A Academia Portuguesa da História distinguiu, na passada quarta-feira, dia 13, José Hermano Saraiva, 91 anos, como «grande divulgador» da História de Portugal e elege-o académico de mérito.
«A Academia achou que nesta sua
idade, era bonito, agradável, marcar um momento de confraternização com
um homem que fez muitos portugueses conhecer a História de Portugal»,
explicou a presidente da Academia Portuguesa da História (APH), Manuela Mendonça.
Questionado sobre a homenagem,
José Hermano Saraiva afirmou que não o surpreendeu limitando-se a
afirmar: «Quando se tem a minha idade é o que acontece».
Manuela Mendonça sublinhou que
José Hermano Saraiva «levou com simpatia e palavras de agrado os
portugueses a interessarem-se mais pela sua própria História».
Membro «há muitos anos» da Academia, José Hermano Saraiva receberá o colar académico, após a historiadora Maria do Rosário Themudo Barata usar da palavra.
Natural de Leiria, José Hermano
Saraiva notabilizou-se nas quatro últimas décadas através de programas
televisivos sobre História.
Licenciado em
Histórico-Filosóficas (1941) e em Ciências jurídicas (1942), exerceu
advocacia e foi professor do ensino secundário.
Entre outros cargos públicos que
exerceu antes do 25 de Abril de 1974, como o de director do Instituto
de Assistência aos Menores, foi ministro da Educação entre 1968 e 1970,
qualidade na qual inaugurou a Biblioteca Nacional de Portugal.
Tendo sido substituído por Veiga Simão na pasta da Educação, após a crise académica de 1969, foi designado embaixador de Portugal em Brasília, em 1972.
Foi ainda deputado à Assembleia Nacional e procurador à Câmara Corporativa.
A colaboração com a RTP começou
na década de 1970 com o programa O tempo e a Alma. Foi ainda autor e
apresentador de Histórias que o Tempo Apagou, Horizontes da Memória e A
Alma e a Gente.
Um dos seus livros mais
conhecidos é a História concisa de Portugal já na 25.ª edição, com um
total de cerca de 180 mil exemplares vendidos. Editado pela primeira vez
em 1978, este título foi já traduzido em espanhol, italiano, alemão,
búlgaro e chinês.
José Hermano Saraiva dirigiu também uma outra História de Portugal em seis volumes, editada em 1981 pelas edições Alfa.
Na área da História, José
Hermano Saraiva tem publicados cerca de 20 títulos, entre eles Uma carta
do Infante D. Henrique, O tempo e a Alma, Portugal - Os últimos 100
anos, Vida ignorada de Camões, ou Ditos portugueses dignos de memória.
Na área da jurisprudência editou
sete títulos, nomeadamente A revisão constitucional e a eleição do
Chefe do Estado, Non-self-governing territories and The United Nation
Charter e Apostilha crítica ao projecto do Código Civil, tendo ainda
publicado cinco títulos na área da pedagogia.
José Hermano Saraiva apresentou à
APH várias orações académicas, tendo sido publicadas sete, a mais
recente em 1988, intitulada A crise geral e a Aljubarrota de Froyssar.
Além da APH, José Hermano
Saraiva é também membro das academias das Ciências de Lisboa, de Marinha
e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, tendo sido
distinguido com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, a Grã-Cruz da
Ordem do Mérito do Trabalho, a Comenda da Ordem de N. S. da Conceição de
Vila Viçosa, e a Grã-Cruz da Ordem de Rio Branco (Brasil).
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