João Carlos Assis Brasil
O Concerto que o prestigiado pianista brasileiro João Carlos Assis Brasil, apresentou no passado dia 8, no belo Palácio Foz, de Lisboa - sob os auspícios da Ebaixada do Brasil em Portugal - foi mai um êxito, como são sempre os seus Concertos, tendo a vasta assistência que lotava o salão nobre do Palácio, aplaudido entusisticamente a atuação do virtuoso pianista, que em consideração a tão entusiásticos aplausos e pedidos de bis, premiou a assistência com a execução de peças extra programa que muito agradaram pelo virtuosismo que o pianista coloca nas suas muito pessoais interpretações e arrajos, tanto na execução de obras eruditas de Vilas Lobos ou outros compositores dos mais difíceis, como dos seus famosos madleys da música popular brasileira.
CULTURAS E AFETOS LUSOFONIOS esteve representada pela representante do nosso Conselho Editorial-Redatorial, a Professora-escritora Selma Calasans Rodrigues.Muito gratificados ficámos pelo convite que nos foi dirigido e pela oportunidade de ouvirmos ao vivo e em Lisboa este grande artista brasileiro que já conheciamos das suas interpretações publicadas no YouTube, das quais reproduzimos abaixo uma delas.
Pianista de formação erudita, irmão
gémeo do saxofonista Victor Assis Brasil, começou a estudar piano ainda na
infância, e aos 15 anos já era acompanhado por orquestras em concertos. Foi
aluno de Jacques Klein e aperfeiçoou os estudos em Londres, Paris e Viena. Na
década de 60, na Áustria, ganhou o terceiro prémio do Concurso Internacional
Beethoven, tocando em seguida com a Filarmónica de Viena e actuando pela Europa.
Mesmo consagrado como concertista
clássico, envolveu-se com a música popular, tocando ao lado de outros
instrumentistas - como os pianistas Clara Svernere Wagner Tiso ou o violonista
Turíbio Santos - e de cantores - Ney Matogrosso, ZéRenato, Zizi Possi, Alaíde
Costa, Olivia Byington. Na década de 80 gravou discos a quatro mãos ao lado de
Clara Sverner: um com músicas de Erik Satie e Scot Joplin (1982), outro
incluindo o norte-americano Gershwin os franceses Maurice Ravel e Gabriel
Fauré.
Em seguida veio "Jazz Brasil" (1986), com total ênfase no estilo
popular, incluindo obras de Tom Jobim, Radamés Gnattalie Victor Assis Brasil.
Dois anos depois, ao lado de Wagner Tiso, Jaques Morelenbaum e Ney Matogrosso,
lançou "Floresta do Amazonas". Em 1990, quase dez anos depois da
morte precoce do irmão (em 1981), gravou o disco "Self Portrait - Assis
Brasil por Assis Brasil", em que trouxe à tona composições inéditas de
Victor. Os seus trabalhos seguintes foram em parceria com as cantoras Olivia
Byington e Alaíde Costa. João também lançou um CD dedicado à obra de
Villa-Lobos.
João Carlos Assis Brasil, um dos maiores
músicos do cenário artístico, lançou pela Biscoito Fino o CD Todos os Pianos.
Gravado no estúdio da Biscoito Fino, no fabuloso Steinway adquirido pela
gravadora junto à Filarmónica de Berlim. Todos os Pianos é, em rigor, um
tributo a colegas de instrumento que se revelaram grandes compositores ao longo
da história da música no século XX - e vice-versa. Entre o choro, a bossa, o
samba e o jazz americano e francês, Assis Brasil concebe suites reunindo obras
de Ernesto Nazareth (Brejeiro, Odeon, Faceira, Apanhei-te Cavaquinho),
Chiquinha Gonzaga (Aracê, Aguará, Sabiáda Mata), Gershwin (incluindo
S´Wonderful e Rhapsodyin Blue), Cole Porter(incluindo I Geta Kick Out of You e
Rhapsody in Blue), Michel Legrand (de Summer of 42 e Parapluies de Cherbourg).
A adoração pela música no cinema é registada em duas suites, uma de Nino Rota,
o compositor favorito de Fellini (com os temas de Os Boas Vidas, Amarcor de
Noites de Cabíria); outra, a Suite Cinematográfica reunindo o Chaplin de Luzes
da Ribalta (Lime light), o Hupfield de Casablanca (As Time Goes By), os
clássicos de O Feiticeiro de Oz (Over the Rainbow, de Arlene Harburg) e Golpe
de Mestre (a reciclada The Entertainer, de Scott Joplin).
O flirt com o popular estende-se
ainda a compositores cujas obras, ainda que não compostas para o instrumento,
se adequam a este, pelos dedos devocionais de Assis Brasil. É o caso da Suite
Melodistas Brasileiros, que aproxima o Cartola de As Rosas Não Falam e o cânone
bossa novista de Luiz Bonfá e António Maria, Manhã de Carnaval, da placidez e
(in)quietude impressionistas. Completam a suite obras de adeptos extemporâneos
do piano no samba, Francis Hime (Minha) e António Carlos Jobim (Retrato em
Branco e Preto). Nada que inviabilize, muito pelo contrário, a convivência com
Rachmaninoff, Brahms, Tchaikovsky e, naturalmente, Chopin, presentes na Suite
Clássica.
Um dos compositores mais presentes na discografia de João Carlos, é
seu irmão gêmeo, o saxofonista Victor Assis Brasil, um dos maiores instrumentistas de
jazz brasileiros em todos os tempos. Morto em 1981, Victor deixou um legado
vigoroso de temas executados em todo o mundo, muitos deles revelados depois da
morte do autor pela dedicação de João Carlos em manter viva a herança do irmão.
Prelúdio em Sol Menor e Valsa do Reencontro são os dois temas de Victor
interpretados por João em Todos os Pianos.
Sempre iluminado Seareiro: Bem haja!
ResponderExcluirMais uma vez agradecemos pela sua sensibilidade e senso oportunista - no bom sentido, claro! - ao nos brindar com esta maravilhosa postagem e, de quebra, de borla, a magnífica interpretação do sempre grande Pianista brasileiro, mundialmente aclamado pela crítica e pelo público: JOAO CARLOS ASSIS BRASIL!
É um privilégio poder acessar e nos deliciarmos neste peculiar espaço virtual.
Pois que tenha vida longa e saudável para continuar este belo trabalho!
Fraterno abraço do "Lince da Malcata"