Árvore de Natal no centro de Lisboa
Portugal e o Brasil, ambos
países predominantemente católicos, celebram com idêntica intensidade o
Natal, partilhando uma herança cristã comum.
Nos dois países, esta época é
assinalada com a montagem de árvores de Natal e presépios recordando o
nascimento de Cristo. Lá como cá, a festa é pretexto para encontro das
famílias, que se reúnem na noite de 24 para 25 em torno da tradicional
ceia, com pratos tão típicos como as rabanadas, o perú e os bolinhos de
bacalhau...
No Brasil, o Pai Natal ficou
conhecido como Papai Noel, por influência da designação francesa. Mas
também no Brasil, como em Portugal e no resto do mundo, é ele o responsável
pela distribuição dos presentes às crianças, que esperam, ansiosas, pela
chegada da meia-noite para poderem receber as prendas.
Em Portugal, mais do que no
Brasil, o bacalhau está presente na consoada, a ceia que é servida
depois da Missa do Galo.O prato é geralmente cozido com legumes, para
simbolizar a abstinência que se deve preservar na véspera da celebração
do Natal.No entanto, são também bastante populares os doces e os vinhos.
Coro de Natal no Brasil - Gramado
De forte tradição são também as
Rabanadas, os Sonhos, as Filhós, ou as Broas.Outro ingrediente
indispensável de qualquer celebração de Natal são os frutos secos, o que
é natural, uma vez que se colhem no Outono.
Uma diferença entre Portugal e
Brasil está nos doces - enquanto que em Portugal se come o Bolo Rei, que
originalmente se destinava a celebrar o Dia de Reis, a 6 de Janeiro,
data em que se supõe que os Reis Magos teriam chegado a Belém para
oferecer presentes ao menino Jesus, no Brasil a tradição é comer
Panetone, um pão açucarado e com passas ou chocolate, que teve a sua
origem no Norte da Itália.
Mas, pequenas diferenças como
esta à parte, o Natal é celebrado de forma idêntica e com a mesma
intensidade em ambos os países, herdeiros de uma herança cristã comum.
Parabens, poeta Carlos, por esta postagem natalina, tão completa, inclusive com poemas seus,muito lindos a propósito dos vários natais.
ResponderExcluirSer Carlos é uma responsabilidade, não então, por essa razão, mas para te fazer companhia, envio aqui palavras do nosso Carlos (Drummond) que muito refletiu sobre. Recebi de Rubens Jardim, poeta também. Feliz Ano Novo!!!
Lá vai:
Lá vai o texto de Carlos Drummond:
"Alguém observou que cada vez mais o ano se compõe de 10 meses; imperfeitamente embora, o resto é Natal. É possível que, com o tempo, essa divisão se inverta: 10 meses de Natal e 2 meses de ano vulgarmente dito. E não parece absurdo imaginar que, pelo desenvolvimento da linha, e pela melhoria do homem, o ano inteiro se converta em Natal, abolindo-se a era civil, com suas obrigações enfadonhas ou malignas. Será bom.
Então nos amaremos e nos desejaremos felicidades ininterruptamente, de manhã à noite, de uma rua a outra, de continente a continente, de cortina de ferro à cortina de nylon — sem cortinas. Governo e oposição, neutros, super e subdesenvolvidos, marcianos, bichos, plantas entrarão em regime de fraternidade. Os objetos se impregnarão de espírito natalino, e veremos o desenho animado, reino da crueldade, transposto para o reino do amor: a máquina de lavar roupa abraçada ao flamboyant, núpcias da flauta e do ovo, a betoneira com o sagüi ou com o vestido de baile. E o supra-realismo, justificado espiritualmente, será uma chave para o mundo.
Completado o ciclo histórico, os bens serão repartidos por si mesmos entre nossos irmãos, isto é, com todos os viventes e elementos da terra, água, ar e alma. Não haverá mais cartas de cobrança, de descompostura nem de suicídio. O correio só transportará correspondência gentil, de preferência postais de Chagall, em que noivos e burrinhos circulam na atmosfera, pastando flores; toda pintura, inclusive o borrão, estará a serviço do entendimento afetuoso. A crítica de arte se dissolverá jovialmente, a menos que prefira tomar a forma de um sininho cristalino, a badalar sem erudição nem pretensão, celebrando o Advento.
A poesia escrita se identificará com o perfume das moitas antes do amanhecer, despojando-se do uso do som. Para que livros? perguntará um anjo e, sorrindo, mostrará a terra impressa com as tintas do sol e das galáxias, aberta à maneira de um livro.
A música permanecerá a mesma, tal qual Palestrina e Mozart a deixaram; equívocos e divertimentos musicais serão arquivados, sem humilhação para ninguém.
Com economia para os povos desaparecerão suavemente classes armadas e semi-armadas, repartições arrecadadoras, polícia e fiscais de toda espécie. Uma palavra será descoberta no dicionário: paz.
O trabalho deixará de ser imposição para constituir o sentido natural da vida, sob a jurisdição desses incansáveis trabalhadores, que são os lírios do campo. Salário de cada um: a alegria que tiver merecido. Nem juntas de conciliação nem tribunais de justiça, pois tudo estará conciliado na ordem do amor.
Todo mundo se rirá do dinheiro e das arcas que o guardavam, e que passarão a depósito de doces, para visitas. Haverá dois jardins para cada habitante, um exterior, outro interior, comunicando-se por um atalho invisível.
A morte não será procurada nem esquivada, e o homem compreenderá a existência da noite, como já compreendera a da manhã.
O mundo será administrado exclusivamente pelas crianças, e elas farão o que bem entenderem das restantes instituições caducas, a Universidade inclusive.
E será Natal para sempre.
Carlos Drummond de Andrade