Obra da artista contemporânea Adriana Varejão, em Inhotim: marcas da estética portuguesa
Obra da artista contemporânea Adriana Varejão, em Inhotim: marcas da estética portuguesa
Mineira de Ponte Nova, Maria Lúcia, para realizar seu trabalho, além de ter ido várias vezes a Portugal, se valeu também de material encontrado em instituições brasileiras, como o Palácio Imperial em Petrópolis, o Museu Casa de Rui Barbosa, no Rio, e o Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte.
A herança portuguesa no Brasil não se
restringiu somente à língua, à culinária e aos costumes, mas também às
construções, à decoração das casas e seus interiores, como mostra Maria Lúcia Machado,
no livro Interiores no Brasil, a influência portuguesa no espaço
doméstico (Editora Olhares, 140 páginas, R$ 70), que lançado ontem,
no Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte, capital de Minas
Gerais.
Resultado de dissertação de
mestrado defendida em Lisboa, na Escola de Artes Visuais, Design e
Marketing, o trabalho tem como objetivo, segundo a autora, investigar um
tema pouco explorado até hoje, que é a história dos interiores das
casas brasileiras, sobretudo a partir da chegada da família real ao Rio
de Janeiro, em 1808.
Numa linguagem clara, Maria
Lúcia mostra com detalhes como foi que os “interiores no Brasil”
começaram a mudar quando a corte portuguesa, fugindo de Napoleão
Bonaparte, se transferiu para o Brasil. “A chegada da nobreza, a força
de uma nova política e as estratégias económicas adotadas por dom João
VI ao desembarcar no Brasil provocaram o alargamento do grupo da elite
local e de emergentes que, a partir de então, passam a assumir um papel
importante na construção da capital do Império e de uma nova sociedade”,
diz Lúcia.
Se, desde o período colonial,
com um ou outro toque local, as construções brasileiras já seguiam os
modelos em uso na metrópole portuguesas, seja na arquitetura religiosa
ou civil, de 1808 em diante – com ênfase para a chegada da missão
francesa, em 1816 – as coisas começaram a mudar, com a predominância do
estilo neoclássico.
Maria Lúcia Machado – que
atualmente coordena a pós-graduação em design de ambientes e cultura do
Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix –, conta que até o início
do século XX as transformações foram ainda maiores. “O marco do resgate
da arquitetura colonial foi a partir de 1910, com a vinda para o Brasil
do engenheiro português Ricardo Severo, que se estabeleceu em São Paulo, e foi o precursor do estilo neocolonial no país”, diz a professora. O arquiteto Lúcio Costa, anos depois, daria prosseguimento a esse trabalho.
Mineira de Ponte Nova, Maria Lúcia, para realizar seu trabalho, além de ter ido várias vezes a Portugal, se valeu também de material encontrado em instituições brasileiras, como o Palácio Imperial em Petrópolis, o Museu Casa de Rui Barbosa, no Rio, e o Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte.
“Mas
devido à extensão territorial brasileira tive de concentrar o meu
trabalho sobretudo na Região Sudeste, com ênfase para o Rio e São Paulo,
onde a influência portuguesa foi muito forte. No caso de Minas Gerais,
as marcas surgem a partir da atividade aurífera e extrativa das minas,
com a vinda para cá de milhares de portugueses, principalmente do Norte.
A marca deles, ainda hoje, pode ser percebida na arquitetura religiosa e
no casario colonial de nossas cidades históricas, como Ouro Preto,
Mariana, Tiradentes e Diamantina, nas quais ainda podemos ver os
telhados de telha colonial, as venezianas e muxarabis, as varandas e os
revestimentos de azulejos”.
Interiores no Brasil, a influência portuguesa no espaço doméstico, é este o título do livro ontem lançado.
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