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Boas Vindas a esta comunidade de Culturas e Afetos Lusofonos que já abraça 76 países

MÚSICA DE FUNDO E AUDIÇÃO DE VÍDEOS E AUDIOS PUBLICADOS

NÓS TEMOS TODO O EMPENHO EM MANTER SEMPRE MÚSICA DE FUNDO MUITO SELECIONADA, SUAVE, AGRADÁVEL, MELODIOSA, QUE OUVIDA DIRETAMENTE DO SEU COMPUTADOR QUANDO ABRE UMA POSTAGEM OU OUVIDA ATRAVÉS DE ALTI-FALANTES OU AUSCULTADORES, LHE PROPORCIONA UMA EXPERIÊNCIA MUITO AGRADÁVEL E RELAXANTE QUANDO FAZ A LEITURA DAS NOSSAS PUBLICAÇÕES.

TODAVIA, SEMPRE QUE NAS NOSSAS POSTAGENS ESTIVEREM INCLUÍDOS AUDIOS E VÍDEOS FALADOS E/OU MUSICADOS, RECOMENDAMOS QUE DESLIGUE A MÚSICA AMBIENTE CLICANDO EM CIMA DO BOTÃO DE PARAGEM DA JANELA "MÚSICA - ESPÍRITO DA ARTE", QUE SE ENCONTRA DO LADO DIREITO, LOGO POR BAIXO DA PRIMEIRA CAIXA COM O MAPA DOS PAISES DOS NOSSOS LEITORES AO REDOR DO MUNDO.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

TERESA RITA LOPES - TRIBUTO DE HOMENAGEM

CICLO DE TRIBUTO AOS POETAS LUSÓFONOS

TRIBUTO DE HOMENAGEM A 

TERESA RITA LOPES

É para mim um gratíssimo prazer e uma emoção, trazer hoje à Galeria do nosso Ciclo de Tributo de homenagem aos poetas Lusófonos, o nome e a obra  de  Teresa Rita Lopes. Por várias razões: Em primeiro lugar, por se tratar de uma das mais brilhantes académicas dedicadas à literatura portuguesa; em segundo lugar, por ser a maior especialista portuguesa de Fernando Pessoa; em terceiro lugar, por ser uma autora notável com vasta obra literária nos campos da poesia, do ensaio, do teatro, obra consagrada em Portugal e em outros países onde se têm feito traduções de suas produções e, ainda e também, pelos justos e merecidos prémios que já lhe foram atribuídos.
Mas há também a emoção que tenho em prestar esta singela mas justa e sincera homenagem, através deste nosso Blogue-Revista Cultural, por se tratar de uma pessoa a que nos ligam antigos laços de amizade.

Por isso, podemos também afirmar que a "Cultura e os Afetos" são "Nós e Laços" que nos unem, numa amizade que nos faz recordar os bons momentos passados em Portugal, no Brasil, em sua casa de Almada, em nossa casa de Algés, ou em São Paulo e no Rio de Janeiro, ou os bons momentos que eu e Selma vivemos em Paris, por ocasião do "Bicentenaire" da Revolução Francesa, intalados, a seu convite, em sua casa de Paris - Ville Juif.

De Teresa Rita Lopes se pode afirmar que os Deuses foram muito generosos com a sua pessoa. A juntar à sua vivacidade e brilhante inteligência e grande cultura, temos os há muito reconhecidos talentos em vários campos já citados, onde a sua obra é extensa, rica e de grande mérito. E como se isso, que já é muito, não bastasse, os Deuses ainda a dotaram de uma personalidade marcante, que não deixa ninguém indiferente, com um carisma intrínseco que não faz concessões, grande sentido de humor, senhora de uma beleza e sedução natural, que até nos olhos lindos e na voz de timbres musicais raros, se manifesta. Dir-se-ia  que os Deuses lhe deram tudo isso para evidenciar a coerência entre a sua beleza interior e exterior.


Biografia
Nasceu em Faro. Viveu 13 anos em Paris onde foi professora na Sorbonne e defendeu a tese de doutoramento "Fernando Pessoa et le drame symboliste – héritage et création". É professora catedrática na Universidade Nova de Lisboa. 

