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MÚSICA DE FUNDO E AUDIÇÃO DE VÍDEOS E AUDIOS PUBLICADOS

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segunda-feira, 10 de maio de 2010

HELENA DOMINGUES – Silêncio, que se calou uma poetisa


Silêncio, ... que se calou uma poetisa !

Tributo de Homenagem a Helena Domingues

Foi com profundíssima emoção que recebemos a infausta notícia do inesperado  falecimento de Helena Domingues, querida amiga e poetisa portuguesa de grande sensibilidade, notícia que me foi transmitida por dois dos seus filhos, Ricardo e Rodrigo.

 












Helena Domingues deixou-nos uma imensa e profunda saudade pelos laços de grande amizade que nos uniam há mais de 25 anos. Foi um grande abalo para todos os seus familiares e amigos e uma perda para a poesia portuguesa, sobretudo pelo muito que ainda havia a esperar da sua produção poética e de publicação da obra desta poetisa que, sempre modestamente recatada no seu labor poético, relutava em publicar e ia adiando projectos de edição que estavam ao seu alcance.

 




















Helena Domingues era membro do “Movimento Internacional dos Poetas Del Mundo”, uma organização cívica internacional, presente em mais de 120 países, que representa cerca de 7.000 poetas de todo o mundo empenhados numa poesia a favor da Defesa dos Direitos Humanos e da preservação do Planeta, de que tenho a honra de ser Cônsul, por Lisboa.

Helena Domingues foi também uma grande e exemplar mulher. Como professora de português, francês e literatura, havia, em jovem, interrompido uma aliciante e prometedora carreira na aviação comercial que, considerando as suas qualidades, a levaria certamente a Comissária Chefe de Cabine da TAP -Transportes Aéreos Portugueses, para se dedicar inteiramente aos filhos e à família. 


Posteriormente e já numa idade em que, normalmente, qualquer pessoa e principalmente uma mulher, se acha sem condições para regressar à vida profissional, Helena Domingues – que já escrevia poesia e textos literários desde cedo, apesar da sua formação em ciências – tomou a decisão de voltar à universidade para se licenciar em Letras, após o que, feitas as pós-graduações pedagógicas, ganhou um concurso para iniciar uma nova carreira como docente do ensino médio naquela área, tendo sido sempre reconhecida por alunos e colegas pela excelência do seu magistério e pelo seu carácter humano e afectuoso.

A Lena – como era tratada pelos amigos – foi sempre uma mulher apaixonada pela vida e pelas pessoas que amava. Cuidou  amorosamente de seus filhos que sempre constituiram a sua primeira paixão e prioridade máxima, transmitindo-lhes os seus valores e educando-os, formando-os, para que também fossem livres na busca do amor, da felicidade e da realização pessoal. Para eles era a mãe, a amiga, a companheira e confidente.

A Lena só sabia viver com amor, por amor, com verdade e sinceridade e, como romântica, idealista e poeta que, intrinsecamente, foi sempre, fazia florescer do amor as suas grandes paixões,  sem as quais não sabia respirar a própria vida. 

Era uma mulher  forte e inabalável nas suas causas e ideais, mas  a sua natureza  apaixonada não lhe permitia conviver com a solidão, porque  os seres generosos como a Lena só sabem viver  se doando,  sem pré-concebidas contabilidades de dar para receber. 

A beleza apaixonada do amor que dedicava a alguém era  como rosas que oferecia mas que aspiravam, ao menos, a gotas de  cristalino orvalho com que se alimentavam.  Ainda que fisicamente distante a Lena idealizava que o perfume das flores do seu jardim  de amores que cultivava, fosse sensível e reconhecível. Por isso  não sabia conviver com a solidão, apesar de ter sido muito amante e muito amada.  

Helena Domingues, a poetisa, mantinha um Blog de poesia que, usava como um jogo de espelhos  que reflectiam os seus próprios estados de alma, ora publicando poemas e textos  seus, ora publicando poemas de outros poetas, algumas vezes do seu querido amigo, e grande poeta entre os maiores, que é António Ramos Rosa, por quem tinha o maior carinho e admiração, no que era retribuída pelo genial poeta (várias vezes sugerido  para candidadto ao prémio Nobel) mas, últimamente, pouco e só muito esporadicamente apresentava publicações suas ou de outrem. Seu Blog tinha o sugestivo nome de ORION.




















Seria desejável que os familiares de Helena Domingues promovessem a publicação dos muitos poemas inéditos que constituem o acervo que deixou, como merecida homenagem à poetisa e para que os leitores, amigos, amantes da poesia, possam recordar a beleza e a sensibilidade da poética desta poetisa, que continuará bem viva na memória de todos que a conheceram mais de perto, e admiravam o seu grande carácter humanista, afável, afectuoso e de grande carinho para todos os que fizeram parte do seu circulo de vivências.

Como homenagem a Helena Domingues, apresento a seguir o poema que lhe dediquei e que foi escrito poucas horas após a notícia de seu falecimento, escrita compulsiva e espontânea, sob o efeito da grande comoção, sem preocupações de perfeccionismo e revisão, mas que exprime o meu Tributo de Homenagem à grande amiga e à poetisa.  

