A Esfera dos Livros vai editar o novo livro de Manuel Arouca, "Exilados", uma obra que retrata a história "dos muitos portugueses que se viram obrigados a abandonar Portugal, com destino ao Brasil, depois de verem nacionalizados os seus negócios, as suas contas bancárias congeladas e as suas casas ocupadas com a Revolução dos Cravos".
"Exilados", de Manuel Arouca - trecho
"O brilho dos seus olhos tinha-a marcado para
sempre. Cecília era casada com um homem que não amava, era herdeira do império
financeiro Mendes Silva que se estendia até Angola e sabia que a agitação
política que se vivia em Portugal, depois da revolução do 25 de Abril de 1974,
ameaçava fazer ruir o mundo em que vivia.
Quando desembarcou no Rio de Janeiro Cecília sabia que
o futuro dos Mendes Silva estava nas suas mãos. Era ela que teria de recomeçar
do nada. Mas entre a tentadora praia de Ipanema, o conhecido restaurante do
Copacabana Palace ou a imagem apaziguadora do Cristo Redentor Cecília não
conseguia esquecer a imagem daqueles olhos marcados pela tragédia.
Tinha de descobrir José, resgatá-lo da sua dor,
estender-lhe a mão e, quem sabe, libertar-se das regras sociais que a estrangulavam,
de um marido que a traía e a desrespeitava e aprender, de uma vez por todas, a
ser feliz."
Manuel Arouca nasceu em Moçambique a 3 de Janeiro de 1955. A sua
infância em África lançou as bases para uma adolescência rebelde que mais tarde
o impeliu a viajar pela Europa e pelos EUA. Aos 25 anos decidiu entrar na
Faculdade de Direito, mas foi durante esse período de estudante que escreveu
"Os Filhos da Costa do Sol" – o seu primeiro romance e um dos mais
marcantes "best-sellers" dos anos 80, em Portugal.
Depois de se licenciar, optou pela carreira de
escritor em desfavor da carreira de advogado. Nos finais dos anos 80, Manuel
Arouca começou a escrever para televisão, assinando um vasto conjunto de
programas emitidos tanto pela RTP - televisão pública portuguesa - como pela
TVI - televisão independente.
Na sua obra televisiva destaca-se a novela
"Jardins Proibidos" pelo facto de ser a primeira novela portuguesa a
derrotar, em horário nobre, a prestigiada novela da Globo, alterando
drasticamente o panorama da ficção televisiva em Portugal.
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