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MÚSICA DE FUNDO E AUDIÇÃO DE VÍDEOS E AUDIOS PUBLICADOS

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domingo, 8 de abril de 2012

ANTONIO TABUCHI, O CONSAGRADO ESCRITOR ITALIANO QUE ESCOLHEU PORTUGAL PARA VIVER, MORREU EM LISBOA, CIDADE QUE AMAVA. PRESTAMOS AQUI O NOSSO TRIBUTO DE HOMENAGEM A UM DOS GRANDES ESCRITORES EUROPEUS QUE TANTO SE INTERESSOU PELA OBRA DE FERNANDO PESSOA


TRIBUTO DE HOMENAGEM

A ANTONIO TABUCCHI


O escritor italiano Antonio Tabucchi morreu de cancro, em Lisboa, aos 68 anos. Tabucchi tinha uma longa ligação com Portugal e era considerado um dos nomes maiores da literatura europeia.

Nascido em Pisa, em 1943, cresceu numa pequena povoação próxima daquela cidade. Filho de um comerciante de cavalos, estudou línguas e filosofia, antes de decidir viajar pela Europa. Em Paris, na Sorbonne, descobriu, traduzida para francês, uma colectânea de poemas de Fernando Pessoa (que incluía a "Tabacaria"), por cuja obra se apaixonou, decidindo estudar português para melhor compreender o poeta.

Tabuchi conhecia Portugal desde os 22 anos e considerava-o o seu "país de adopção". É autor de ensaios sobre o trabalho de Pessoa e, com a companheira, Maria José de Lencastre, traduziu e dirigiu a edição italiana dos textos do autor.

“Veio a Portugal no princípio dos anos 60, conheceu vários portugueses, entre os quais Alexandre O’Neill, de quem ficou muito amigo. A partir daí nunca mais perdeu de vista Portugal. Casou-se com uma portuguesa”, recordou Maria da Piedade Ferreira, a primeira editora de Antonio Tabucchi, então na Quetzal, e que recentemente voltou a trabalhar com o escritor na Dom Quixote.

Tabucchi foi um embaixador da cultura portuguesa na Itália e na França”, acrescentou, dando como exemplo o caso da editora Christian Bourgois, que publicou os seus livros em França e que começou a editar a obra de Fernando Pessoa no final da década de 1980.

Os seus livros estão traduzidos em cerca de dezoito países. Em parceria com Maria José de Lancastre, sua mulher, tem traduzido para italiano muitas das obras de Pessoa. Escreveu, além de outras obras, um livro de ensaios e uma comédia teatral sobre ele.

Obteve o prémio francês "Médicis étranger" pelo seu romance Notturno Indiano, e o prémio Campiello por Sostiene Pereira.

Alguns dos seus livros mais conhecidos são Notturno Indiano, Piccoli equivoci senza importanza, Un baule pieno di gente, Gli ultimi tre giorni di Fernando Pessoa, Sostiene Pereira, La testa perduta di Damasceno Monteiro e Si sta facendo sempre più tardi.

Vários dos seus livros foram adaptados ao cinema, com destaque para Sostiene Pereira, onde Marcello Mastroianni realiza uma das suas últimas interpretações, em 1995, um ano antes da sua morte.


A visita a Lisboa provoca o seu incontestável amor à cidade do fado e do país como um todo. Como resultado, formou-se em 1969 com uma tese sobre "O surrealismo em Portugal". Em Lisboa a 10 de Janeiro de 1970 casou com uma portuguesa, D. Maria José de Lancastre de Melo Sampaio, nascida em Lisboa, São Mamede, a 17 de Abril de 1946, filha da 3.ª Baronesa de Pombeiro de Riba Vizela e neta paterna do 4.º Conde das Alcáçovas, de quem teve o seu primeiro filho Miguel de Lancastre Tabucchi a 11 de Novembro desse mesmo ano[4][5]. Especializou-se na Scuola Normale Superiore di Pisa na década de setenta e em 1973, ano em que nasceu a sua filha Teresa Marina de Lancastre Tabucchi a 25 de Agosto[6][7], foi nomeado professor de Língua e Literatura Portuguesa, em Bolonha.


Nesse ano, ele escreveu a sua primeira novela, Piazza d'Italia (Bompiani, 1975), em que tentou descrever a história do ponto de vista dos derrotados. Neste caso dos anarquistas da Toscana. Seguiu assim a tradição dos grandes escritores italianos de um passado relativamente recente, tais como Giovanni Verga, Federico De Roberto, Giuseppe Tomasi di Lampedusa, Beppe Fenoglio, e autores contemporâneos, como Vincenzo Consolo.

Em 1978 foi nomeado para a Universidade de Génova, e publicou Il Piccolo Naviglio (Mondadori), seguido por Il gioco del rovescio e altri Racconti (Il Saggiatore) em 1981, e Donna di Porto Pim (Sellerio 1983). A sua primeira novela importante, Notturno indiano, foi publicada em 1984, e se tornou a base de 1989, um filme dirigido por Alain Corneau. O protagonista tenta traçar um amigo que desapareceu em Portugal mas está na verdade buscando a sua própria identidade.

