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MÚSICA DE FUNDO E AUDIÇÃO DE VÍDEOS E AUDIOS PUBLICADOS

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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Fernando Pessoa em primeira biografia brasileira revela 127 heterónimos


José Paulo Cavalcanti Filho tinha um objetivo quando iniciou a sua biografia de Fernando Pessoa (1888-1935): descobrir quem era o "homem real" por trás do grande poeta português. Após oito anos de pesquisa, o autor e advogado pernambucano acabou deparando-se não com um, mas com 127 "Pessoas".

É esse o número de heterónimos do poeta catalogado pelo livro "Fernando Pessoa: Uma (quase) Autobiografia", que Cavalcanti lançou agora pela editora Record. As múltiplas personas de Pessoa vão muito além de Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos, e superam também o que pensavam os especialistas.

Cavalcanti cita no livro que, no início dos anos 1990, eram conhecidos 72 heterónimos de Pessoa. O livro acrescentou 55. O conceito de heterónimo que adotou é amplo e não se restringe à definição padrão: "nome imaginário que um criador identifica como o autor de suas obras e que apresenta tendências diferentes das desse criador".

Inclui todos os nomes, tendo estilo próprio ou não, com os quais o poeta assinou seus textos. A decisão pode ser contestada, mas a intenção de Cavalcanti nunca foi fazer uma biografia convencional.

As excentricidades já começam pelo subtítulo: "Uma (quase) Autobiografia". O autor refere-se ao trabalho como o "livro que escrevi com meu amigo Pessoa". A "amizade" é das mais antigas. Começou em 1966, quando Cavalcanti leu "Tabacaria", um dos principais poemas do autor.

A partir daí, viria a montar umas das principais coleções sobre vida e obra de Pessoa. O poeta deixou mais de 30 mil páginas com anotações sobre si mesmo, literatura, família e factos quotidianos.

Cavalcanti usou tantos trechos que chega a dizer que seu livro tem "mais frases de Pessoa do que minhas". "Mas não se trata", explica, "de Pessoa falando sobre si, é a palavra de Pessoa falando sobre ele. Ou melhor: é o que quero dizer, mas por palavras dele".

Cavalcanti foi ainda além: para dar unidade estilística ao texto, tentou escrever como Pessoa. Reduziu os adjetivos e adotou outro hábito dele: o uso, em média, de três vírgulas antes de um ponto final.

No prefácio do livro, Cavalcanti também colocou uma data futura: 13/6/2011. Dupla homenagem, já que Pessoa nasceu nesse dia, em 1888.

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