Estreamos hoje a colaboração da poetisa Isabel Pecegueiro com o belo poema - Afeganistão - muito comovente na
dureza da mensagem cívica de humanismo que grita, com uma lírica muito
depurada e um forte ritmo marcado, dramático, como protesto musical que denuncia a guerra, o sangue, as mutilações e mortes.
É um canto-marcha, grito pela paz, que ecoa vibrante, que nos atravessa e compromete e procura alcançar, desesperado, um Deus impotente e mudo, cujo Amor parece ter morrido no coração dos homens que fazem as guerras.
De Isabel Pecegueiro esperamos contar com a continuidade da sua colaboração, sempre que lhe sobrar alguma disponibilidade e, assim, revelaremos aos muitos milhares de nossos fieis leitores do universo lusófono, espalhados por todos os cantos do mundo, a beleza da criação literária desta autora, que nos há-de presentear com a sua intensa e muito sensível lírica e, também certamente, com alguns textos temáticos.
Isabel Pecegueiro, portuguesa, é professora em Lisboa do ensino pré-universitário (12º ano) na área das literaturas em que é formada e especializada. Amante e estudiosa de Fernando Pessoa, tem dado um particular destaque na sua docência à obra do grande génio da literatura lusófona.
C.M.S.
Isabel Pecegueiro
Afeganistão
No Afeganistão
Há fogo no ar
Há morte no chão
Afegão.
Choram as crianças
Escondem-se os chacais
E do céu cai fogo
Mais e mais.
No Afeganistão
salta uma criança
Um braço, uma mão
E a mãe que fica
Já sem isso tudo
Não nos pode olhar
Seu olhar é mudo.
Azul sua roupa
Como está vestida!
Sem rosto, sem braço, sem filho
sem vida.
E, no Afeganistão,
Sem qualquer razão
A morte acampou
E seus longos braços
Sem qualquer razão
No mundo espalhou.
Deus a tudo assiste
com nomes diversos.
Vai cerrando os olhos
Nos campos adversos
Aos filhos que Ele
Também vê morrer
E Ele, que é Deus,
Que pode fazer?
Isabel Pecegueiro
De: Silvino Potencio
ResponderExcluirOs meus cumprimentos à Ilustre Isabel Pecegueiro e faço votos de sucesso nos seus projetos literários presentes e futuros, sempre engrandecedores da perenização da Cultura Luz & Tana (aforisma pessoal da minha autoria)
Aproveito para deixar o meu Abraço ao Dilecto Amigo Carlos Santos e nos veremos em breve para recordar Lisboa a Princesa do Tejo...
Silvino Potencio
Emigrante Transmontano em Natal (Brasil)
www.silvinopotencio.net
Bonito e sentido poema. Ritmo e sensibilidade, de maos dadas.
ResponderExcluirFiquei sem palavras. Arrasador, tal qual os factos.
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