Agostinho da Silva -filósofo, poeta e ensaísta português (Porto, 13 de Fevereiro de 1906 — Lisboa, 3 de Abril de 1994),
Luís Carlos Santos e Maurícia Teles, dois estudiosos do pensamento de Agostinho da Silva, foram os oradores na sessão que assinalou a data de nascimento (13/2/1906) do filósofo, poeta e ensaísta.
“Agostinho da Silva…’Namorando o Amanhã’!” foi o tema apresentado na Casa Amarela -Escola
Aberta Agostinho da Silva, em Alhos Vedros, Portugal, no passado domingo, numa
organização da CACAV. Ambos os oradores convidados falaram da vida e
obra de Agostinho da Silva.
Luís Carlos Santos falou do
percurso biográfico e de algumas das ideias de Agostinho da Silva,
destacando três grandes períodos na vida desta grande figura da cultura
portuguesa: a primeira fase em Portugal (1906-1944); exilado no Brasil (1944-1969); e regresso a Portugal (1969-1994).
Na primeira fase, Agostinho da
Silva doutorou-se em Filologia Clássica, na Faculdade de Letras do
Porto, aos 23 anos. Colabora nas revistas “Águia” e “Seara Nova”,
convivendo com grandes intelectuais da época, nomeadamente, Raul
Brandão, António Sérgio, Fernando Pessoa, e Teixeira de Pascoaes.
Foi expulso do Liceu Nacional de
Aveiro, devido às suas ideias não se enquadrarem no regime do Estado
Novo. Porque se recusa a assinar a chamada Lei Cabral, que o obrigava a
declarar que “não pertencia a nenhuma organização exotérica ou secreta”,
Agostinho não pertencia a nenhuma dessas organizações mas não queria
privar-se de um dia vir a pertencer, por isso e devido a problemas que
teve com a igreja católica, foi preso e acaba por exilar-se no Brasil.
No Brasil fez
uma grande obra, foi professor em diversas universidades, fundou a
Universidade de Santa Catarina, o Centro de Estudos da Bahía, e o Centro
de Estudos Portugueses em Brasília.
Já em Portugal, em 1970,
escreveu o livro “Educação de Portugal”, enunciando um conjunto de
ideias e de princípios, onde afirma que, para ele, ‘Portugal é a Língua
Portuguesa’, que se deve estender por todo o mundo.
Os ensinamentos de Agostinho da Silva
Maurícia Teles lembrou os
“Cadernos de Iniciação”, para a juventude, pequenos opúsculos onde
Agostinha da Silva se debruçava sobre os mais diversos temas, como a
vida das abelhas e de outros animais, biografias, biologia, botânica,
entre outros.
Maurícia Teles conheceu
Agostinho da Silva, a partir do seu livro “Dispersos”, uma compilação de
vários textos, lançado em 1988, começando depois a conviver mais de
perto com ele. Agostinho da Silva era uma pessoa que sempre transmitia
algo de si próprio, estando atento aos outros, e costumava dizer: “o
interessante é estarmos atentos àquilo que a vida nos quiser reservar e
trazer”, isto estava muito na base do pensamento de Agostinho da Silva.
A partir do seu próprio exemplo,
de quando foi expulso do liceu e ficou sem meios de sustentar a
família, afirma que, por vezes há males que são necessários, pois foi
isso que lhe trouxe outros aspectos bastante positivos na sua ida para o
Brasil. “O mal que vemos é aguilhão para o bem que se deseja”, é um dos seus ensinamentos.
Agostinho da Silva, para além
dos assuntos de cariz mais espiritual e filosófico, interessava-se por
assuntos políticos e pela forma como os povos vivem. Muitas das suas
reflexões tinham a ver com aspectos concretos da vida, dizendo ele que
“ninguém poderia ter acesso à cultura se não tivesse as bases
fundamentais para a vida, como a alimentação, a saúde e a habitação.
Agostinho da Silva deixou um
importante legado pedagógico, sempre pela criatividade, pela liberdade e
o estar atento para que não se deformassem as crianças, nem pelo
sistema de ensino nem pela sociedade. Tudo isto integrado no culto
popular do Espírito Santo, festa realizada no reinado de D. Dinis, que
vislumbrava alcançar uma idade de maior fraternidade para a humanidade,
em que tudo era partilhado e a pureza da criança respeitada.
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