejos mais íntimos. Nas histórias mágicas e míticas de Eliane Potiguara,
o destino dos Povos Indígenas é traçado com consciência e auto-determinação,
onde a ética, a força interior, a espiritualidade e valor cultural e
cosmológico se sobrepõem aos vícios neo-colonizadores na construção
do novo homem e da nova mulher, mostrando que os princípios indígenas podem
contribuir para o futuro do Brasil.
METADE CARA, METADE MÁSCARA,
Global Editora, série Visões Indígenas coordenado por Daniel Munduruku
Sobre Eliane Potiguare e para quem gostaria de conhecer mais sobre esta mulher invulgar, apresentamos a sua biografia mais completa:
Eliane Lima Dos Santos (Eliane
Potiguara) é escritora indígena, professora, mãe, avó, 54 anos,
remanescente Potiguara. É Conselheira do Inbrapi, (Instituto Indígena de
Propriedade Intelectual) e Coordenadora da Rede de Escritores Indígenas na
Internet e o Grumin/Rede de Comunicação Indígena.
Eliane foi indicada para o
Projeto internacional Mil Mulheres Para o Prêmio Nobel da Paz.É uma das 52
brasileiras indicadas.
Formada em Letras
(Português-Literatura), licenciada em Educação pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro, participou de vários seminários sobre Direitos Indígenas na Onu,
organizações governamentais e Ongs nacionais e internacionais.
Eliane Potiguara foi nomeada
uma das “Dez Mulheres do Ano de 1988”, pelo Conselho das Mulheres do Brasil,
por ter criado a primeira organização de mulheres indígenas no país: Grumin
(Grupo Mulher-Educação Indígena), e por ter trabalhado pela Educação e
integração da mulher indígena no processo social, político e econômico no país
e por ter trabalhado na elaboração da Constituição Brasileira. Com a bolsa que
conquistou da ASHOKA em 1989 (Empreendedores Sociais) mais seu salário de
professora e o apoio de Betinho/IBASE e os recursos do Programa de Combate ao
Racismo, (o mesmo que apoiava Nelson Mandela), ela pôde prosseguir sua luta,
além de sustentar e cuidar de seus três filhos, hoje adultos.
Em 1990, foi a primeira mulher indígena a conseguir uma PETIÇÃO no 47º.
Congresso dos Índios Norte-Americanos, no Novo México, para ser apresentada às
Nações Unidas. Neste Congresso, havia mais de 1500 índios. Por isso,
participou durante anos, da elaboração da ”Declaração Universal dos Direitos
Indígenas”, na ONU, Genebra, por essa razão recebeu em 96 , o título “Cidadania
Internacional”, concedido pela filosofia Iraniana “Baha´i”, que trabalha pela
implantação da Paz Mundial.
Defensora dos Direitos Humanos, além de vários Encontros, e criadora do
primeiro Jornal Indígena e Boletins conscientizadores e cartilha de
alfabetização indígena no método Paulo Freire com apoio da Unesco, organizou em
Nova Iguaçu/RJ, em 91 outro Encontro inédito e histórico, onde participaram
mais de 200 mulheres indígenas de várias regiões, tendo como convidados
especiais a cantora Baby Consuelo e vários líderes indígenas internacionais.
Organizou vários cursos referentes à Saúde e Diretos reprodutivos das mulheres
indígenas e foi consultora de outros encontros sobre o tema.
Em 1992 foi Co-Fundadora/Pensadora do Comitê Inter-Tribal 500 Anos (kari-oka),
por ocasião da Conferência Mundial da ONU sobre Meio-Ambiente, junto com Marcos
Terena, Idjarruri Karajá e muitos outros líderes do país, além de ter
participado de dezenas de Assembléias indígenas em todo o país.
Discutiu a questão dos Direitos Indígenas em vários fóruns nacionais, e
internacionais, governamentais e não governamentais, diversas diretrizes,
estratégias de ordem político-econômica, inclusive no fórum sobre o Plano
Piloto para a Amazônia, em Luxemburgo/1999.
No final de 1992, por seu
espírito de luta, traduzido em seu livro “A Terra é a Mãe do Índio”, foi
premiada pelo PEN CLUB da Inglaterra, no mesmo momento em que Caco Barcelos
(“Rota 66”) e ela estavam sendo citados na lista dos “Marcados para Morrer”,
anunciados no Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão, para todo o Brasil,
por terem denunciado esquemas duvidosos e violação dos direitos humanos e
indígenas.
Em 1995, na China, no Tribunal das Histórias não contadas e Direitos Humanos
das Mulheres/Conferência da ONU, Eliane Potiguara narrou a história de sua
família que emigrou das terras paraibanas nos anos 20 por ação violenta dos
neo-colonizadores e as consequências físicas e morais desta violência à
dignidade histórica de seu bisavô, avós e descendentes. Contou também o terror
físico, moral e psicológico pelo qual passou ao buscar a verdade, além de
sofrer abuso sexual, violência psicológica e humilhação por ser levada pela
polícia federal, por estar defendendo os povos indígenas, seus parentes, do
racismo e exploração. Seu nome foi jogado na lama nos jornais do Estado da
Paraíba. Tudo isso à frente de suas três crianças na época.
Eliane no último governo do Brasil foi Conselheira da Fundação
Palmares/Minc, é FELLOW da organização internacional ASHOKA, dirigente do
Grumin e membro do Women´s Writes World. Eliane participou de 56 fóruns
internacionais e para mais de 100 nacionais culminando na Conferência Mundial
contra o Racismo na África do Sul, em 2001 e outro fórum sobre Povos Indígenas
em Paris, 2004.
Eliane é do Comitê
Consultivo do "Projeto Mulher 500 anos atrás dos panos" que culminou no
Dicionário Mulheres do Brasil.
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