Teresa Rita Lopes é um dos maiores especialistas contemporâneos em Fernando Pessoa, dedicando-se também a outros autores como Miguel Torga, tendo centrado o seu trabalho académico na obra deste poeta e dedicando-se especialmente à divulgação da parte inédita da sua obra. 
Dirige um grupo de investigadores que produziu várias obras, nomeadamente um guia de Lisboa, escrito por Pessoa, com traduções em várias línguas (espanhol, francês, italiano e duas em alemão).
Das obras produzidas individualmente em português destaca-se Pessoa por conhecer (2 volumes, mais de 400 inéditos) e uma edição crítica: Álvaro de Campos – Livro de Versos (mais de 80 poemas inéditos).

Organizou várias exposições sobre Fernando Pessoa, em Espanha (inauguração em Madrid, itinerante por toda a Espanha), no Brasil (inaugurada em S. Paulo, depois itinerante) e em França (Paris, Centre Pompidou – Beaubourg). 

Tem-se dedicado à obra de Miguel Torga, sobre a qual tem vários ensaios. Tem além disso colaborado regularmente em várias publicações literárias portuguesas e estrangeiras, quer no domínio do ensaio, quer da poesia.

Dedica-se à poesia, tendo três livros publicados e, regularmente, a teatro. 
Tem peças publicadas e representadas em Portugal e no estrangeiro: França, Bélgica, Itália, Roménia, Alemanha. A sua peça Se Mentes (Wenn du lügst – Samen) foi escolhida para representar Portugal no Festival de Autores de Teatro na Bonner Biennale 94 – e posteriormente representada em Munique e em Roma.

















Obra
Ensaio
Fernando Pessoa et le drame symboliste - héritage et création. Paris: C.C. Português da Fundação Gulbenkian, 1977; 2ª ed. 1985.
Pessoa por Conhecer I. Lisboa: Estampa, 1991.
Miguel Torga - Ofícios a "Um Deus de Terra". Porto: Asa, 1993.
Edição de textos de Pessoa
Álvaro de Campos, Vida e obras do Engenheiro. Lisboa: Estampa, 1990; 2ª ed. 1992.
Pessoa por Conhecer II. Lisboa: Estampa, 1990
A Hora do Diabo. Lisboa: Rolim, 1988.
O Privilégio dos Caminhos. Lisboa: Rolim, 1988.
Pessoa Inédito. (Org.) Lisboa: Livros Horizonte, 1993.
Álvaro de Campos: Livro de Versos. (edição crítica). Lisboa: Estampa, 1ª e 2ª ed.,1993; 3ª ed.
Os Melhores Poemas de Fernando Pessoa (prefácio e selecção). S. Paulo: Global, 1986; 7ª ed. 1995.
Álvaro de Campos: Notas para a recordação do meu mestre Caeiro. Lisboa: Estampa, 1997.
Poesia
Os Dedos, os Dias, as Palavras. Porto: Figueirinhas, 1987.
Por Assim Dizer. Lisboa: De Viva Voz, 1994.
Cicatriz. Lisboa: Presença, 1996.
Teatro
"Três Fósforos" in Teatro 62. Lisboa: Guimarães Editores, 1962.
Sopinhas de Mel. Lisboa: Moraes Editores, 1980.
Teatro I . Lisboa: De Viva Voz, 1994.

Traduções
Francês
Fernando Pessoa: le théâtre de l'être. Paris: La Différence, 1985; 2ª ed. 1990.
L'Heure du Diable. Paris: José Corti, 1990.
Le Privilège des Chemins. Paris: José Corti, 1991.
Notes en souvenirs de mon maître Caeiro. Paris: Fischerbacher, 1997. 
Italiano
L'Ora del Diavolo. Roma: Biblioteca del Vascello, 1992.

Citações sobre a obra
Ensaio

Una radioscopia minuziosissima e straordinaria di tutti i Pessoa (anche dei flatus vocis, anche degli embrioni, anche degli ignoti), il migliore atlante cosmografico della galassia Pessoa, qualcosa che sembra il resoconto di una Comédie Humaine fantascientifica, è l'opera di Teresa Rita Lopes, F.P. et le Drame Symboliste. Héritage et création.

Antonio Tabucchi
Quaderni Portoghesi, nº 2, 1978
El nombre de la profesora, poeta y ensayista Teresa Rita Lopes es una referencia obligada en cualquier bibliografía mínima sobre Fernando Pessoa: su obra Fernando Pessoa et le drame symboliste: héritage et création es hoy un trabajo clásico de la investigación pessoana.

