Engenho de açúcar - Fonte:www.infoescola.combrasil-coloniaengenho-de-acucar
Uma descoberta arqueológica em São Vicente, no Estado de São Paulo, está ajudando a elucidar um período pouco documentado da história brasileira: o início do ciclo da cana-de-açúcar no país, que começou com os engenhos do litoral paulista. Escavações nas ruínas do Porto das Naus descobriram dois tanques de caldo de cana e mais de 400 fragmentos de peças usadas no engenho de Jerónimo Leitão, construído em 1580 na área próxima ao primeiro trapiche alfandegado do Brasil.
"Esses tanques eram utilizados
para fazer melado e torrões de açúcar, que eram levados para Portugal.
Acreditamos que tenham entre seis e dez deles nessa área", explica o
arqueólogo Manoel Mateus Gonzalez, que comemora a descoberta das duas estruturas circulares feitas com grandes pedras, com raios de 2,2 metros e de 1,5 metro.
Entre as peças encontradas,
Gonzalez destaca os fragmentos de "formas de pão de açúcar" - peças de
cerâmica com pequeno orifício na extremidade, onde o melado era colocado
depois de cozido para passar por decantação. Delas saíam torrões de
açúcar para então serem levados à "casa de purgar", onde eram limpos,
purificados, divididos e classificados segundo a qualidade.
Relatos históricos contam que o engenho de açúcar de Jerónimo Leitão funcionou junto à área do Porto das Naus de 1580 até pelo menos 1615, quando corsários comandados pelo pirata holandês Joris Van Spilbergen
incendiaram a Vila de São Vicente. Antes do engenho, o Porto das Naus
consistia num atracadouro de madeiras em estacas, que foi instalado
oficialmente por Martim Afonso de Sousa em 1532, mas que desde 1510 já era utilizado por António Rodrigues e João Ramalho, o "Bacharel de Cananeia".
As escavações no Porto das Naus
começaram em maio do ano passado e os tanques são a primeira grande
descoberta do projeto, realizado pelo Centro Regional de Pesquisas
Arqueológicas (Cerpa) em parceria com a Prefeitura de São Vicente.
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