Com
a devida vénia, transcrevemos aqui - com algumas adaptações - nota
publicada hoje no Blogue do jornalista brasileiro Ricardo Noblat,
inserida na rubrica Obra-Prima do Dia (Semana das Grandes Bibliotecas):
Dom
João V fez voto de construir um convento, que cumpriu em 1711, ao
mandar erguer, na Vila de Mafra, o convento dedicado a Nossa Senhora e
a Santo António, para ser entregue à Ordem dos Frades Arrábidos.
Conhecido
como o Palácio Nacional de Mafra, a sua construção, com excepção da
bela pedra branca de Lioz, típica de Portugal, foi quase toda feita com
material importado de diferentes países: Itália, Holanda, França,
Brasil...
Todo
o palácio é belíssimo. Chamam a atenção a Basílica e seu carrilhão com
um total de 92 sinos que pesam mais de 200 toneladas e são considerados
os maiores e melhores do mundo; as dependências para abrigar os
doentes, sobretudo os que sofriam de doenças mentais; as escadarias; a
proporção dos ambientes; e o lavrado das pedras, realmente primoroso.
Mas
o maior tesouro de Mafra é sua Biblioteca que, juntamente com a da
Universidade de Coimbra, representam o que de mais belo há nesse tipo
de arquitectura em Portugal.
As
prateleiras, em madeira brasileira, medem, ao todo, 83 metros de
extensão. Entalhadas em estilo rococó, as estantes abrigam mais de 40
mil obras; entre elas vemos verdadeiras raridades bibliográficas, como
incunábulos. Todas encadernadas em couro marroquino gravado a ouro, são
prova viva de que as bibliotecas antigas são literalmente verdadeiros
guarda- jóias.
A sala imensa, com 88 m de
comprimento, 9,5m de largura e 13m de altura, recebe iluminação natural
que até hoje impressiona pela perfeição com que a luz do dia é
aproveitada, invadindo o salão e iluminando o piso principal e a
galeria, através de enormes janelas muito belas e funcionais.
A
biblioteca tem planta em cruz; na parte mais a sul, ficam os livros
religiosos. No centro, encontramos os livros sobre os quais a
inquisição tinha reservas, que vão da filosofia à anatomia, e entre
eles uma relíquia: o manuscrito do “Auto da Barca do Inferno”, de Gil
Vicente. Na parte norte da cruz, perto da entrada, estão os livros de
arquitectura, direito, medicina e música. Há manuscritos religiosos
ainda em pergaminho e uma primeira edição de “Os Lusíadas”, de 1572.
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