A REVOLUÇÃO DOS CRAVOS
Revolução dos Cravos é o nome dado à
revolução que derrubou, sem derramamento de sangue e sem grande resistência das
forças leais ao governo, o regime ditatorial herdado de Oliveira Salazar e aos
acontecimentos históricos, políticos e sociais que se lhe seguiram, até à
aprovação da, Constituição Portuguesa em Abril de 1976.
O Cravo vermelho
tornou-se o símbolo da Revolução de 25 de Abril de 1974. Logo ao amanhecer o
povo começou a juntar-se nas ruas, juntamente com os soldados revoltosos,
liderados pelos jovens capitães. Entretanto, uma florista, que levava cravos
para um hotel, terá dado um cravo a um soldado, que o colocou no cano da
espingarda. Outros o imitaram, enfiando cravos vermelhos nos canos das suas
armas.
É consensual ter
trazido essa Revolução do “25 de Abril”, conduzida por esses jovens ficiais, a Liberdade
ao povo português, oprimido durante décadas. Por isso, se denomina “Dia da
Liberdade” o feriado nacional instituído em Portugal para comemorar
todos os anos a revolução iniciada no dia 25 de Abril de 1974.
Quase todos reconhecem que, de algumas formas, “o 25 de Abril” representou um grande salto no desenvolvimento politico-social e na modernização do país. Mas as pessoas mais idealistas, à esquerda do espectro político, tendem a pensar que o espírito inicial da revolução se perdeu,
Não obstante
Portugal ser hoje um país bastante moderno e com infra-estruras e áreas de actividade muito avançadas (estradas, saúde, educação, comunicações, investigação científica e tecnológica, internacionalização da economia), mas tendo em conta que ainda
subsiste um grande desnível entre os indicadores económicos e sociais de
Portugal e os dos países mais desenvolvidos da Comunidade Europeia, Portugal
continua, como antes, nos tempos da ditadura, no fim da escala europeia.
O facto de haver
ainda cerca de 20% da população em situação de pobreza e, agora, em
consequência da crise mundial, mais de 10% de desempregados, com baixos apoios
da Segurança Social, serve de base aos que muito esperavam da reconquista da
democracia pela Revolução de Abril de 1974 e da posterior integração de Portugal na Comunidade Europeia, para reclamarem que o espírito e os
ideais de Abril -"Cravos da Esperança" - não chegou com equidade a todos os
portugueses, em especial aos das camadas pobres da população e aos
trabalhadores que ainda auferem salários, em geral, muito abaixo das médias europeias, para
funções correspondentes, enquanto gestores de topo de grandes empresas e instituições públicas ou participadas pelo estado, colocados aí como comissários políticos dos partidos que dominam o poder, e em muitos casos sem curriculos profissionais justificativos, auferem escandalosas remunerações de milhões de Euros anuais, muito acima das médias internacionais.
Os poetas, os
músicos, os artistas plásticos, os escritores, muitos intelectuais, cientistas,
professores, sindicalistas e sindicatos e o povo trabalhador, têm sido aqueles que, usando as suas artes e
os seus meios, têm constituído o clamor de descontentamento que reclama mais
justiça social, melhor e mais justa distribuição de riqueza, denunciando as
indiferenças e incompetências, os descasos, a ganância de privilegiados e a
corrupção, em grande parte, responsáveis pelos gritantes desníveis sociais, que
ainda subsistem num país com grande percentagem de salários mínimos que são cerca de metade da média dos países da Comunidade
Europeia, de onde Portugal tem recebido volumosos recursos financeiros para
promover a coesão social e se nivelar pela média Europeia.
Por isso eu clamo,
grito, lamento, luto e reclamo em meus poemas, textos, palestras e
intervenções cívicas, para ter de volta os “Cravos da Esperança da Revolução de
Abril”, que resgatem os meus concidadãos esquecidos da justiça social, para que,
um dia, o meu “Sossego Intranquilo” cante
poemas de exaltação plena de Portugal, e as gaivotas do meu Tejo, sejam as boas
mensageiras dos Cravos Resgatados para enfeitarem um Abril Renovado.
GAIVOTA DE ABRIL
À Luz do sol da manhã,
Ave do Tejo me saudaste
Em sois de fogo vermelho
pássaro aberto, tu vibraste
Num dia de sol amarelo,
Gaivota livre, tu sonhaste
Prisioneira d`armadilhas, sofrida,
De asas quebradas, tu choraste
Em voos de esperança perdida
Fénix branco, de novo voaste
E num olímpico voo de coragem,
Corpo arfando, os mares cruzaste
E no espelho do Tejo a tua imagem
em alvorada de Abril, reencontraste
um cravo vermelho na tua plumagem,
E em tarde de novo sol, te enfeitaste !
Asas abertas, rasgando o norte,
Foi tua viagem um voo brilhante !
Meu pássaro belo, generoso e forte,
Foste uma gaivota de voo triunfante !
Oh Gaivota do Tejo, alada e branca Liberdade
que visitas minhas janelas à beira do rio amante
Ouço teus ais gritando com o Tejo a triste
saudade
Do Abril dos Cravos naufragados num mar distanteUMA GAIVOTA, VOAVA, VOAVA…
Olá, li os blogs todos dos links de tia Lula (Lúcia Helena).
ResponderExcluirSeu blog, dr. Carlos, é muito cheio de beleza e cultura. O mesmo enfatizo da minha tia amada.
Abraços por este 25 de abril. O poema de minha tia e os seus merecem aplausos e todas as emoções.
Voilá mon coeur et mon amour por ma tante et ma simpatie por vous, Dr. Carlos.
Sandra
Marseille / FVrança