Carlos Morais dos Santos
Embora com o atrazo de quase uma semana, devido à acumulação de postagens para publicação e a alguns problemas técnicos de edição com que nos temos confrontado, não podemos deixar de assinalar o evento cultural que a Aliança Francesa de Natal promoveu em homenagem a Dorian Gray Caldas, evento em que tivémos o prazer de participar.
No Auditório Patrick Herpin, da Aliança Francesa de Natal, RN - Brasil, a Directoria desta Instituição cultural decidiu prestar uma expressiva homenagem ao grande artista plástico - desenhista, escultor, gravador, ceramista, tapeceiro, pintor - poeta, escritor, ensaísta, pensador, Dorian Gray.
Tendo recebido ao longo deste ano de 2010 diversas homenagens públicas de várias instituições culturais do Estado do Rio Grande do Norte, esta homenagem da Aliança Francesa de Natal, encerra, assim, as celebrações dos 80 anos de idade e 60 de carreira - vida e obra - do notabilíssimo Doriam Gray Caldas, uma das mais notáveis figuras potiguares e brasileiras. Tivémos o privilégio de estar presentes em mais esta homenagem a este nosso querido amigo pessoal, que muito admiramos e a quem nos ligam laços de grande afeto.
O programa desta celebração da Aliança Francesa de Natal, contou a participação artística do músico-cantor-poeta-compositor Galvão Filho, também pintor, que musicou poemas de Dorian Gray, seguindo-se palestras sobre a obra e o artista pelos escritores Nelson Patriota, Manuel Onofre Junior, Gilêude Peixoto e pela pintora Dione Caldas, filha do homenageado.
Seguiram-se várias intervenções com testemunhos de grande apreço por vários poetas, artistas e escritores presentes, tendo alguns recitado poesias de Dorian Gray, como o atôr Rodrigo Bico, as poetisas Deth Haak, Auzé Freitas e o poeta Adriano Caldas - outro filho do homenageado, que dedicou a seu pai magnífico poema.
Ao se aproximar o encerramento deste ano de 2010 e as várias homenagens e celebrações que em várias cidades foram dedicadas a esta grande figura da cultura do estado do Rio Grande do Norte e do Brasil, ocorre-me reproduzir, aqui e agora, parte do texto que dediquei a este grande artista e inteletual, Dorian Gray Caldas - que tenho o privilégio e o benefício de ter como meu amigo querido - no dia da celebração dos seus 80 anos de vida, em 16 de Fevereiro de 2010, quando, de Lisboa, publiquei neste nosso Blogue um Tributo de Homenagem em sua honra. Reproduzo, então, parte desse meu texto:
TRIBUTO DE HOMENAGEM
A UM GRANDE ARTISTA LUSÓFONO
DORIAN GRAY CALDAS
De Natal, RN, Brasil
..."Há o hábito de pensar que se exageram sempre as virtudes dos amigos virtuosos quando a eles nos referimos, mas neste caso, para quem conhece a pessoa, sua vida e obra, podemos garantir que todas as referências que se lhe façam só podem pecar por falta e não por excesso. Dorian Gray Caldas é daquelas personalidades que quanto mais se conhecem mais se admira e considera e sempre nos está surpreendendo com novas descobertas de suas virtudes. Mas, apresentemos, ainda que muito em síntese, o nosso Amigo que homenageamos hoje.
...Muito do que escrevo neste momento, em minha casa de Lisboa, na madrugada do seu aniversário, ao correr do meu pensamento, transmitido simultaneamente para as teclas do meu computador, e no que tange a referências sobre as suas características humanas e sobre os seus méritos e suas inclinações e referências culturais, resulta das gostosas, gratificantes e longas conversas com que nos “banqueteamos”, à boa maneira do banquete de Platão, na maior parte das vezes, a três, com o comum amigo Enélio Lima Petrovich, uma figura que é, também, uma instituição cultural do Rio Grande do Norte - ilustre escritor, historiador e nosso Presidente do IHG-RN - Instituto Histórico Geográfico do Rio Grande do Norte, de que somos Membros, e em que ele, Dorian Gray, foi meu patrono. Eram almoços-banquetes bem platónicos, em que Dorian Gray - como Sócrates no banquete de Platão, este ali representado po Enélio Petrovich - me iluminavam radiosamente.