Publicou Piccoli Equivoci senza importanza (Feltrinelli) em 1985 e, no ano seguinte, Dell'orizzonte Il filo. Este romance apresenta um outro protagonista (Spino) numa missão para descobrir algo (neste caso, a identidade de um cadáver), mas que também está, mais uma vez, procurando a sua própria identidade, que viria a se tornar uma missão comum para os protagonistas Tabucchi. A película foi elaborada a partir deste livro, também, em 1993, dirigido por Fernando Lopes Português. Em 1987, Volatili del Beato Angelico (Sellerio) e Pessoana Mínima (Imprensa Nacional, Lisboa) foi impresso, tendo recebido o prêmio francês "Médicis" para o melhor romance estrangeiro (Notturno indiano). No ano seguinte, ele escreveu a comédia I Dialoghi mancati (Feltrinelli). O presidente da Portugal outorgou-lhe o título Do Infante Dom Henrique em 1989 e nesse mesmo ano o governo francês nomeou-o Cavaleiro des Arts et des Lettres.

Tabucchi publicou Un Baule pieno di gente. Scritti su Fernando Pessoa (Feltrinelli) em 1990, e no ano seguinte, L'Angelo nero (Feltrinelli 1991). Em 1992, ele escreveu em Português Requiem, um romance depois traduzido em italiano (Feltrinelli, vencedor do Prémio PEN Clube italiano) e Sogni di Sogni (Sellerio).


1994 foi um ano muito importante para o autor. Foi o ano de Gli ultimi tre giorni di Fernando Pessoa (Sellerio), mas mais importante do romance que lhe trouxe o maior reconhecimento: Sostiene Pereira (Feltrinelli), vencedor do Prêmio Super Campiello, Scanno e Jean Monnet de Literatura Europeia. O protagonista desse romance tornou-se um símbolo da defesa da liberdade de informação para os adversários políticos de todos os regimes anti-democráticos. Em Itália, durante a campanha eleitoral, a oposição contra o polêmico magnata da comunicação Silvio Berlusconi agregou-se em torno deste livro. O diretor Roberto Faenza extraiu-se o filme homônimo (1995), no qual lançou Marcello Mastroianni como Pereira e Daniel Auteuil como o Dr. Cardoso.

Em 1997 Tabucchi escreveu o romance La testa perduta di Damasceno Monteiro baseado na história verídica de um homem cujo cadáver foi encontrado decapitado em um parque. Descobriu-se que o homem havia sido assassinado em uma estação da Guarda Nacional Republicana (GNR). A notícia atingiu a sensibilidade do escritor e da imaginação. A definição do evento no Porto deu também o autor a oportunidade de mostrar seu amor pela cidade. Para terminar esta novela, Tabucchi trabalhou sobre os documentos recolhidos pelos investigadores no Conselho Europeu, em Estrasburgo, por respeitar os direitos civis e as condições de detenção na Europa, incluindo a relação entre cidadãos e agentes das forças de segurança. A novela demonstrou ser profética, quando um membro da polícia, o sargento José dos Santos confessou mais tarde o assassinato. Este foi mais tarde e após julgamento condenado e sentenciado a 17 anos de prisão. Também em 1997, escreveu Tabucchi Marconi, se ben mi Ricordo (IIE), seguido no ano seguinte por L'Automobile, Nostalgie la et l'Infini (Seuil, Parigi, 1998). Esse ano a Academia Leibniz lhe concedeu o Prêmio Nossack.

Escreveu Zingari e il Rinascimento (Sipiel) e Ena poukamiso gemato likedes (Una camicia piena di Macchie. Conversazioni di con AT Anteos Chrysostomidis, Agra, Atene 1999), em 1999. "As dúvidas são como manchas na camisa lavadas branco. A tarefa de cada escritor e de cada homem de letras é instalar dúvidas para a perfeição, porque perfeição gera ideologias, ditadores e idéias totalitárias. Democracia não é um estado de perfeição".

Em 2001 Tabucchi publicou o romance epistolar, Sta si facendo semper più tardi. Nele 17 textos celebram o triunfo da palavra, que, como "mensagens no" frasco, não tem destinatário, são missivas do autor dirigidas a um "desconhecido Restante poste". O livro recebeu o Prémio France Culture 2002 (a rádio francesa cultural) para a literatura estrangeira.

Passa seis meses do ano em Lisboa, com a sua mulher e os seus dois filhos, sendo já um nativo da cidade. O resto do ano é passado na Toscana, onde lecciona literatura Portuguesa na Universidade de Siena. Na verdade Tabucchi considera-se um escritor somente num sentido ontológico, porque do ponto de vista existencial ele está suficientemente contente em poder definir-se um professor universitário ". Literatura para Tabucchi não é uma profissão ", mas algo que envolve desejos, sonhos e imaginação".

Tabucchi contribui regularmente artigos para as páginas culturais dos jornais Corriere della Sera e El País. Em 2004, foi premiado com o prêmio de jornalismo Francisco Cerecedo, atribuído pela Associação de Jornalistas Europeus e entregue pelo herdeiro da Coroa Espanhola, o Príncipe das Astúrias Felipe de Borbón, em reconhecimento pela qualidade do seu trabalho jornalístico e sua defesa aberta da liberdade de expressão.

Em 2007 recebeu um doutoramento honoris causa pela Universidade de Liège.

Carlos Morais dos Santos

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