A apresentação do livro decorrerá quinta-feira, dia 9, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, às 18:30 horas.
A
obra reúne comunicações ao colóquio realizado em Paris, em que se
'analisam as várias matérias que estiveram na origem da criação do
Estado do Brasil', disse Jorge Couto. A ida da Rainha D. Maria I, do
Príncipe regente D. João, futuro D. João VI, e da Corte levou à criação
de várias iniciativas que 'permitiram a declaração da independência [em
1822], um ano depois da partida do monarca'. 'Durante a permanência da
Corte, foi criado um conjunto de infraestruturas do ponto de vista
institucional, administrativo, político, económico, cultural,
científico e educacional' que possibilitaram ao Brasil ascender à
independência.
Um factor essencial foi a declaração em 1815 da equiparação do reino do Brasil aos reinos de Portugal e Algarves.
A
instituição da Corte no Rio deu à cidade a 'subordinação directa das
outras partes do império, e depois da expulsão do general francês Junot
[de Portugal, em 1808], todas as decisões são submetidas ao Príncipe
Regente no Rio'.
Por outro lado, vincou
Jorge Couto, 'há a importância do Rio como cimento na unidade de Brasil
pois as capitanias brasileiras deixavam de se reportar a Lisboa para
tratar directamente com a capital fluminense'.
'O
Rio torna-se assim a sede da verdadeira América Portuguesa', sublinhou.
Um facto que 'evitou a fragmentação do Brasil, emergindo como capital
irá manter a centralidade política e a cultural até ao século XX',
disse.
O surgimento da imprensa, a
construção do Teatro S. João em traça análoga ao S. Carlos de Lisboa e
com participação do mesmo arquitecto, Costa e Silva, as diferentes
instituições de ensino, o Jardim Botânico e a Real Biblioteca Pública
da Corte, além dos músicos que passaram a residir no Rio, são alguns
dos factores que conferem o protagonismo cultural ao Rio de Janeiro.
Passa
a haver uma grande diversificação da oferta cultural que até então não
tinha existido e que dotou a capital de um conjunto de instituições que
constituem uma rede que influenciava e
atraía as elites do país', referiu.
A
ida da Corte para o Brasil foi 'uma opção estratégica' que tinha sido
já equacionada por frei Vicente do Salvador e pelo padre António Vieira
no século XVII e pelo marquês de Pombal, aquando da guerra dos sete
anos (1756 e 1763).
Uma opção com a
qual Winston Churchill aprendeu quando equacionou a retirada da
administração do Estado, família Real e Parlamento para o domínio do
Canadá aquando da II Grande Guerra (1939-1945), argumentou Couto.
'A
ideia da Corte no exílio não corresponde à realidade e é um
anacronismo. A Família Real e a Corte apenas se transferiram para um
dos domínios ultramarinos da Coroa portuguesa', enfatizou.
A obra, com prefácio de Eduardo Lourenço,
é "útil pois actualiza um conjunto de conhecimentos sobre a temática
brasileira mas também da conjuntura política europeia da época e do
mundo".
Depois de Lisboa, a obra,
editada pela Tribuna da História, será apresentada no dia 13 na
Universidade de S. Paulo, no dia 15 no Real Gabinete Português de
Leitura, no Rio de Janeiro, e no dia 17 no Museu de Arte da Bahia, em
Salvador. Estão ainda previstas apresentações em universidades de Belém
do Pará.
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