ÀS VEZES…
Em meus olhos secos há gotas de lágrimas de interiores mares
Que toldam lembranças do passado que mal vejo com nitidez
Que, às vezes, só recordo pela memória e visão doutros olhares
Que me reconduzem a um tempo sem tempo gasto com rapidez
Em meus olhares de memórias fragmentadas, já enfraquecido
Faltam mil pedaços de vivências, puzzle de momentos de vida
Que vou preenchendo com fantasias do que poderia ter vivido
E vivo em ilhas desertas, de onde, cativo, não vejo uma saída
E com estes meus olhares fui sentindo a vida que procurei
Um ideal de justo, forte e belo colorido, de imagens ousadas
Em minhas fotos procuro essa poética que penso fotografei
E em meus poemas as imagens, às vezes, não são alcançadas
E sem vislumbrar o que realmente fiz bem e fui
Sem me conseguir olhar no espelho do que passou
Sinto, ás vezes, que o passado se refaz mas logo dilui
E que o futuro do que poderia ter acontecido já passou
Porque venho de um tempo e espaço inexistente
De muitas memórias cedo demais sequestradas
Tive de reinventar-me, às vezes, tenaz e lentamente
E erguer-me do fundo de águas, às vezes, agitadas
Águas de alguns meus naufrágios agora já esquecidos
E de traiçoeiras, embora, às vezes, mansas tempestades
Que abafaram todos os meus interiores gritos e gemidos
Nas ondas de confusas espumas de disfarçadas falsidades
Da vida, só me resta agora ousar querer ainda conseguir
O pulsar final do que for em mim mais forte e verdadeiro
Para resgatar, embora tardiamente, o sonho do adiado devir
Do que nunca antes foi vivido e sentido no total e por inteiro
Fotos e Poema de
Carlos Morais dos Santos
Cônsul da Assoc. Intern. Poetas Del Mundo
Só Deus é superior ao tempo
ResponderExcluirA Poesia eleva o Poeta e num momento desnuda-lhe a vida como um caleidoscópio de momentos tornados presentes:
rotas vividas, tentadas, trídas, palavras ditas, sofridas, escritas, a força que se esforça até à loucura, essência, procura do sentido de um ser que se não rende, que afirma, nega, exita, reaprende, ressuscita e reanima.
É por isso
que a Poesia é divina
Pedro Saraiva