POEMA INACABADO

(Para Helena)

Escreveste, assim, tão de súbito, verso breve
Mas este teu verso foi bem maior que um poema
Ficou nas águas do teu Tejo vogando ao de leve
Com teu rosto emoldurado de sargaços em diadema

E as gaivotas de Lisboa pousaram nas margens
A ver passar as suaves ondas do teu cântico
Num embalo de brisas rumo a outras viagens
Dedilhavas tua harpa para teu verso romântico

Soltaste a fita vermelha que prendia os teus cabelos
Esvoaçaste teu vestido azul num belo passo de dança
Ascendeste a Orion ao encontro de outros desvelos
Onde,entre estrelas, brilhará sempre tua lembrança

E foi assim, inesperada, discreta, suave e docemente
Que a tua luz se fez poema inacabado mas cintilante
E de um só verso elevaste o teu estro tão presente
Que a tua poética ficará sempre como sol radiante

Carlos Morais dos Santos
Cônsul do M.I. Poetas Del Mundo
Lisboa, 07 de Maio de 2010


Apreciemos, agora, alguns poemas de Helena Domingues:


... a reposição de um sonho
Sentada numa fraga
Sonho-te em azul e infinito
Sinto de flores aromas, maresia
Escuto no mar, da tua voz a sinfonia

Sentada numa fraga
Sinto o sonho do desejo
Amo-te em chão de acácias rubras
E trinco nas algas o teu beijo.

Sentada numa fraga
Abraço-te nas ondas.
A espuma deixa na areia a neve.
Que forte é o sonho
Mas quanto é breve


************* 


Cala-se a voz
Suspensa no grito,
vive na fúria do mar,
na incessante busca das palavras afogadas.
Apenas as rochas recolhem no seu corpo os gritos surdos.
Gaivotas cansadas, cegas,
não mais desenham nos céus as palavras antigas.

*******************
GOTA

Roubou-me o vento ao mar...
Levou-me de viagem...

Fez de mim nuvem passageira,
Sombra escondida,
Estrela cadente de brilho breve,
Caída dos céus sem aviso
E me afundou no teu rio
No teu sorriso

De novo, levou-me ao mar
O meu mar...
Que abafou meu silêncio gritante
E me cantou cantigas de embalar
Que me pegou ao colo
Me conduziu à praia
E a fez brilhar.
E nessa noite escura,
Noite sem luar
Como que por magia
A noite se fez dia

E o areal que de mim fora privado
Transformou-se no mais belo céu estrelado


***************** 


CANTO

Enquanto houver um rio, hei-de cantar
Lonjuras de outros tempos, esquecidas.
Enquanto houver gaivotas rumo ao mar,
Cantarei lembranças de outras vidas.

Enquanto houver um rio, hei-de sonhar
Venturas de outros tempos, proibidas.
Enquanto houver mordaças de matar,
Cantarei esperanças coloridas.

E enquanto o rio correr e eu cantar
Vontades, ilusões, destinos, fados,
Talvez um dia, o meu canto chegue ao mar

Se não, que espalhem as gaivotas pelo ar
Em pios, em voos, em desenhos ousados
Tudo quanto meu canto nunca ousou cantar.

 ************ 

AUSCHWITZ

Em Auschwitz, amor, não vejo o Sol.

Das pedras de Auschwitz
Soltam-se lancinantes gritos abafados

Nas pedras de Auschwitz,
As rosas rubras da morte são lavadas
Pelas lágrimas dos inocentes condenados

Das pedras de Auschwitz,
Erguem-se fumos de odores incendiados,
Que em Auschwitz, amor, escondem o Sol 



***************


      GAIVOTA
Como a gaivota que busca o alimento
Eu busco em teus gestos o amor.
Se tropeço em terra, subo em voo lento
E atinjo alturas breves de condor.

E pairo nesse céu que é o teu mar,
E mergulho já louca de paixão
Nesse líquido azul do teu olhar
Aí despedaçando o coração.

E de condor-gaivota, a tropeçar
Ouço ao longe ainda alguns harpejos
Recordo com saudade esse mar,
E o sal, em meus lábios, dos teus beijos.

3 comentários:

  1. Lúcia Helena Pereira10 de maio de 2010 às 16:15

    Pois que se faça luz num céu de poesia, quando Helena Domingues cantgar sua lira romântica.

    Deus a guarde em seu jardim.

    Lúcia Helena
    www.outraseoutras.blogspot.com

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  2. Quero agradecer as palavras belas e comoventes que esta minha publicação de homenagem à querida amiga poetisa Helena Domingues mereceram dessa outra grande poetisa e querida amiga brasileira de Ceará Mirim, residente em Natal, a Poetisa das Flores, Lúcia Helena Pereira, Cônsul Poetas Del Mundo, que, apesar de não ter conhecido Helena Domingues, apreendeu a minha comoção e foi carinhosa e solidária com a Confreira de Portugal. É desses fios de ouro fino de amor e solidariedade espontânea que se tecem os laços afetivos que os poetas sabem tecer e ofertar.
    Comoventes e reconfortantes foram também as palavras que os meus amigos filhos de Helena Domingues: Rodrigo, Ricardo e Rubens, me dirigiram, no momento da despedida terrena a Helena e, mais ainda, pelas mensagens escrita que me endereçaram depois. Bem Hajam !
    A todos um muito afetuoso abraço de gratidão,
    Carlos Morais dos Santos

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  3. Obrigado a Culturas e Afetos Lusófonos por divulgar mais uma poetisa: Helena Domingues.A sua arte poética deve ser divulgada, pois parece ter uma grande intensidade luminosa.

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