Crónica de Laurinda Alves (parte)
"...Baptizado como Adriano Gonçalves, o cantor foi toda a
vida chamado pelo seu petit-nom, ou o "nominho", como dizem os
cabo-verdianos com alegria e voz cantada. Na realidade, o seu
"nominho" é universalmente conhecido e não há um africano no mundo
inteiro, dentro ou fora do seu continente, que não tenha dançado ao som das
mornas de Bana. Mais, não há no mundo um único cabo-verdIano que não se comova
com a sua voz, que não chore ou "vá a correr chorar para o ombro de
alguém" quando o ouve cantar Lua Nha Testemunha, a última composição do
lendário B. Leza, músico que Bana canta, celebra e perpetua como ninguém.
Celina Pereira, poetisa de Cabo Verde, ri e assume esta necessidade de correr para o ombro de alguém sempre que ouve a voz de Bana e depois fala com naturalidade da eterna saudade que os cabo-verdianos sentem da sua terra. A diáspora está espalhada pelo mundo inteiro e Bana acompanha os seus onde quer que eles estejam, sejam eles quem forem e façam eles o que fizerem. Enche-lhes a alma e aquece-lhes o coração com aquela sua voz calorosa, quente, apaixonante.
Bana é um homem muito grande, desmedidamente alto, que caminha devagar e nunca se atrapalha. Na saúde ou na doença sempre teve um ritmo próprio e um balanço muito seu. Um swing musical envolvente que prende e transporta para um mundo à parte. Quando ele começa a cantar, todos se calam e tudo fica certo.
Bana tem mãos grandes que seguram as nossas e nos enchem de confiança e também tem uns pés enormes que lhe dão graça e provocam admiração pelo tamanho mas, acima de tudo, por conhecerem a terra que pisam. O mundo à sua volta pode tremer ou desabar que Bana permanece sempre de pé, inteiro, lúcido e tranquilo. Este seu tamanho físico corresponde a um talento musical sem medida, a uma estatura intelectual invulgar e a uma elevação moral que fazem dele um homem muito completo. E muito bom.
A tudo isto Bana acrescenta uma voz incomparável que transforma os corações e converte as almas. A alma com que canta as suas mornas e a voz que empresta aos antigos e novos compositores é uma alma consagrada e daí a sua inspiração. Como se a sua voz também fosse uma voz redentora, que une o que anda disperso pelo mundo e salva o que parece perdido.
Bana gravou mais de quarenta discos, foi e é o mais fiel intérprete do célebre e saudoso B. Leza com quem aprendeu a cantar. Conquistou Cabo Verde com Nha Terra e Pensamento e Segredo e converteu-se rapidamente numa lenda viva. Dentro e fora das ilhas, Bana está para as mornas e para a música cabo-verdiana como a Amália para o fado e o Eusébio para o futebol. Pela sua mão chegaram a Portugal e ao mundo músicos e cantores como Tito Paris, Paulino Vieira e Leonel Almeida, entre tantos outros talentos reconhecidos.
Figura imponente, Bana comove plateias inteiras quando canta Maria Barbara e as suas mornas inconfundíveis. Celina Pereira diz que ele é "o fio condutor entre sucessivas gerações de músicos cabo-verdianos" e todos reconhecem o dom. Não apenas o dom musical, mas a propriedade com que canta a saudade e o talento com que enraíza no mundo esta cultura sem igual que é a cultura de Cabo Verde.
E é por tudo e tanto que fez e continua a fazer, mesmo estando deitado numa cama de hospital, que apetece celebrar o homem e o músico, esperando que toda a sua força e fé o ajudem a melhorar para poder voltar rapidamente a cantar."
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Celina Pereira, poetisa de Cabo Verde, ri e assume esta necessidade de correr para o ombro de alguém sempre que ouve a voz de Bana e depois fala com naturalidade da eterna saudade que os cabo-verdianos sentem da sua terra. A diáspora está espalhada pelo mundo inteiro e Bana acompanha os seus onde quer que eles estejam, sejam eles quem forem e façam eles o que fizerem. Enche-lhes a alma e aquece-lhes o coração com aquela sua voz calorosa, quente, apaixonante.
Bana é um homem muito grande, desmedidamente alto, que caminha devagar e nunca se atrapalha. Na saúde ou na doença sempre teve um ritmo próprio e um balanço muito seu. Um swing musical envolvente que prende e transporta para um mundo à parte. Quando ele começa a cantar, todos se calam e tudo fica certo.
Bana tem mãos grandes que seguram as nossas e nos enchem de confiança e também tem uns pés enormes que lhe dão graça e provocam admiração pelo tamanho mas, acima de tudo, por conhecerem a terra que pisam. O mundo à sua volta pode tremer ou desabar que Bana permanece sempre de pé, inteiro, lúcido e tranquilo. Este seu tamanho físico corresponde a um talento musical sem medida, a uma estatura intelectual invulgar e a uma elevação moral que fazem dele um homem muito completo. E muito bom.
