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Boas Vindas a esta comunidade de Culturas e Afetos Lusofonos que já abraça 76 países

MÚSICA DE FUNDO E AUDIÇÃO DE VÍDEOS E AUDIOS PUBLICADOS

NÓS TEMOS TODO O EMPENHO EM MANTER SEMPRE MÚSICA DE FUNDO MUITO SELECIONADA, SUAVE, AGRADÁVEL, MELODIOSA, QUE OUVIDA DIRETAMENTE DO SEU COMPUTADOR QUANDO ABRE UMA POSTAGEM OU OUVIDA ATRAVÉS DE ALTI-FALANTES OU AUSCULTADORES, LHE PROPORCIONA UMA EXPERIÊNCIA MUITO AGRADÁVEL E RELAXANTE QUANDO FAZ A LEITURA DAS NOSSAS PUBLICAÇÕES.

TODAVIA, SEMPRE QUE NAS NOSSAS POSTAGENS ESTIVEREM INCLUÍDOS AUDIOS E VÍDEOS FALADOS E/OU MUSICADOS, RECOMENDAMOS QUE DESLIGUE A MÚSICA AMBIENTE CLICANDO EM CIMA DO BOTÃO DE PARAGEM DA JANELA "MÚSICA - ESPÍRITO DA ARTE", QUE SE ENCONTRA DO LADO DIREITO, LOGO POR BAIXO DA PRIMEIRA CAIXA COM O MAPA DOS PAISES DOS NOSSOS LEITORES AO REDOR DO MUNDO.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

ELISE HAQUIM – QUANDO A ARTE SUBLIMA O SOFRIMENTO










ELISE HAQUIM – A REVELAÇÃO DE UM TALENTO

É com muito gosto que trazemos hoje ao conhecimento dos nossos milhares de leitores um caso muito interessante de talento artístico para a poesia e desenho que floriram de entre a dor e o sofrimento. E trata-se de uma revelação tão inesperada e dolorosa quanto bela, como aquelas maravilhosas flores que resplandecem dos cactos do deserto ou de lagoas interiores de águas fechadas.

















Elise Haquim é pedagoga clínica, em Curitiba, encantadora capital do Estado do Paraná, no sul do Brasil, hoje coordenando o núcleo de educação e psicanálise na Associação Serpiá, atendendo crianças, adolescentes e suas famílias no trabalho com o sofrimento psíquico. Elise foi-nos apresentada e revelada pela nossa cara amiga, a escritora Maria Cristina Hein Lacerda, membro do nosso corpo editorial-redatorial, nossa representante em Curitiba, a quem estamos gratos por este privilégio de publicação de estreia, em exclusivo para esta nossa revista C.A.L. 

A história da descoberta da escrita e dos desenhos-pinturas de Elise Haquim é deveras curiosa e resultou de uma situação de grande angústia e sofrimento. Aconteceu, por acaso, no decurso de uma situação grave de saúde. E foi assim que, do escuro da dor, surgiu e resplandeceu a luminosidade de um talento em que a arte sublimou o sofrimento. 

Mais uma vez a arte salvou ! Neste, como em muitos casos, o espírito humano se eleva pela arte, mesmo nos momentos de trevas, porque na arte, como profunda  manifestação de humanização pela estética que é, se pode encontar o sentido da vida, como revelação ! Toda a criação artística exige sofrimento  e o encontro com a exigência da estética é já um conflito angustiante.

Ouçamos a narrativa dessa revelação pelas palavras da própria poetisa-desenhista Elise Haquim:

“Esses meus escritos e desenhos, surgiram em uma época que tive como diagnóstico, hepatite C, em grau bem adiantado. Precisei me deparar com inúmeros preconceitos e desinvestimentos, restando apenas a realidade da doença. Na época, eu e minha irmã soubemos que estávamos ambas infectadas, mas com diferença no prognóstico: o dela era de vida (grau 1, sem atividade), o meu não era tão bom ( grau 3 para 4, em atividade) e mais alguns agravantes.

