DEMOCRACIA E LIBERDADE
Diz-se que a democracia
É o regime da Liberdade !
É sempre assim, será verdade ?
Diz-se
que quem governa
São do povo representantes.
É o povo quem mais ordena !
Diz-se que sempre o povo
Tem na mão a sua arma,
Invensível, que não desarma:
É o voto da mudança
É o acto da correcção
Do rumo da governação
Que se sensura em liberdade !
É sempre assim, será verdade ?
Diz-se que em democracia
Direitos Humanos são para valer.
Liberdade, Igualdade, Solidariedade
São o norte da política,
São bandeira para erguer
E os desfavorecidos da sorte
Têm toda a proteção
Do nascimento até à morte !
Habitação, saúde e educação,
São Direitos de Constituição.
A razão a justiça e a verdade
São uma Lei de Igualdade !
É sempre assim, Será verdade ?
Há quase
três séculos que se construiu
Esse Templo da Utopia
Da Cidade que seria a Ideal !
E será que ao tempo resistiu
Esse farol que a todos guia
Para um um Mundo Fraternal ?
Dizem que a democracia
é o triumfo da Verdade !
É sempre assim, será verdade ?
É que
eu ando preocupado
A observar o que nos rodeia
E estou a ficar revoltado
Com tanta coisa que se falseia !
Vejo muita contradição
Em tudo o que está errado.
Vejo “um manicómio em acção
Muito mal frequentado”
!
Vivemos nas democracias
uma tal competição
Que até simples alegrias
São motivo de paixão !
Vejo nestas democracias
Tantas formas de exclusão,
Que lembram algumas tiranias
Da República de Platão,
Que avisavam que as demagogias
Eram um perigo uma traição
E nisso tinham razão !
Mas expulsavam minorias
De poetas, de artistas, em perseguição
Temendo que dar asas às fantasias
Fazem pensamentos em ebulição !
E hoje em dia, como estão as democracias ?
Estão já plenas de bondade ?
É sempre assim, será verdade ?
É o
povo quem mais ordena ?
Ou a tirania de quem governa ?
Os eleitos para servirem o bem comum
Corrompem-se sem pudor algum !
Enriquecem com desonestidades
E atropelam as liberdades !
Manipulam as opiniões
Para enganarem corações
Com promessas nunca cumpridas
Sobre justas aspirações
Adiadas ou esquecidas !
Decidem contra a Justiça,
o Direito e a Razão
e com todo o despudor
servem-se da governação !
Mas, então a democracia
Não é o regime da Liberdade ?
Não é a melhor via
Para a Justiça e Solidariedade ?
É sempre assim, será verdade ?
Que
dizer das democracias
Que ao povo não dão razão ?
E usam de demagogias
Para “fabricarem” opinião !
E deturpam as democracias
Para justificarem a traição
De em vez da Paz fazerem a guerra
Para alimentarem a louca ambição
Dos poderosos da Terra,
Sem amor e compaixão
Pelo povo de que se servem
Como “carne para canhão”,
Matando civis inocentes
Homens, crianças e
mulheres em gestação,
Semeando o ódio e a raiva
Sem a mínima piedade,
Enriquecendo alguns poucos,
Empobrecendo a humanidade,
E sem legítima justificação
Destroem tanta cidade
Que “os operários em construção”
Ergueram em séculos de idade !
E tudo porque exploram a Terra
Com uma economia de guerra,
Depradando o Planeta – Aldeia
Como famintos lobos em alcateia !
Mas então a democracia
Não é um modelo de Solidariedade ?
Não é a mais humana via
Para o progresso em Liberdade ?
Não é a grande utopia
Para uma melhor Humanidade ?
É sempre assim, será verdade ?
É que
tenho a interrogação
Que me angustia o coração:
Se a democracia é ciência
Como explicar tanta demência ?
Se a democracia é amor
Como explicar tanta dôr ?
Se a democracia é civilização
Como explicar tanta exclusão ?
É a democracia o reino da Liberdade,
Da Igualdade e da Solidariedade ?
É sempre assim, será
verdade ?
Fotos e Poema de
Carlos Morais dos Santos
Cônsul (Lisboa) Poetas Del Mundo
In
Sossego Intranquilo,Hugin,2003
Nenhum comentário:
Postar um comentário