Os poetas são cantores únicos da voz coletiva que fala no interior de cada ser humano ! Eles cantam o passado, o presente e o futuro, eles sussuram e gritam a alegria e a tristeza, o amor e o desamor, a justiça e a injustiça, os campos e as flores, as plantas, os animais, os pássaros, as pedras, as borboletas, os céus, os mares, as montanhas, os vales, a beleza e o horror de todas as coisas, a indidefrença e a solidariedade, a vida e a morte.
Só os poetas são assim: incompletos e plenos, grandes e pequenos, porque a poesia é a síntese de todas as falas, de todos os gritos, de todos os choros, de todas as emoções, de todos os ecos da quase inaudível voz do universo, som ínfimo de suas infinitas partículas, vibração do pó animado da poeira sideral ! São assim os poetas! Tudo e nada, mas voz existencial, fraternalmente ligada à infinita cadeia da vida, onde quer que ela pulse.
Porque a poesia - linguagem dos poetas - é a voz do espírito, da alma, que flui sem tempo, lugar e espaço, acontece e ecoa como vibração musical que tudo atravessa, porque o poema é a manifestação de todos os sentidos, é visão, é audição, é tacto, é olfato, é paladar, ""Ser poeta é ser mais alto, é ser maior do que os homens!...É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor... /...é ter fome, é ter sede de infinito!...como cantou para todo o sempre a grande poetisa Florbela Espanca. Ou como disse o genial Carlos Drumond de Andrade, ..."Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo..."
Por isso, os verdadeiros poetas, para lá da categoria ou hierarquia em que os outros os coloquem, são irmãos que sentem as alegrias e as dores uns dos outros!
Da minha querida amiga, a poetisa Lúcia Helena Pereira, minha confreira dos Poetas Del Mundo e do IHG-RN de Natal, Brasil, recebi o belo poema que, por impulso de comovido sentimento de solidariedade para comigo e, principalmente, para com a minha querida amiga recem falecida, a poetisa portuguesa Helena Domingues, escreveu em sua honra, ao ler a publicação de sentida homenagem que prestei a Helena Domingues e as minhas palavras a esse respeito que por email lhe havia endereçado. Lúcia Helena Pereira tem um enorme coração que pulsa à cadência da poesia que lhe corre nas veias e não se conteve em tomar também como suas, as nossas dores por Helena Domingues sentidas aqui deste outro lado nordeste do oceano. E, com esse seu canto de requiem, nos inundou de comoção. Bem haja, irmã poetisa Lúcia Helena Pereira.
Duas poetisas separadas e unidas por um mesmo oceano - tanto mar, tanto mar! - desconhecidas pessoalmente mas irmãs na solidariedade, ambas confreiras do Movimento Internacional Poetas Del Mundo. Uma Cônsul dessa importante Organização cívica e humanitária pela cidade de Ceará-Mirim, no estado de Rio Grande do Norte - Brasil, residindo em Natal - Lúcia Helena Pereira, a poetisa das flores. Outra, falecida inesperadamente há poucos dias, residente em Portugal, também Membro do M.I. Poetas Del Mundo - Helena Domingues.
Os poetas são assim ! Ouçamos Lúcia Helena Pereira no seu canto-requiem para Helena Domingues.
Carlos Morais dos Santos
Cônsul (Lisboa) do M.I. Poetas Del Mundo
SILÊNCIO E PAZ
Por Lúcia Helena Pereira
(POR HELENA DOMINGUES)
SILÊNCIO E PAZ!
Foi levada para o país da vida.
Para quê fazer perguntas?
Sua morada, agora, é na luz.
Suas vestes são o brilho das estrelas ornando o infinito.
Seus passos luminosos, diáfanos, passeiam pelas nuvens
E sua voz de poesia ecoa,
Singela e pura, como sinfonia de pássaros siderais.
SILÊNCIO E PAZ!
Deus, Senhor da vida e da morte,
Simplesmente tiraste-a da convivência familiar,
Dos amigos e da poesia correspondida.
E, baixamos a cabeça e dizemos:
Assim seja!
SILÊNCIO E PAZ!
À poetisa Helena Domingues que foi ao encontro dos anjos,
E ao rastro luminoso dos seus ancestrais.
Ela foi se encontrar com outros poetas
Para fazer poesias no céu
E cantar liras românticas!
SILÊNCIO E PAZ!
Para Helena Domingues - artista indimensional,
Figura humana da admiração de todos,
Mulher - poesia,
A "Poesia inacabada" descrita por Carlos Morais
Mas, que o céu lhe permitirá
Concluir, com letras de ouro cravejadas de diamantes.
SILÊNCIO E PAZ!
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Lúcia Helena Pereira
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A Poetisa Lúcia Helena Pereira, escreveu, ainda, em carta-email que me enviou, reconfortando-me, solidarizando-se, belas e sentidas palavras de que abaixo reproduzo a parte final:
Natal, 10 de maio de 2010.
Ao poeta Carlos Morais.
... Helena Domingues, que não conheci, mas encontrei inteira no seu poema e nos dela, elevou-me à sublimidade de um
respeito tão grande, que cheguei a chorar, sobretudo quando li aquela
página sobre Auschwitz, onde os judeus foram sacrificados e impostos à
categoria de inumanos, pelo insano Hitler.
Lendo os poemas de Helena
Domingues derramei olhos de lágrimas, mulher sofrida e amada (e que
tanto amou), mas, destemida e sagradamente respeitada como ser humano.
Afinal, o ser humano existe para ser feliz, com o privilégio de
distinguir o bem do mal e seguir, cada um, seu próprio destino,
lembrando que, inesperadamente, também, algo novo acontece para
confortar o coração.
E o seu, Carlos, é um coração puro, generoso e bom.
Dê um beijo meu numa de suas
flores e diga-lhes que, daqui, deste pontinho do Nordeste brasileiro,
alguém também chora pela viagem de Helena Domingues, às regiões do
empíreo, onde, certamente, flores multicores haverão de adornar as
poesias da sua alma lumonisa.
Lúcia Helena Pereira
"...é que a dor semelhante aproxima, e eu também já chorei sobre destroços queridos"... como bem disse Éxupéry em "Cartas à um refém".
ResponderExcluirQuerido amigo Carlos Morais,
Impossível ficar indiferente à sua dor. Sei o que significa perder alguém que nos é tão caro e saber, "a priori", que jamais o veremos de novo.
A minha solidariedade é pequenina diante da sua afeição e respeito pela grande poetisa portuguesa Helena Domingues, que foi, em seu passeio final, para o alto estelar.
Grande abraço e grata por tão bela postagem, com seu recheio de sensibilidade e inteligência.
Conte com a minha estima e consideração.
Lúcia Helena Pereira
Almas são sopro de Deus na terra
ResponderExcluirdançam entre plantas, peixes e pássaros
fazem do amor uma grande festa
regada à justiça, paz e fraternidade.
A sensibilidade flui entre dedos
materializa a palavra na caneta
disseca a emoção dantes adormecida
na profundeza do oceano de cada ser.
Eterna é a saudade dos que partem
forte é a união na dor da despedida
abençoado é o momento do coração
na palma da mão de um amigo.
Aos poetas Carlos Morais, Lúcia Helena Pereira e a mais nova estrela no infinito, Helena Dominguez meu carinho, solidariedade e admiração pela grandiosidade da alma.
Emocionaram-me profundamente.
Jania Souza