Iniciei o tratamento e com isso, a dor e a solidão. Nesse processo fui acompanhada por uma psicanalista que me sugeriu a escrever ou desenhar, o que viesse em minha mente. E foi o que fiz e esse foi o resultado. Primeiro, a dor me calou fundo, não havia palavras possíveis, por isso os desenhos surgiram antes. Depois, no final do tratamento (um ano), vieram as palavras.

No decorrer do tratamento minha irmã sucumbiu a um aneurisma, que resultou em uma vida vegetativa. Esses são os mistérios que a vida conserva e em si reserva: quem tinha um prognóstico de vida, “morreu”, e quem tinha um prognóstico incerto, sobreviveu. Na época, quando comecei a escrever, estava sob os efeitos do medicamento, com pensamentos intermitentes e funcionando numa lógica do inconsciente…”.











Os desenhos de Elise Haquim mostram-nos uma expressão onírica em que se manifesta a transfiguração de realidades simbólicas que habitam o inconsciente da artista. Alguns desses impressionantes mas belos desenhos sugerem-me as criações de duas geniais artistas plásticas portuguesas contemporâneas, de reputação internacional, que se exprimem muito por esses interditos transfigurados, fantásticos e grotescos, como estes desenhos de Elise. 

Refiro-me a Paula Rego (1935…), radicada em Londres (onde, em leilões, quadros seus têm chegado a valores de 800.000 Euros), e a Graça Morais (1948…), radicada em Lisboa (amigas entre si), que também nos transmite nas suas pinturas esse figurativo transfigurado com a força de um simbolismo que brota das profundezas do onírico, por vezes atormentado com angústias trazidas desde a infância de ambas.

Os poemas e os desenhos de Elise Haquim nasceram, como ela própria  disse, em ocasiões diferentes, e a sua fusão é uma escolha posterior da autora que lhes encontra expressões emocionais semelhantes, por isso os junta para que  as vozes (ou gritos) se elevem mais ou, simplesmente, dialoguem entre si.     

É, pois, um privilégio, iniciar hoje a publicação da produção artística de Elise Haquim, porque, estamos certos, a beleza (às vezes perturbadora ou inquietante) da sua poesia e dos seus desenhos, trará aos nossos caros milhares de leitores uma experiência, ao mesmo tempo, de grande beleza estética que esta criadora nos revela. 

Mas Elise Haquim, também nos mostra um exemplo de vida e espírito solidário e fraternal, porque de uma experiência de sofrimento, nasceu também a sua determinação em se consagrar profissionalmente ao apoio e atendimento de crianças, adolescentes e famílias em sofrimento psíquico. 

BEM HAJA, ELISE HAQUIM ! SEJA BEM VINDA AO CULTURAS E AFETOS LUSÓFONOS!

ESPERAMOS CONTINUAR A RECEBER MAIS FLORES BELAS DO SEU JARDIM ARTÍSTICO, SEJAM POEMAS OU DESENHOS OU AMBOS EM FUSÃO DE “POEMAS PLÁSTICOS”!
Carlos Morais dos Santos
Cônsul (Lisboa) M.I. Poetas Del Mundo 

Apreciemos alguns dos poemas e desenhos de Elise Haquim:

RESIGNAÇÃO
 
 
 Este filme que passa
Repassa transpassa
Insiste em se fazer
Presente na gente

Cansaço! Já não consigo
Frear o repasso da vida
Que faço seqüente tento
O rechaço

Me vejo aos panos
Que os danos já
Causaram Reduzir
A pena daquele que
Se despena por ter
Nascido na arena

Trinta anos pagando
A pena sem saber
O porquê de ser
Refém da algema

Que pena não ter
Um programa que
Reduzisse as penas
Daquele que ousou
Em cena ser o protagonista
De um mecenas
 
APARTAR







Felizardo esse Artaud
Que apenas nove anos
Se encerrou

Quanta gente
Dentro da gente
Já faz mais anos
Que se calou

Sonoras palavras
Pronunciadas no ventre
Que traz para si
Ondas de calor
Vindo da boca
Da morte

Ventre livre

Que boca rôta
Na rota da dor
Salário mínimo
Daquele que paga
em vida o amor

Na emergência
Da ausência,
Descontinuidade.

