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MÚSICA DE FUNDO E AUDIÇÃO DE VÍDEOS E AUDIOS PUBLICADOS

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terça-feira, 13 de julho de 2010

Jornalista brasileiro Hermano Alves morre aos 82, em Lisboa

O jornalista brasileiro Hermano Alves, deputado federal pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro) entre 1967 e 1968, morreu no passado dia 02 de Julho, aos 82 anos, em Lisboa, onde residia desde início da década de 90. Era o principal colunista de política do jornal "Folha de São Paulo", em 1964, quando do golpe militar que depôs o Presidente João Goulart. Após um período no exílio, voltaria à Folha entre 1984 e 1985.

Filho de portugueses, Alves nasceu em Niterói (RJ) e residiu depois, ainda criança, na Bahia. Voltou ao Rio para cursar direito, mas não concluiu a faculdade. Começou a sua vida profissional em 1949, tendo sido, junto com Carlos Lacerda um dos fundadores da "Tribuna da Imprensa".
Trabalhou ainda no Jornal do Brasil e no Correio da Manhã.
Candidatou-se a deputado federal em 1966, defendendo o voto para os analfabetos, a subordinação dos militares aos civis e a proteção da indústria nacional. Chegou a ser eleito em 1967, mas com a instauração do AI-5, em 1968, teve os direitos políticos anulados e teve de se se exilar, primeiro no México, depois na Argélia e na França.

Amnistiado em 1979, só voltou ao Brasil em 1984 para trabalhar em jornais e assessorias de imprensa. Em 2005, recebeu indenização do governo brasileiro pela perseguição sofrida durante a ditadura. Alves deixa quatro filhos, que teve com a primeira mulher Maria do Carmo Veloso Alves. Foi casado pela segunda vez com a professora universitária portuguesa Maria Helena Gonçalves da Silva, com quem vivia em Lisboa.

"Portugal perdeu um grande amigo" - escreveu o Ex-Presidente da República Portuguesa Mário Soares, sobre o Jornalista Hermano Alves"         Na sua coluna semanal no "Diário de Notícias", o ex-Presidente português Mário Soares evoca a memória do jornalista brasileiro Hermano Alves, falecido a semana passada em Lisboa:

Um grande brasileiro desaparece
"Faleceu, em Lisboa, Hermano Alves, jornalista e político brasileiro, deputado federal e grande amigo de Portugal, onde vivia. Tinha aliás casado com uma ilustre portuguesa, a professora universitária Helena Gonçalves da Silva, poucos anos depois da Revolução dos Cravos, salvo erro em 1985.


Conheci-o em Rennes, quando ambos estivemos exilados, e fomos professores de Português na Universidade da Alta Bretanha. Tornámo-nos amigos. Era um homem de uma grande cultura, que conhecia a fundo a política ibero-americana, brasileira e, obviamente, portuguesa. Durante o seu exílio, foi correspondente do Estado de São Paulo, da BBC e depois da Folha de São Paulo e do Expresso. Era um jornalista muito respeitado, pela sua independência e espírito crítico mas também pela sua vasta cultura.
Lembro-me de que, quando estava na BBC, uma noite, altas horas, me telefonou de Londres para me dizer que Lionel Brizzola estava refugiado na Embaixada americana no Uruguai, onde se refugiara por ter havido um golpe militar e o quererem prender. Não conhecia Brizzola senão de nome. O embaixador americano que o acolhera queria deixá-lo partir para os Estados Unidos, mas Brizzola precisava de um passaporte de forma a poder viajar. Hermano Alves pediu-me que lhe concedesse um passaporte português.


Disse-lhe, imediatamente, que sim. Era então primeiro-ministro do I Governo Constitucional. Ainda tive alguns dissabores por causa disso, uma vez que vivíamos então um momento muito conturbado. Mas não me passou sequer pela cabeça recusar-lhe o passaporte, tratando-se de um brasileiro, do país-irmão que, antes da ditadura brasileira, tinha recebido tantos portugueses de braços abertos, fugidos à ditadura salazarista. Tais como: Jaime Cortesão, Jaime Morais, Sarmento Pimentel, Comandante Pio, Adolfo Casaes Monteiro, Humberto Delgado, Henrique Galvão, Pedroso Marques e tantos outros. Brizzola viria depois a fixar-se em Lisboa, e foi na sede do PS, ao Rato, que reuniu, nas vésperas do fim da ditadura brasileira, o Congresso do seu Partido Trabalhista.

Hermano Alves foi um grande conhecedor da história e da política de toda a Ibero-América, nomeadamente do Brasil, mas também da Europa, antes e depois da Guerra Fria. Por isso, enquanto presidente, escolhi-o como meu assessor para a Ibero-América.


Seguiu também, com sucessivos artigos, a Revolução dos Cravos, o "  Prec" , a descolonização e a entrada de Portugal na Comunidade Europeia. Era um apaixonado de Portugal, que conhecia bem e sobre o qual escreveu muito, especialmente nos momentos mais críticos. Os seus artigos e demais escritos deviam ser compilados e publicados.

Portugal perdeu um grande amigo, e o Brasil, país-irmão, um grande resistente, patriota, jornalista e político de dotes excepcionais."

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