FIM DE ANO
Meg Klopper
Fim de ano… Sempre a mesma coisa, ou seja, mensagens e mensagens que têm a finalidade de passar a limpo o ano que passou. Todos nós esperamos o melhor, o recomeço, a felicidade...
Eu,
naturalmente, como qualquer mortal, também desejo tudo que todos
desejam, mas tenho a responsabilidade de olhar-me no espelho. Não me refiro ao espelho material, cuja imagem é refletida, mas ao espelho
da alma e ao mergulho que tenho a necessidade de fazer para que eu veja
refletido nas minhas paredes internas o que passei para o meu
semelhante... O que fui.
Tentei
fazer esse mergulho e cheguei a uma conclusão, talvez não entendida por
muitos, menos ainda percebida pela maioria que não me conhece. Aliás,
eu mesma estou começando a me conhecer. Estou tentando ver em mim o que
posso fazer para melhorar. Hum... Então resolvi que:
- Devo pedir perdão a DEUS por não ter me comportado como ELE gostaria;
-
Perdão pela raiva que senti em alguns momentos que me assemelharam a um
“bicho doente”. Não disse animal, porque todos somos animais, ainda
que divididos pela classe de racionais, em detrimento aos irracionais
que não praticam tantas coisas feias como nós. Talvez seja por isso que
vivam menos que os seres humanos. DEUS os quer!
-
Perdão pelo julgamento descabido que fiz de muitas pessoas sem antes
conhece-las a fundo, menos ainda, parar para tentar entender os motivos
de cada um. Acho que me deixei levar pelo egoísmo, mas, por um momento
de reflexão, nas paredes de minh'alma, percebi que errei, chorei e
voltei meu pensamento ao ALTO para que não rastejasse nem ficasse com
meu rosto no chão;
-
Perdão pelos apelos que recebi e deixei passar desapercebidos. Quantas
pessoas devem ter me estendido a mão sem que eu percebesse?
- Agradeci pelo pão de cada dia, mas esqueci de distribuir pão para aqueles que nada tem;
-
Pensei nos desonestos e, com isso, me coloquei no patamar das pessoas
honestas. Ah! Mas as pessoas desonestas sabem de si. Cabe a mim praticar
gestos honestos e afastar-me do mal. Porém, posso me afastar em
silêncio. “A palavra é prata, mas o silêncio é ouro.”
- Tive pena de mim mesma e do sofrimento inerente de todo ser humano, mas, e os dignos de pena que na verdade merecem amor?
- Não vi em alguns seres humanos o padrão que eu criei para eles. É… esqueci de aceitá-los como são;
- Perdão por ter conjugado mais o verbo TER do que o SER;
-
Perdão por ter me distanciado daqueles que me ofenderam, desacreditaram
de mim, falaram pelas minhas costas, me agrediram! Eles fizeram-me
triste, porque me senti injustiçada, mas esqueci de agradecer a DEUS por
esses tropeços que me ensinaram a identificar as pedras do meu caminho.
- Perdão pelos amigos que não soube conquistar e por aqueles que perdi por insensatez;
-
Perdão por emocionar-me com atitudes, palavras, pensamentos e ações que
pessoas de bem praticaram, deixando seus exemplos, mas não os copiei
nem os inseri em minha vida.
Nossa! o tempo passou tão depressa! Estamos perdendo tanto tempo com coisas funestas.
Sei que errei e erro, mas preciso acertar. Preciso modificar meus torpes sentimentos e me transformar numa pessoa melhor.
Sei que sou apaixonada pelas “paixões” da terra, mas sei que nada disso vale a pena. Eu sei!
Portanto,
mesmo que eu saiba e não pratique, sei que devo perdoar, fazer mais e
cobrar menos, ser feliz com as conquistas dos meus semelhantes, ser
tolerante, paciente, não ter orgulho banal, ser digna através de minhas
ações e não apenas com palavras; Ser sincera comigo mesma para que os
outros me reconheçam; Não apontar o dedo para ninguém, quando três dedos
estão voltados em minha direção;
Enfim:
-
Perdão por não perceber que para entendermos o amor, precisamos amar
primeiro. Como disse Carlos Drummond de Andrade: “Amar se aprende
amando”.
AMARMOS… AMARMOS… AMARMOS!
Por isso, enterrei as mágoas e estou correndo para o recomeço.
Aveiro, Portugal, 21/12/2010
Meg Klopper (Brasileira em Portugal)
Escritora, ensaísta, poeta
Cônsul-Secrectária da A. I. Poetas Del Mundo
Membro do Conselho Editorial-Redatorial do C.eA.L.
Nota:
Esta reflexão foi publicada no "Recanto das Letras" em 21/12/2010, Código do texto T-2683255
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