Perfecto E. Cuadrado
El Pais, 8/3/91
Le théâtre de l'être propose une 'mise en scène' bilingue des poèmes de sept heteronymes.

Patrick Théveneau
L'Express, 2/5/85
"Ce que je suis essentiellement (…) c'est un dramaturge" disait encore Pessoa. Teresa Rita Lopes lui donne raison, qui, en assemblant dans son admirable Théâtre de l'être l'essentiel de l'ouvre du poète, effectue une confrontation entre Pessoa et ses hétéronymes, qui vaut la plus subtile des éxègeses.

Hector Bianciotti
Le Nouvel Observateur, 11/6/85
Teresa Rita Lopes donne de son génie une representation de textes confrontés et "mis en situation": il prouve que toute une lumière n'est pas faite sans Pessoa et qu'un hétéronyme peut en cacher un'autre, plus petit.

Alain Bosquet
Magazine Littéraire, Juillet/Aôut, 1985
Ce beau et gros ouvrage indique un des itinéraires possibles et le lecteur français s'y perdra avec surprise et bonheur.

Pierre Rivas
La Quinzaine Littéraire, 31/5/85
E cabe-nos felicitar a autora de Fernando Pessoa et le Drame Symboliste pela fundura da análise, riqueza dos seus pontos de vista e
a singularidade da sua visão do problema.

João Gaspar Simões
Diário de Notícias, 6/7/78

Poesia

O poema está completo, porque ele é, acima de tudo, a tentativa de reduzir o absurdo ao espaço das sensações. Teresa Rita Lopes é uma boa candidata à celebridade, posto que foi envergando uma folha branca para dar bom dia ao dia. E já está pronta para resplandecer, como é seu tempo agora.

Agustina Bessa-Luís
Primeiro de Janeiro, 11/11/87
Há na poesia de Teresa Rita [publicada em 1987 sob o título Os Dedos, Os Dias as Palavras] uma constante réplica ao quotidiano e essa réplica é uma afirmação de liberdade contra todos os entraves que impedem a adesão ontológica do ser a si mesmo.

António Ramos Rosa
in A Parede Azul
Tudo muda em Os Dedos os Dias as Palavras Tudo muda porque tudo nasce, renasce, renova. Ou tudo se inventa e reinventa, descobre-se ou se redescobre. Trata-se de um nascimento fundador (…) O que dá origem, alimento e abrigo. Um útero. E uma mãe.

Maria Lúcia Lepecki
Diário de Notícias, 5/6/88
Ao escrever sobre Cicatriz, parto de uma reacção emocionada, a de quem se sente atingido por uma meditação constituída por uma espécie de viagem (…) São versos que podemos recitar: dizem o que não sabemos dizer, tocam-nos com a evidência do que há a dizer.

Silvina Rodrigues Lopes
Público, 25/5/96
É o que Teresa Rita Lopes faz neste seu livro. Convoca o tempo original. Fá-lo através dos sons, dos cheiros, dos sítios e das imagens da infância. Mas também através dos ditos e das conversas. O poema procura a fala primordial. Pronuncia as palavras mágicas do paraíso perdido.

Manuel Alegre
(na apresentação de Cicatriz, Março 1995)

Teatro

"Se Mentes" (was mi "Wenn du lügst", aber auch mit "Samen übersetzt werden kann) heit die überrragende Aufführung des "Teatro o Bando aus Lissabon, in der ein junges Mädchen mit ihrem älteren alter ego über Liebe, Sexualität, Ideale und Sensüchte ring und streitet und eifersüchtelt.
"Die Personen dieses Stückes sind auf die Dynamik ihrer Sensüchte reduziert", schreibt die Fernendo-Pessoa-Spezialistin Teresa Rita Lopes über ihren so poetischen wie surrealen Text.

Matthias Pees
Süddeutsche Zeitung, 21/6/94
Teresa Rita Lopes hat mit "Se Mentes" (Wenn du Lügst) ein poetisches Traumspiel verfat, dessen Sprache an Lorca erinnert und zuweilen die Grenze des Schwülstigen streift.

