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Boas Vindas a esta comunidade de Culturas e Afetos Lusofonos que já abraça 76 países

MÚSICA DE FUNDO E AUDIÇÃO DE VÍDEOS E AUDIOS PUBLICADOS

NÓS TEMOS TODO O EMPENHO EM MANTER SEMPRE MÚSICA DE FUNDO MUITO SELECIONADA, SUAVE, AGRADÁVEL, MELODIOSA, QUE OUVIDA DIRETAMENTE DO SEU COMPUTADOR QUANDO ABRE UMA POSTAGEM OU OUVIDA ATRAVÉS DE ALTI-FALANTES OU AUSCULTADORES, LHE PROPORCIONA UMA EXPERIÊNCIA MUITO AGRADÁVEL E RELAXANTE QUANDO FAZ A LEITURA DAS NOSSAS PUBLICAÇÕES.

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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

OS POETAS CARLOS MORAIS DOS SANTOS, DE PORTUGAL (1935 - …) E MÁRIO QUINTANA DO BRASIL (1906-1994), LIGADOS POR “NÓS E LAÇOS” QUE O ACASO TECEU, OU COMO UM TÍTULO DE POEMA UNE A POÉTICA DE DUAS GERAÇÕES DE POETAS DE DOIS PAÍSES LUSÓFONOS


OS NÓS E OS LAÇOS


O que o acaso tece, pode ser o encontro improvável de “Nós e Laços” poéticos entre dois poetas de dois países lusófonos, e que, apesar de ambos terem coexistido na contemporaneidade, dificilmente se teriam encontrado e conhecido.

Um deles, já descansando no “oriente eterno”, grande poeta brasileiro – Mário Quintana – oriundo do sul do Brasil (Porto Alegre), que deixou uma obra imortal, que ainda é, e será, cantada sempre que se tiver de declamar a poesia dos melhores representantes da galeria superior dos poetas brasileiros.

O outro, um poeta português de uma geração posterior à do primeiro, ainda afinando o seu alaúde de menestrel contemporâneo, que mais se compraz na contemplação das obras cantadas por Mestres, como é um exemplo Mário Quintana, do que se revê como cantor poético de primeira linha. Ao invés, melhor se lhe afigura o papel de mais um poeta misturado no grande corpo coral desses poetas, cuja função é irem garantindo a música de acompanhamento que vai servindo de prelúdio e fundo musical, aos cantos dos grandes cantores da imortal música poética daqueles, cujos “Nós e Laços” que teceram, ou tecem, são anéis de ouro fino e puro, de brilho permanente.

Vem isto a propósito, de eu, Carlos Morais dos Santos, português de Lisboa – poeta menor – ter sido premiado com uma gratificante descoberta feita ao “capinar”, um destes dias, a obra poética do grande Mário Quintana. Deparei-me com um poema de Mário Quintana, cujo título é igual a um outro que compus, em Barcelona, no ano de 2003, sem saber, então, da existência de outro título semelhante.

Duas épocas, dois poetas, duas poéticas, a mesma temática – a amizade, o amor, “Os Nós e os Laços”. Vejamos esses dois cantos que nos cantam o que é, e sempre será eterno na poesia, como na vida: OS AFETOS !






















Poeta brasileiro Mário Quintana

NÓS E LAÇOS
(Mário Quintana)

Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... uma fita dando voltas.
Enrosca-se, mas não se embola, vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço. E quando puxo uma ponta, o que é que acontece?
Vai escorregando... devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah! Então, é assim o amor, a amizade. Tudo que é sentimento.
Como um pedaço de fita. Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga então se diz: romperam-se os laços.
E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.
Então o amor e a amizade são isso...
Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço.



















OS NÓS E OS LAÇOS

(Carlos Morais dos Santos)

Se os Nós que nos ligam
São fortes Laços,
Que os sentimentos digam
Se são abraços !

Se são abraços com fervor
E Nós para durar,
Então são Laços de amor,
Não são Nós para desatar !

Se os Laços ficarem lassos
E os Nós a deslassar,
São Nós e Laços, fracassos,
São ligações a findar !

Há complicados Laços
Que queremos desmanchar,
Não são Laços, são embaraços,
São Nós cegos, de atormentar !

Só Nós e Laços bem ligados
Fazem na vida a ligação
Dos afectos entrelaçados
E dos Nós de amor em comunhão !

Mas só há vida bem vivida
Com Nós e Laços a emendar,
Porque a uma vida não sofrida
Faltam Nós e Laços para a enfeitar !


                                   












Carlos Morais dos Santos
Cônsul do M.I. Poetas Del Mundo                                             


Fotos de Carlos M.Santos

3 comentários:

  1. Os dois poetas nos puseram a pensar: nós e laços, lassos ou não de Carlos Morais dos Santos, a fita de Mário Quintana que, afinal fica inteira quando se desmancham os laços. Em ambos laços e abraços ao rimarem, juntam-se no som e fazem correr o significado intensificado por esta via... E nós, leitores ficamos mais ricos com essa aproximação de dois poetas e, sem dúvida, mais alertas nas nossas próprias relações amorosas, familiares: nós ou laços?

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  2. Bênçãos@aosdois!

    Riscando verso...

    No verso traço o ressalto
    As letras rastejam inibidas
    Às vezes dou vida ao morto
    Os roços mortos nas vidas.../

    No verso traço o ressalto
    Rastreando os destroços
    Às vezes rabisco abstrato
    Às vezes o lúdico esboço.../

    No verso traço o ressalto
    Às vezes matizo a lúbrica
    Às vezes de mim arrebato
    Gotejo carpindo a lírica.../

    No verso traço o ressalto
    Às vezes o luto insiste
    Versejo ao vil candidato
    A dor que não mais existe.../

    No verso traço o ressalto
    Sopro a lembrança triste
    Imprimo meu celibato
    No verso o poema insiste.../

    No verso traço o ressalto
    Às vezes desenho cordato
    Versando me desbarato
    Nos ridos do anonimato.../

    No verso traço o ressalto
    As letras rastejam inibidas
    Às vezes dou vida ao morto
    Os roços mortos nas vidas.../


    “A Poetisa dos Ventos”
    Deth Haak

    A Voz
    "Ser poeta não é dizer grandes coisas, mas ter uma voz reconhecível dentre todas as outras."

    Mario Quintana, e a Carlos Morais meu apreço.

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