No presente texto, escreve Luciana Lilian de Miranda, Doutoranda em História pela Universidade Nova de Lisboa (UNL), buscamos
recuperar como foram pensadas as relações entre Portugal e Brasil, em
diferentes vozes, nas primeiras décadas do século XX.
Neste
contexto, destacou-se a forma como a “causa luso-brasileira” ganhou
espaço e projeção, estimulada por um vigoroso debate entre grupos de
intelectuais nos dois países.
Um dos meios privilegiados na divulgação deste debate foi gerado pela revista Atlântida, publicada em Lisboa, entre os anos de 1915 a 1920.Nas
representações elaboradas por essas elites, podemos apreender
manifestações de proximidades e também de rupturas e distanciamentos, as
quais configuravam as relações entre Brasil e Portugal no período.
Para
recuperar as visões produzidas sobre essas relações devemos consultar
as revistas luso-brasileiras, as obras produzidas nas comemorações dos
centenários históricos, os discursos diplomáticos e os instrumentos da propaganda nacionalista radical brasileira. Neste
momento, foram produzidos 2 estereótipos e preconceitos que tais elites
recorreram para entender a sua própria formação como nação em busca das
suas raízes e influências culturais.
A Atlântida, mensário
artístico literário e social para Portugal e Brasil, foi pensada com o
propósito de suscitar um intercâmbio cultural entre os países. A revista
nasceu da união entre dois expoentes das letras com uma crença comum;
renovar e intensificar as relações luso-brasileiras. Como é sabido,
estamos nos referindo ao escritor, pedagogo e político republicano
português João de Barros (1881-1960) e ao jornalista e também escritor
carioca João Paulo Barreto (1881-1921), mais conhecido por “João do
Rio”, um dos seus pseudônimos largamente utilizado.
Diante da documentação consultada, acreditamos que a revista em questão apresenta-se como relevante ao considerarmos o conteúdo, o volume1 e longevidade da sua publicação, ao lado do patrocínio dos governos dos dois países.
Tal
iniciativa pode ser conferida nas dedicatórias dos Ministros das
Relações Exteriores do Brasil e dos Estrangeiros e Fomento de Portugal,
desde a primeira edição, seguidas da mensagem de apoio impressas nas
páginas iniciais dos números posteriores, em vigor até o vigésimo quinto
exemplar de 1917.
Ao
acompanhar as temáticas discutidas na revista, podemos inferir que a
ideia da aproximação cultural é o mote, no entanto, respaldada por uma
questão também política.
Algumas
leituras sugerem a interpretação de que vislumbrava-se a consolidação
de uma relação política, econômica e cultural que privilegiasse uma
interação via Atlântico Sul entre Brasil, Portugal e suas então colônias
africanas. Uma espécie de aliança, com vistas ao cenário internacional,
em termos de zonas de influência na política externa e de
posicionamento estratégico.
POSTAGENS DE VALOR INCONTESTE.
ResponderExcluirL.HELENA
NATAL-RN - BRASIL