Eva Pfister
Neue Zeit, 29/6/94
Teresa Rita apareceu, fulgurantemente, nos finais da década de 50 e princípios da de 60. Era o tempo da efémera tentativa do Teatro de Novos para Novos (…) Para todos, as frustrações e os desgastes provocados pela Censura. Teresa Rita terá sido nessa época (…) particularmente cilindrada pela circunstância… donde ser agora muito gratificante o verificar-se que, apesar de tudo, não ficou destruída para o Teatro (…)

Fernando Midões
Diário Popular, 26/01/83
  
Prémios

Prémio de Poesia da Câmara Municipal de Lisboa, 1987 (Os Dedos, os Dias, as Palavras)
Grande Prémio de Ensaio Unicer/Letras & Letras, 1993 (Miguel Torga - Ofícios a "Um Deus da Terra")
Prémio de Ensaio Pen Club, 1990 (Pessoa por Conhecer) 
Prémio Eça de Queirós de Poesia, 1997 (Cicatriz)

 POEMA DE TEREZA RITA LOPES


POEMA DE NATAL

No Natal lembramo-nos das pessoas de quem regularmente
nos esquecemos durante todo o ano
                                                          e enviamos cartões
de Boas Festas
                         agora sob a forma de rápidos e-mail’s
(alguns até tocam música)
                                          e de sucintos SMS
em abreviaturas.
                           O Pai Natal chega com bastante antecedência
para montar o negócio com tempo.
                                                        Espalhadas por todo o lado
ei-las as suas veneradas figurações como alpinista
                                                                                a escalar
os prédios agarrado a uma corda.
                                                     Ou será como bombeiro?
Ou talvez como assaltante!
                                            Estaria mais de acordo com a crise
e com a paisagem urbana.
                                          Confesso a minha saloia saudade
dos presépios da infância em que recriava o mundo
                                                                                  apesar
dos gritantes anacronismos: até punha comboios e carrinhos
de brincar a correr para o Menino Jesus!
                                                                 Mas que prazer
e que poder inventar montanhas com pedaços de cortiça 
lagos com espelhos
                                e povoar esse pequeno mundo com casinhas
e moinhos e ovelhas e pastores e patos e até lavadeiras!
Se eu não tivesse armado e amado em menina os meus presépios
seria hoje outra pessoa
                                 na minha relação com a casa e com o mundo.                                                   
Pena que já não seja o Menino Jesus a dar as prendas natalícias
por que já não espero!
                                   Os meus sapatos cresceram demais
para os pôr na chaminé
                                     que aliás já não tenho (um exaustor
metálico faz as vezes de).
                                         Dantes aí púnhamos o sapatinho
na Noite de Natal com o coração a pular
                                                                 mas tínhamos
que esperar pelos presentes a noite inteira porque só na manhã
seguinte os podíamos ir buscar.
                                                   Era sobretudo a espera que
os tornava preciosos.
                                  Agora é tudo dito e feito
                                                                           não há tempo
para esperar:
                       o Pai Natal avia toda a gente
                                                                      pequenos e grandes
na Noite de Natal
                             (alguns desconfiam que as suas prendas vieram
do Chinês da esquina e arrependem-se das que deram).
                                                                                   Mas a verdade
verdadinha é que continuamos todos a gostar do Natal
                                                                                       talvez
porque no fundo do ser ainda esperamos por essa prenda que não
sabemos quem nos prometeu
                                               e ainda nos não deu. 

FAZER DA DOR SUBTERRÂNEA

Fazer da dor
subterrânea
uma flor
desperta

fazer do choro
represo
uma ave
liberta
Ah! poder
lançar
no ar
este negro
fogo
preso

In A Fímbria da Fala 
Editora Ausência, 2002



TERESA RITA LOPES - VÍDEOS
Imagina que descalcei o sapato e agora não o consigo enfiar
De Teresa Rita Lopes


COVERSA COM TERESA RITA LOPES E BATISTA BASTOS


De Teresa Rita Lopes

COVERSA COM TERESA RITA LOPES E BATISTA BASTOS


Carlos Morais dos Santos
Cônsul (Lisboa) do M.I.Poetas Del Mundo

2 comentários:

  1. Gostei muito da homenagem. A beleza é um componente que atravessa todos os escritos desta artista. Um senso estético que beira a perfeição associado a uma inteligência brilhante.
    Cláudia.

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  2. De Acordo com comentário anterior. Trata-se de uma escritora ensaísta, dramaturga e poeta de grande sensibilidade que partindo de conteúdos sempre muito simples nos oferece uma grande complexidade das coisas humanas com sentido estético profundo.

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