Trazemos
hoje, ao conhecimento e apreciação dos nossos leitores, uma poesia com "Raízes de Vento"
para ir longe. Digo assim, para glosar o título do livro que
o poeta Dâmaso Barros deu à sua obra de estreia: RAÍZES DE VENTO, Edição do
autor, editado em Macau, com o patrocínio da Câmara Municipal das Ilhas, da
Fundação Oriente e da Fundação Macau, em edição bilingue de português – Inglês.
Dâmaso
Barros, revela-nos uma poesia, diz ele no título, “com raízes do vento, talvez porque a sua poesia viaja, como o vento. É uma voz poética da
Lusofonia que se soltou em Macau, mas que tambem nos fala de outros
lugares, de outras andanças de viajante, qual antigo marinheiro português que lembra suas relações com o vento, para partir e chegar. Dâmaso Barros solta-se das suas raízes na diáspora e, em Macau, toma as asas do vento que enfunam suas velas
de poesia e vai cavalgando ondas e mares que o levam a outras
paragens, sem nunca se desapegar do seu chão transmontano.
Neste
livro, Dâmaso Barros, tece os seus versos e canta seus poemas
falando das ilhas longínquas de Macau e de outros lugares dessa Grande China, como
quem canta de um púlpito. A poesia acompanha-o em outras paragens a que "aporta". De Chicago
fala do “Jazz solto, vagabundo/lembra África esquecida”.
Mas
o poeta retorna sempre aos poemas de amor e saudade. Verseja mares e rios, do
Tejo ao Douro, que iluminou seus anos de juventude. Relembra as terras de Trás-os-Montes, desse nordeste português, onde nasceu, que lhe moldaram
o carácter e o coração grande e robusto como os penedos serranos dessas
paisagens eternas, que seu Mestre e referência, o Grande Poeta Miguel Torga, cantou
como ninguém, em poemas que ecoaram no mundo inteiro em poética universal.
Do
livro Raíses de Vento e sobre a poesia de Dâmaso Barros, relembro algumas das
palavras que, em Macau, escreveu o autor do prefácio, Padre Manuel Teixeira:
…/ Lede estes poemas de Dâmaso
Barros e encontrareis tudo isso: graça e beleza, sorriso infantil, bondade e
força, o perfume do lírio e a elegância da palmeira. É mais um rouxinol a
juntar-se ao coro dos rouxinóis que cantam à luz do luar os poemas do amor e a
saudade dos bens perdidos.
Reafirmo
que esta poesia e este poeta, que nos comove com estas RAÍZES DE VENTO”, tem
muitas raízes para crescer. Por isso, daqui, desta Tribuna de CULTURAS E AFETOS
LUSÓFONOS, exortamos para que este livro seja reeditado (não é possível
encontra-lo à venda), e que o poeta Dâmaso Barros enfune de bons ventos as suas
velas poéticas e nos brinde com mais livros, com sua poesia solta e livre, como
o vento.
Coloco
ao apreço dos nossos leitores, alguns pequenos poemas deste autor:
VISITA
Não
trago novas do Oriente
“O
senhor Ventura dos teus sítios”
Vem
só.
Atrasado,
mas chegou,
Com
a luz baça na retina
Que
a dor e mágoa condensou
Trago
torgas da serra
Flores
da terra
Que
perfumam o paraíso
Aí,
onde a vida repousa
E
o tempo é infinito,
Tu
contas histórias
Do
tamanho natural
Aos
Deuses que acordam
Com
o Homem Universal
MACAU
OU MUN
China
quem não sabe teu nome!
Aventura
do passado
Que
o presente consome.
O
vento afaga os corpos
Cansados
de tanto mar
E
o conforto de um abrigo
Num
palmo de terra para amar.
Encanto
com raízes
Duma
paixão marinheira
Que
partindo deixava
A
saudade por companheira
HAVIA
UM CÉU CARREGADO DE NUVENS
Havia
uma viola adormecida
Numa
trave de pinho
Havia
um dedilhar silencioso
No
coração de cada assistente
Havia
um fado adormecido.
Havia
um jogo de cartas.
Havia
eu ali ao lado
Anestesiado,
impotente.
Havia
um amor e ódio de ser português emigrado.
Havia
olhos aflitos à procura de ninguém,
Todo
o resto era nada,
Fruto
de uma Pátria distante
Adormecida.
DOURO
Rio
de sangue e suor
Lágrimas
amargas
Que
a paisagem chora.
Terra
e gente talhadas
Por
caudais de serras
Num
desafio aos Olimpos
Cumprem
destinos traçados
Por
Deuses de Sol e de Pedra
Rio,
Terra e Gente
Um
só corpo fundo e quente
Na
plenitude do ser
Perpetuam
a eternidade
Num
contínuo renascer
Dâmaso
Barros
Ao
conhecer pessoalmente Dâmaso Barros, fácil foi identificar a sua alma poética,
a sua inteligente sensibilidade para a procura do belo, a sua postura intelectual
que sabe estar lúcido com a realidade objectiva, sem perder a capacidade de
sonhar. Navega e vive, sonha, mas sabe para onde quer ir. Foi um privilégio
conhece-lo, através de amigo comum, e julgo que ficámos amigos. SAUDAÇÕES,
POETA !
Carlos Morais dos Santos
Cônsul (Lisboa) do
M.I.Poetas Del Mundo
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirCaro leitor M.J.F. Louro,
ResponderExcluirAgradecemos as suas amáveis e incentivadoras palavras sobre a publicação da poesia do poeta Dâmaso Barros.
Embora o sistema de acesso à “janela” para “comentários” às postagens não dependa de nós, pedimos-lhe desculpa por não ter conseguido deixar directamente aqui os seus interessantes comentários. Em seu lugar, faço eu, aqui, a publicação desse seu comentário, que reproduzo a seguir.
Escreva-nos sempre que quiser pq teremos muito gosto em ouvir suas opiniões e lhe corresponder.
Aproveito para esclarecer que, de facto, a colocação de comentários neste Blog depende de possuir uma conta num daqueles provedores que aparecem indicados, p. ex. Google.
Faço votos para que continuemos a contar consigo como nosso semanal leitor e, entretanto, receba o nosso cordial abraço
Carlos Morais dos Santos
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Comentário de M.J.F.Louro
Boa tarde,
Já por várias vezes que tentei colocar um comentário ao post sobre o Poeta Dâmaso Barros mas não consigo.
Envio-lhe o comentário e caso considere que o pode publicitar agradeço.
Comentário:
Um bem haja a todos os Poetas e, em especial, ao Poeta Dâmaso Barros.
A vida vive-se com a alma e, por vezes, com alma de poeta.
Prosseguir o sonho, alcançar o ideal e abraçar o Mundo levou o poeta Dâmaso Barros a criar "Raízes de Vento".
Obrigada ao poeta e a si, Carlos Morais dos Santos, por nos ter trazido Dâmaso Barros.
mjflouro@netcabo.pt