 MANTAS





Não existe
O ter sido
Só o tecer.

Ausência só sente
Quem teve presença.

Sabe-se lá que
Sença na crença
Sente-se em lar?

Alarido esse riso
Triste na desesperança
De ter o riso sorriso
Daquele que ama em cor.

Vânias,
Pifânias,
Ora bolas,
Que tantas
Tânias, Sanias.
 Que pena...
Que gema.


INTERFERON







Vai pela esfera
Prelúdio quem dera
De mera face
Sem lado espera

Fastiado se encontra
Embolado na onda
Da areia surrada
No corpo suado
Prefácio adágio

Cercado se via
Em meio pedágio
Suporte meeiro
Em pé no bonde
Havia presságio

A carta aberta
Se faz presente
No circo armado
Perto da gente

A espera se esmera
Em pôr fim aos anseios
De tamanhos meios
Acalentando o tempo
Sem horas semeio

Cem toras arquitetou
A subida aos céus
Quantos réus há de julgar?

Sugar o que pouco restou
Transfusão na confusão ficou
Meiose acoplou na hematose
Que dose seguinte tomou?

Observa a serva
Que fica na selva
Selvagem em
Turvos declínios.
Suspense
Suspenso
Suspiro
Respiro
Reviro
Sanado
Tarado
Surrado
Enfado
Que saco furado.


9 comentários:

  1. Lúcia Helena Pereira20 de maio de 2010 às 16:23

    Sobre a matéria dessa grande mulher - Elise Haquim, na verdade, não sei o que é mais belo e dignificante: se a vida e obras da poetisa homenageada, ou a aparesentação do dr. Carlos Morais.
    Uma história de vida. A pintura e a poesia, frutos da sensibiliade molhada nas águas dos sofrimentos de uma pessoa linda.

    Que benção divina!


    Parabéns a ambos: Dr. Carlos e Elise, os quais beijo as mãos e o coração.

    Lucia Helena
    Nata-RN - Brasil

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  2. Elizabete Albuquerque20 de maio de 2010 às 23:04

    À essa pessoa maravilhosa, que já me ajudou em diversos momentos com meu filho, e a mim, sendo uma pedagoga espetacular, pessoa admirável a quem tanto prezo, meus parabéns Elise! És uma artista fantástica que merece todo reconhecimento!

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  3. Realmente uma grande mulher e uam grande guerreira!
    Superou todas as dificuldades da vida com muita classe!
    Parabéns mãe, você merece todo o reconhecimento pelas suas lindas obras!
    Eu te amo muito.
    Manoela

    ResponderExcluir
  4. Realmente uma grande mulher e uam grande guerreira!
    Superou todas as dificuldades da vida com muita classe!
    Parabéns mãe, você merece todo o reconhecimento pelas suas lindas obras!
    Eu te amo muito.
    Manoela

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  5. A minha mensagem é para Elisa Haquin, mas também para a Vânia Mercer.
    Vânia que descoberta, hein! Que movimento certo este de ajudar a tua paciente a dar aquele “nó” necessário para reconstituir uma subjetividade abalada! Encantou-me saber que uma terapeuta pôde ajudar dessa maneira a sua paciente (e não apenas assim, eu sei).
    Mas, é claro Elisa tinha tudo dentro dela: isso, tinha um enorme talento que lhe emprestou força para superar com beleza tão doloroso momento!
    Parabens, Elisa, por ter tido essa coragem de recrutar a tua genialidade nesse momento em que muitos se fecham. E que genialidade! Os teus trabalhos de pintura contém uma expressão especial: representam a dor, mas não uma dor comum, uma profunda dor no feminino!
    O que ecoa nos teus versos:
    Trinta anos pagando
    A pena sem saber
    O porquê de ser
    Refém da algema...
    Beijos para Elisa e para Vânia
    Selma

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  6. Querida Elise
    Foi um momento de muitas dores e dificuldades. A hora do desafio em que Deus testou todos os seus limites e, como prêmio de superação, fez de você artista e poeta. Agora que tudo já passou Ele mostra ao Brasil inteiro a pessoa forte, talentosa e maravilhosa que você é. Te admiro muito e estou muito feliz por você.
    Um grande beijo,
    Mari.