Antes de almoçarmos, e depois, sempre ficamos à conversa, eu mais ouvindo e bebendo da fonte que, com doce bonomia, sempre vai fluindo, naturalmente, sem pressas. São momentos de enorme prazer, gratificantes, indeléveis, riquíssimos, esses nossos almoços ou aqueles mais raros momentos no gabinete da Presidência do IHG do querido amigo Enélio Petrovich, ou no atelier de Dorian Gray, ou em sua casa, ou em minha casa de Ponta Negra.
Dorian Gray Caldas e Dione Caldas na Casa "Vila Verde", em Ponta Negra, de Carlos M.
Santos e Selma Calasans Rodrigues, com amigos.
DORIAN GRAY CALDAS nasceu em Natal (RN) a 16 de Fevereiro do ano de 1930. Este Grande Artista Potiguar de dimensão nacional e internacional é, sem dúvida, um dos maiores artistas plásticos do Brasil. Dorian Gray é um artista multidisciplinar, multifacetado, com intenso labor em muitos talentos. É autor de mais de 10.000 obras plásticas espalhadas pelo Brasil e estrangeiro, em posse de entidades privadas e públicas, e está representado em instituições governamentais e museus e, como escritor, ensaísta e poeta, é autor de mais de 30 obras já publicadas. Os seus famosos tapetes, como algumas pinturas, estão na Casa Branca, no Canadá, em outros países da Europa, em coleções privadas de bancos e personalidades do Brasil e de outros países.
Possuidor de uma sólida e vasta cultura geral, de inteligência viva, jovem e profunda, tem uma visão do mundo que, simultaneamente, o leva a refletir no que o rodeia e no que é transitório ou universal e permanente, no que é histórico, presente e futuro. É um notável pensador, que eu designaria aqui como GLOCAL, utilizando um neologismo pós-moderno, considerando que Dorian Gray Caldas reflete sobre as realidades passadas e presentes da sua terra, da sua cidade, do seu Rio Grande do Norte, do Nordeste brasileiro, do seu país e do mundo, ou seja, é um pensador global e local.
A sua capacidade de investigador e pensador ensaísta, de leitor compulsivo que lê e relê com frequência as obras da sua vasta biblioteca, remete-o para as ecléticas releituras – que gosta comentar e debater - não só dos clássicos gregos, como da poesia dos grandes poetas épicos como Dante e Homero, como Camões (na obra épica e lírica), como dos simbolistas Verlaine, Rimbaud, Bocage, ou como Walt Whitman, Fernando Pessoa e seus heterónimos, Guimarães Rosa, Machado de Assis, Câmara Cascudo (uma das suas referências com quem privou) Pablo Neruda, Manuel Bandeira, Carlos Drumond de Andrade, Herberto Helder, assim como, generosamente, se abre à leitura dos jovens criadores da sua terra e a outros que, em muitos casos, carinhosamente apoia, prefaciando, às vezes, obras de estreia de novos autores que a ele se acolhem.
É Membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, da Academia de Letras e Artes do RN, do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, do Conselho Estadual de Cultura, além de outras Instituições.
Dorian Gray Caldas foi agraciado, em 2008, com o título de Doutor Honoris Causa, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em reconhecimento ao alto mérito de sua vida e obra e à sua contribuição e estímulo para os novos formandos e criadores de artes plásticas. Atualmente existem várias pinturas do artista no acervo da UFRN, assim como em diversas instituições governamentais e Autárquicas.
Na juventude foi jornalista e professor do Atheneu Norte-Rio-Grandense (1938/1959). Nos anos 60 foi Assessor da Secretaria de Educação e Cultura e da Fundação José Augusto e Diretor do Teatro Alberto Maranhão, instituições públicas. Em 1989, lançou o primeiro dos seus livros, dois dos quais publicados pela Editora Universitária: Artes Plásticas do Rio Grande do Norte` (1989) e Encantados (1995).
Os turistas brasileiros e estrangeiros que chegam a Natal, deparam-se logo com um magnífico e enorme painel em cerâmica, obra belíssima da sua autoria, como primeiro ex-libris da cidade de Natal a dar as Boas Vindas a quem chega. No que respeita a obras expostas em espaços exteriores, em Natal, destaco talvez a mais famosa – que tive o gosto de fotografar e expor na minha primeira exposição em Natal - e que é essa comovente “mensagem plástica” plena de humanismo, dedicado às mães do povo, em grande painel de cerâmica, na Praça das Mães, localizada no centro da cidade.
