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Boas Vindas a esta comunidade de Culturas e Afetos Lusofonos que já abraça 76 países

MÚSICA DE FUNDO E AUDIÇÃO DE VÍDEOS E AUDIOS PUBLICADOS

NÓS TEMOS TODO O EMPENHO EM MANTER SEMPRE MÚSICA DE FUNDO MUITO SELECIONADA, SUAVE, AGRADÁVEL, MELODIOSA, QUE OUVIDA DIRETAMENTE DO SEU COMPUTADOR QUANDO ABRE UMA POSTAGEM OU OUVIDA ATRAVÉS DE ALTI-FALANTES OU AUSCULTADORES, LHE PROPORCIONA UMA EXPERIÊNCIA MUITO AGRADÁVEL E RELAXANTE QUANDO FAZ A LEITURA DAS NOSSAS PUBLICAÇÕES.

TODAVIA, SEMPRE QUE NAS NOSSAS POSTAGENS ESTIVEREM INCLUÍDOS AUDIOS E VÍDEOS FALADOS E/OU MUSICADOS, RECOMENDAMOS QUE DESLIGUE A MÚSICA AMBIENTE CLICANDO EM CIMA DO BOTÃO DE PARAGEM DA JANELA "MÚSICA - ESPÍRITO DA ARTE", QUE SE ENCONTRA DO LADO DIREITO, LOGO POR BAIXO DA PRIMEIRA CAIXA COM O MAPA DOS PAISES DOS NOSSOS LEITORES AO REDOR DO MUNDO.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

MARIA CRISTINA LACERDA, DE CURITIBA, BRASIL, UMA JOVEM A DESPONTAR PARA A CRIAÇÃO LITERÁRIA, SUA PAIXÃO.

JOVENS ESCRITORES E POETAS

A Revista Culturas e Afetos Lusófonos, tem no seu desígnio editorial um interesse grande em se oferecer como janela aberta, de uma varanda, que da "montanha para o vale" faça ouvir a voz de jovens autores que apresentem qualidade que entedemos deverem ser lidos e apreciados pelos nossos leitores. 

Hoje trazemos uma jovem da bonita cidade de Curitiba, capital do Estado do Paraná, Brasil, a quem auguramos um futuro nas letras e a quem desejamos a persistência corajosa dos caminheiros da escrita que, sem esmorecimentos, continuam a acreditar que vale a pena seguir o coração que quer escrever. Trata-se de 




Maria Cristina Hein Lacerda
Graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Paraná
Em 2009 participou da Oficina de Criação Literária no Centro de Línguas e Interculturalidade da UFPR-Universidade Federal da Paraíba, Brasil.
Iniciou (também no ano passado) no Ambulatório de Saúde Mental onde trabalha, uma Oficina de Leitura com usuários deste serviço.
Os seus interesses extra profissionais são, principalmente, a literatura e Artes Plásticas  mas aprecia toda forma de expressão artística.

O conto é a forma litererária com que começou a exprimir a sua atração pela escrita, e sente também um fascínio pela poesia.


Tivemos ocasião de conhecer pessoalmente Maria Cristina, que nos deu o prazer da sua visita quando da sua recente vinda a Portugal, país que a encantou, principalmente Lisboa. A sua simpatia e vivacidade cultural, animaram uma boa conversa literária e pudemos constatar como brilham mais os seus olhos ao conversar sobre livros, obras, autores, poesia, cinema, fotografia. Foi uma boa descoberta e  ficámos a sentir que Maria Cristina sente a pulsão da escrita, como forma de expressão da sua vontade de se abrir ao mundo. 

A nossa jovem amiga, revela, nesta fase de enamoramento com a escrita,  uma natural tendência para se exprimir através do Conto. Vamos, por isso, dar a conhecer um dos seus pequenos contos, que mereceu um prémio num concurso literário, e em que Maria Cristina Lacerda evidencia uma notória capacidade de síntese da narrativa ou da construção de uma história.


*************


DONA DO TEMPO

Por Maria Cristina Lacerda

 
    Resolvi largar o medo para trás, dentro da mala, em qualquer lugar...
    Tirei da bolsa o caderno, o lápis e a borracha: material reservado, sempre à mão (como me foi ensinado) caso surgisse o desejo de escrever.
    Resolvi fazer o tempo andar mais depressa.
    Foi nisso que deu...
    O ônibus chegaria às cinco horas da manhã. Para não acordar minha amiga tão cedo, no dia do seu aniversário, disse que chegaria às seis.
    Viagem tranqüila, em dia de semana, estrada vazia: chegamos às quatro e quinze!
    Grudei na poltrona. Não queria descer. Mas a placa estava lá, bem grande: “ARARANGUÁ”. Fiz de conta que não sabia onde estava. Afinal, eram quatro horas da manhã! Devo estar enganada, ainda com sono, pensei.
    A porta do ônibus se abriu. Uma voz bem forte e animada – de quem iniciava a jornada de trabalho – falou em alto e bom som: ARARANGUÁ! Não havia mais dúvidas. Era aquele mesmo o meu destino. Fui obrigada a descer.
    O motorista viu o susto estampado no meu rosto quando saí do ônibus e entrei no silêncio e no vazio daquele lugar. Gentilmente me levou até o guichê, falou com o funcionário - o único naquele horário – voltando logo para sua atividade.
    Fiquei em pé, paralisada, com a aparente tranqüilidade de quem iria permanecer ali por pouco tempo. A quem queria enganar?
    Algumas possibilidades vieram à minha cabeça: pegar um táxi e viajar 30 quilômetros até a cidade onde ficaria hospedada? Ligar para a amiga e tirá-la da cama? Ir de ônibus? Nenhuma das alternativas.
    Olhei para um lado: um morador de rua dormia num banco enrolado em mil e um trapos. Alguns homens andavam de um lado para outro: ladrões à espreita de suas vitimas?  Trabalhadores indo cedo para o serviço? Ou seres perdidos no tempo como eu?
    No vidro da lanchonete - toda rodoviária tem uma - um “Jesus Te Ama” fazia sua silenciosa pregação. Na televisão, uma comédia grotesca.
    Frio da madrugada.
    Um relógio que não anda.
    Sentei agarrada na bolsa, apreensiva ainda. Agora somos eu e dois cachorros magricelas, enrolados em suas próprias tripas, dormindo sobre um tapete de rodoviária.
    Tive que rir sozinha diante dessa cena...
    Olhei para o relógio: quatro e trinta e oito! É a última vez que olho para o relógio, pensei.
    Acabou a comédia, veio a Luluzinha, outros desenhos, Teleaula: meio ambiente, inglês...
    Continuo mergulhada em meus pensamentos. A bolsa agora está jogada na cadeira ao lado. Não há mais perigo algum.
    O frio insiste em nos visitar.
    Sonho com uma xícara de café com leite bem quente.
    São seis horas da manhã.
    Fiquei dona do tempo.
    A cidade começa a acordar.
    Sinto-me em casa.

 ************

BOAS VIAGENS NAS LETRAS, MARIA CRISTINA
DESEJAMOS QUE SEU VERBO SIGA O CAMINHO DAS ESTRELAS
 





Carlos Morais dos Santos
Cônsul (Lisboa) do M.I.Poetas Del Mundo
                      Editor/Administrador da Revista on line C.A.L.



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