25 de Abril de 1974 -
Revolução dos Cravos
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PESSOAS
SEM ABRIL
Já a minha débil pessoa declinando
vai
Mas com Pessoa hei-de permanecer
Até ao último sopro, meu derradeiro
Ai
Respirarei Pessoa até me desvanecer
Ele me eleva como pessoa, é meu
alimento
Dele, como e bebo palavras, essência
do SER
Com ele aprendi a sublimar o
sofrimento
Que a mediocridade arrogante pode
fazer
De meus devaneios, sonhos e vãs
esperanças
Do meu acreditar nos
homens e sua redenção
Ficaram das decepções amargas
lembranças
Por que faliu o humanismo e o
triunfo da razão
E se mais Pessoas houvera nele em
Pessoa
Para falar de coisas belas e de
justos ideais
Mesmo agora que seu génio e estro
mais ecoa
Há mais pessoas a se nutrirem de
pecados venais
A minha pessoa não se corrompe de indiferença
Enquanto me alimento de Pessoa e bebo
da poesia
de Torga, de Natália, de Sofia, e
sinto a presença
De Camões, de Régio e de Almada, terei
a energia
Se minha pessoa declina, se desvanece
e sofre à toa
Porque se esgota a minha esperança, mas
não o ideal
De vir a ser verdade a Pátria de
Camões e de Pessoa
E de finalmente ser cumprido esse desejado
Portugal
Oh meus 38 anos de ditadura mas de viva
esperança
Pesam-me agora 36 de medíocre e
injusta democracia
Que o adágio que diz que quem espera
sempre alcança
Morre na garganta do povo pobre que
não viu o Novo Dia
Oh, sub-alimentados do
espírito clamava Natália, infeliz
A poesia é para se
comer, regada a bom vinho cultural
Pergunto ao Vento que
passa, notícias do meu país,
Canta Alegre. Não se cumpriu Abril
nem ainda Portugal
Mas onde está essa pátria amada
feita de Fraternidade
Onde a liberdade e a democracia seja
mais que formal
Onde o pão da boca e do espírito
alimente com equidade
E não empanturre de indigestão os
vampiros de Portugal
Oh sedentos de poder, sem SER, gananciosos
de capital
Ouçam os poetas e a maioria
silenciosa que sofre carências
Oh gananciosos corruptos que desvirtuaram
o Abril Ideal
Bebam mais de Pessoa e de outros. Políticos
de indecências
Oh pessoazinhas arrogantes, da baixa
política trapaceira
Oh pessoas pequeninas, medíocres,
egoístas, sem ideal
Oh profissionais dos partidos de
estar na vida matreira
Oh estadistas que só trabalham pró
vosso poder pessoal
Ocupem-se a cumprir Portugal como
reclamava Pessoa
Portugal não é pobrezinho, vocês é
que são pequenotes
Dos Grandes é que reza a história e de
vocês de alma vazia
ficará o clamor do povo, a voz da
pátria magoada que ecoa
Portugal seria bem rico se
governassem sem tantos desnortes
Acreditem, senhores, nos poetas
patriotas e nas lições de poesia
Pois vossos erros, desgovernos,
ganâncias e egoísmos fortes
Serão as pequenezas e vilezas que lembraremos
sem nostalgia.
O 25 d`Abril fez-se não para vós mas
para o povo de más sortes
A quem ainda não chegaram os cravos
de Abril, a flor da alegria
Poema
Carlos Morais dos Santos
Cônsul (Lisboa)M.I.Poetas Del Mundo
Fotos e vídeo (Google e YouTube)
Cumpriu-se o Mar, e o
Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
Fernando Pessoa,
poema O Infante,
Do livro Mensagem
POEMA DE MANUEL ALEGRE
Mas grande é a vossa glória ó
meus amigos
Grande é a glória de quem ousa
Tocar nas vacas sagradas.
Poderão levantar-se os ventos do
Noto
Poderão levar-vos as ondas
tresmalhadas
Mas grande é a vossa glória ó
meus amigos
Grande é a glória de quem ousa
As coisas nunca ousadas.
Poderão levantar-se as fúrias do
mar
Podereis perecer.
Mas grande é a glória de quem
ousa
Desobedecer
Manuel Alegre in “Um Barco para
Ítaca”
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