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  7. Querida Elise
    Meus parabéns !! Sinto-me feliz por ter conhecido você, cuja alma transborda poesia.Só mesmo uma poetisa conseguiria extrair da dor e do sofrimento arte e beleza ! Para nós é um exemplo de força e coragem e tenho certeza que a sua história está sendo um estímulo para todos que se encontram diante desse grande desafio que é VIVER! E você me dizia que não era nem escritora nem desenhista !!!Agora não dá mais para negar: o mundo está vendo a artista que você é ! Um super abraço da Maria Cristina

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  8. Ao Carlos

    Sou muito agradecida pela oportunidade de participar deste Blog-Revista. Isto tem me proporcionado experiências riquíssimas, possibilitado conhecer pessoas interessantes que sempre acrescentam algo à minha vida.
    O nosso ( posso chamar assim ?) Blog está divulgado no Blog de Wagner Rengel - EVA PORUS - apresentado pela Elise Haquim - quem sabe um futuro escritor a nos presentear com a sua obra. Se quiser conhecer...
    Um grande abraço

    Maria Cristina

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  9. O nosso Blog-Revista de Culturas Lusófonas está em grande expansão e eu sinto-me muito contente por isso acontecer devido, sobretudo, a colaborações muito estimáveis dos membros do nosso Conselho Editorial-Redatorial e aos nossos milhares de leitores-divulgadores. Estou grato a todos.
    No caso desta (postagem) publicação em honra à poesia e desenhos de Elise Haquim, que consideramos um talento que é justo publicar e homenagear, devemos essa grande honra e grande satisfação à nossa querida representante em Curitiba, Maria Cristina Hein Lacerda que nos apresentou o magnífico trabalho de poesia e desenho de Elise Haquim. A ela se deve, pois, a oportunidade de termos conhecido tão talentosa poetisa-desenhista que é Elise. Felicito vivamente ambas que tão bem representam o Estado do Paraná e Curitiba e enriquecem este nosso Blog-Revista Cultural.
    Mas quero aqui destacar, também, o meu contentamento pelos justos e carinhosos comentários sobre esta postagem, vindos de tantas pessoas que não conheço - algumas passaram, certamente, a fazer parte dos nossos milhares de leitores habituais - e, muito especialmente, às queridas amigas e amigos que muito apreciaram o trabalho de Elise Haquim e o nosso,com palavras sábias,sensíveis e comoventes, ditadas umas aqui, em comentários, outras que me foram enviadas por email, por quem tem grandes méritos literários firmados e reconhecidos, como são os de:
    - Lúcia Helena Pereira, Poetisa das Flores, Cônsul por Ceará Mirim (RN)do Mov.Intern. Poetas Del Mundo, grande poetisa nordestina;
    - Selma Calasans Rodrigues, Professora de Literatura Comparada (UFRJ e UL.Lisboa), Psicanalista e escritora;
    - Eduardo Gosson - escritor-poeta, Presidente da UBE-União Brasileira de Escritores/RN;
    A todos, em nome do nosso Blog, o meu reconhecimento pelas comoventes palavras dirigidas a Elise Haquim e pelo estímulo que também dão ao nosso gratificante trabalho de divulgarmos e promovermos aqui os autores menos conhecidos, mas talentosos, que é a nossa prioridade, sem deixarmos de prestar, de quando em vez, os nossos Tributos de Homenagem aos grandes autores da Lusofonia, vivos ou já residentes no Oriente Eterno, lá de onde vem a Luz maior, o Sol radiante dos sábios e artistas.
    Um grande e afetuoso abraço
    Carlos Morais dos Santos

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