Do nosso caro amigo, poeta Damaso Barros, apraz-nos voltar a publicar hoje nais 3 poema seus, inéditos, que reconfirmam a pureza refinada da sua poética de grande sensibilidade lírica que sempre nos seduz e emociona. Culturas e Afectos Lusófonos, agradece a distinção de publicar estes três poemas inéditos de Dâmaso Barros e espera que em breve o poeta traga à luz mais um livro com a sua bela poesia. Felicitações poeta !
Poeta Damaso Barros
Sufoco
O grito
A revolta
O silêncio explosivo
As entranhas
Rasgadas.
Sem respirar
O vazio incha.
O ar apodrecido
Assume o efeito de praga
Sem resistência
Torna o território
Pestilento
Só com máscara é possível
Marcar presença.
Só com máscara
É possível
Este vegetar
De gente feliz
A naufragar.
O plástico brilha
No sorriso a café
O sabor amargo
Disfarça o gosto que não tem
Não te iludas amigo
O ambiente está queimado
Resta a cinza cheirando a borra
E as mãos vazias
Pedindo esmola
De olhos vendados
Tapando a face
Para não cegar.
Um abrigo
Pois então
Os teus braços soltos
O corpo preso
Sem alma nem memória
Nada resta de ontem
Ou antes
Quem sabe se esse sinal
Que pareces transmitir
Em morse codificado
É apenas um aviso
Lançado no espaço
Sem retorno
Nem eco
Apenas partícula
De física abstracta
Que nem um Proust da matéria
Consegue descodificar
O teu alfa e beto.
Damaso Barros
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