A tudo isto Bana acrescenta uma voz incomparável que transforma os corações e converte as almas. A alma com que canta as suas mornas e a voz que empresta aos antigos e novos compositores é uma alma consagrada e daí a sua inspiração. Como se a sua voz também fosse uma voz redentora, que une o que anda disperso pelo mundo e salva o que parece perdido.
Bana gravou mais de quarenta discos, foi e é o mais fiel intérprete do célebre e saudoso B. Leza com quem aprendeu a cantar. Conquistou Cabo Verde com Nha Terra e Pensamento e Segredo e converteu-se rapidamente numa lenda viva. Dentro e fora das ilhas, Bana está para as mornas e para a música cabo-verdiana como a Amália para o fado e o Eusébio para o futebol. Pela sua mão chegaram a Portugal e ao mundo músicos e cantores como Tito Paris, Paulino Vieira e Leonel Almeida, entre tantos outros talentos reconhecidos.
Figura imponente, Bana comove plateias inteiras quando canta Maria Barbara e as suas mornas inconfundíveis. Celina Pereira diz que ele é "o fio condutor entre sucessivas gerações de músicos cabo-verdianos" e todos reconhecem o dom. Não apenas o dom musical, mas a propriedade com que canta a saudade e o talento com que enraíza no mundo esta cultura sem igual que é a cultura de Cabo Verde.
E é por tudo e tanto que fez e continua a fazer, mesmo estando deitado numa cama de hospital, que apetece celebrar o homem e o músico, esperando que toda a sua força e fé o ajudem a melhorar para poder voltar rapidamente a cantar."
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BANA A LENDA VIVA DA MÚSICA CABO VERDIANA RECEBE JUSTA HOMENAGEM, NO BELO TEATRO MUNICIPAL SÃO LUIZ DE LISBOA
IMAGENS DE UMA NOITE INESQUECÍVEL!
Aconteceu na passada sexta-feira, dia 11 de Junho, no Teatro São Luiz,
em Lisboa. Organizado
por Miguel Anacoreta Correia, o grande espectáculo
de homenagem a Bana, a lenda
vida da música cabo-verdiana, proporcionou
momentos únicos, para uma sala
lotada.
Aqui
ficam alguns desses momentos.
As fotos são de Xan.
Bino Barros e a sua banda abriram o espectáculo. Vindos de Espanha,
trouxeram
juventude, irreverência e novos sons da diáspora.
A primeira grande emoção: Luz Maria, a filha mais nova do homenageado, estreou-se neste espectáculo. Quando Bana, de surpresa, entrou para completar o dueto e apadrinhar esta passagem de testemunho, a sala quase vinha abaixo de emoção.
A
apresentação esteve a cargo de uma emocionada Laurinda Alves, aqui com
Leonel
Almeida que, além de actuar, contou a primeira estória da noite.
Rita Lobo, sempre elegante e de voz quente.
Dany Silva, outro amigo de longa data, que fez uma passagem relâmpago
pelo São Luiz,
já que, com tantos artistas e músicos neste espectáculo,
alguém tinha que
assegurar a música na Casa da Morna, como todas as noites.
Mayra Andrade veio propositadamente de França, aqui num
momento emocionado do seu
dueto com Bana.
O
grande Morgadinho, vindo expressamente de Cabo Verde,
aqui ainda em ensaios.
Eneida Nelly e Gonçalo Moita trouxeram 3 momentos de texto e poesia,
como que fazendo
o enquadramento da homenagem.
Os sempre espectaculares Alma de Coimbra, além de abrirem a segunda
parte
com 4 temas do seu repertório, convidaram Bana para um Sodade 'honoris
causa'.
Celina Pereira, além das músicas programadas, surpreendeu Bana
com o tema que este sempre lhe pede para cantar, desde os tempos
do Eden Parque: Avé Maria
do Morro.
Tito Paris fez questão de aparecer, de surpresa, já próximo do final do espectáculo.
Luis
Fortes veio da Holanda para actuar e homenagear o seu amigo. Aqui,
num momento de amizade que deliciou a plateia, com D. Aquilina, esposa
de Bana,
e o também recuperado Armando Tito, que subiu ao palco para
acompanhar os temas
finais da actuação de Bana.
No final, com todos em palco, Leonel Almeida e Luis Fortes entregaram a
Bana um
troféu, em nome dos músicos cabo-verdianos da diáspora, enquanto
Princezito
entregou uma lembrança trazida dos músicos de São Vicente.
BANA
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