Bem cedo, com 20 anos, o espírito inovador de Dorian Gray Caldas levou-o a sacudir o ambiente e a estética artística da sua época, em Natal e, com alguns poucos artistas seus companheiros, organizou a primeira exposição de Arte Moderna em Natal, em 1950, onde, então, exibia pintura abstrata sob a influência da estética de pintores vanguardistas famosos como eram Kandinsky, Paul Klee e Mondrian.
Dorian Gray é um criador livre, eclético, inspirado pelas “Lendas e Mitos do Brasil” (sub-título de ENCANTADOS (um dos seus belíssimos livros ilustrados que tenho o gosto de possuir, ofertado com carinhosa dedicatória de 1995) que ama o maravilhoso do fantástico e que o levou a distinguir-se num estilo, em que “O Traço, A Cor e o Mito” (outro título de uma de suas obras, que também nos ofertou com dedicatória amiga de 1995), são a sua marca distintiva.
Como pintor, é um encantado pelo mar, de onde nos transmite tons e cores que só ele é capaz de “roubar à natureza”, tons de uma beleza delicada e forte, que transmitem a eternidade da luz e das sombras, das sugestões de brisas que baloiçam barcos, palmeiras, adormecem praias e areias. São belíssimas as suas marinhas. Mas o pintor também não esquece as gentes, os autóctenes e as suas lutas pela liberdade, os pescadores, as mães e filhos, o povo, a realidade da sua terra Potiguar, sobretudo do litoral a que se sente teluricamente ligado.
A sua criatividade nas várias modalidades artísticas em que se expressa, é imensa, mas não maior que a sua generosidade perante a vida e as pessoas, os afetos, porque seu coração é enorme. Nas nossas longas e sempre tão gostosas como, para mim, tão gratificantes conversas sobre o mundo, passado e presente, sua visão de futuro mais humanizado, a vida, a arte, a literatura, a poesia, já lhe afirmei que ainda não estou certo se ele é maior como poeta e pensador, ou como artista plástico. Dorian Gray é, verdadeiramente, um artista completo, um sábio pensador humanista, dotado de uma personalidade eminente, fascinante, envolvente e adorável.
Dorian Gray é, certamente, um poeta que pinta, desenha, esculpe, tece, escreve e pensa. Para mim e para muitos, é uma das maiores figuras vivas da cultura do Rio Grande do Norte e um brilhante intelectual e artista ímpar do Brasil. Um caso raro nos dias de hoje de alguém que é, simultaneamente, portador dos valores Éticos, Estéticos e Poéticos do Renascimento, do Iluminismo, do Modernismo e do Pós Modernismo. Um “Renascentista Pós-Moderno”, do século XXI Um Homo Humanitas Universalis !
Carlos Morais dos Santos
Cônsul Poetas Del Mundo
Escritor, ensaísta, poeta, fotógrafo
Fotos de Carlos Morais dos Santos
Escritores Nelson Patriota, Manuel Onofre Junior,
presidente da Aliança Francesa Gilêude Peixoto, Dorian Gray e pintora Dione Caldas
Músico-Cantor-Autor Galvão Filho cantando poema de Dorian Gray por si musicado
Poeta Adriano Caldas (filho de Dorian Gray Caldas), dedicando seu belo
poema a seu pai, Dorian Gray Caldas
Pintora Dione Caldas (filha de Dorian Gray Caldas), dando seu depoimento sobre
a vida e obra de seu pai e suas lembranças de menina do papai
Poetisa Deth Haak recitando poema de Dorian Gray
Poetisa Auzhé Freitas dedicando poema a Dorian Gray
Atôr Rodrigo Bico dedicando poema a Dorian Gray Caldas
Poetisa Auzhé Freitas dedicando poema a Dorian Gray
Atôr Rodrigo Bico dedicando poema a Dorian Gray Caldas
Deth Haak e Dorian Gray Caldas
Dois amigos: Dorian Gray Caldas e Carlos Morais dos Santos.
Dione Caldas, Dorian Gray, Carlos Morais e esposa Selma Rodrigues
Fotos de Carlos Morais dos Santos
Fotos: Canindé Soares
No Auditório Patrick Herpin, gente que faz a cultura potiguar foi conferir sarau
Aliança Francesa destacou obra do grande artista potiguar
Dorian Gray recebeu flores pelos seus 80 anos
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