Marize de Castro e
Carlos Morais dos Santos
Fiquei muito feliz e contente por receber mais este artigo de crítica literária de Astier Basílio do JORNAL DA PARAÍBA, sobre a minha muito querida amiga de longa data, a brilhante poeta Marize de Castro, de Natal-RN - Brasil e, por isso, não resisti a transcrever aqui esse artigo.
Recordo, a propósito, que aqui, no CULTURAS E AFETOS LUSÓFONOS, já rendemos justo Tributo de Homenagem a esta poetisa que é, seguramente, um dos mais iluminados valores da jovem pooesia do Rio Grande do Norte, mas aproveito mais este reconhecimento aqui registado no Jornal da Paraíba, para publicar um poema inédito meu que, ainda à espera de ser incluído no meu próximo livro (quase pronto) de poesia, dediquei à minha querida amiga Marize de Castro, poema que colocarei depois deste artigo que lhe foi dedicado a propósito do seu mais recente livro " Lábios-Espelhos" , lançamento que, oportunamente, também noticiámos aqui. Carlos MS
JORNAL DA PARAÍBA
JPCrítica
DIVULGAÇÃO
Por Astier Basílio
Não existem fórmulas
que
garantam
uma
boa poesia.
Não
há receitas. O
fato
de Marize Castro,
por
exemplo, escrever
poemas
curtos, econômicos,
apostar
na
simplifi
cidade não dá
nenhuma
garantia de
que
seu trabalho poético
seja
bem realizado. O que faz Lábios - espelhos
(Una,
Rio Grande do Norte, 2009, 97 págs.)
uma
obra de qualidade é algo mais do que a
combinação
de um receituário seguido à risca.
Não.
É algo imponderável chamado talento.
Marize
não se preocupa em ostentações.
Veja
o poema “Deus é Mundo” em que ela diz:
pequenas mortes acompanham-me/ Desamparo-
me a cada página/ Ela me disse: Deus é
o mundo./ Desde então, não me encolho mais./
Amplio-me. Há, neste curto texto,
dois eixos
fundamentais.
O primeiro, a referência a um
eu-lírico,
exteriorizado em terceira pessoa,
denominado
de “Ela”, referência que atravessa
vários
textos. O outro eixo, ou melhor,
mais
a revelação de uma estratégia, mostra
uma
poeta que esconde suas intertextualidades,
que
aposta no simples, é que “pequenas
mortes”,
principalmente no idioma francês,
é
uma metáfora para orgasmo, elemento que
ilumina
a temática erótica e amorosa de seus
textos
curtos e fulminantes.
Quem
é essa “ela”? Essa “ela” que se insurge
(se eu não escrevo, ela me engole/ come meu
útero./ Meu cérebro...) que, por que não dizer,
se
metamorfoseia em várias outras, multidão
de
uma só que canta e que anuncia: conduzo
águias/ tropeço em harpas/ troco em harpas/
troco anáguas no jardim/ onde os amantes são
sepultados. Tentando, em vão responder
a essa
pergunta,
a de quem seja “ela”, a melhor resposta
não
é decifrar o enigma, mas de contemplar
o
enigma, beijá-lo, como sugere o título,
Lábios - espelho, uma gradação em camadas,
uma
caixa de pandora luminosa e, ao mesmo
tempo,
opaca, pois, a transparência de Marize
ilusoriamente
revela. Eis o jogo, como sugerido
em “silente”: sinto urgência em dizer: calo
_________________________________MULHER, MENINA, LABIRINTO, POETA
(Para
Marize de Castro)
Labirinto de algas
Noturno Mar
Impenetrável “Castro”
Nuvem navegante
Serpente de Luz
Romã prolífera
És rasto de esquecidas
memórias
Corpo de rasgadas
carnes
com sulcos de
pontos-luz
em sombras, baças, fugazes.
Vestida de véus,
ornada de diamantes
em poemas, cavalgas o
Sol e a Lua,
os rios, os mares e
todos os pássaros.
em rituais cópulas,
febris, inebriantes.
Das tuas arestas vivas
sangra mel
e nos abismos do teu
Ser-Sentir
macios pingos de dor,
inaudíveis,
soltam explosões
siderais, ofuscantes.
Mas és viajeira do
tempo vindouro
em espaços abertos,
lava escaldante.
Dos teus férteis
lábios, seios e ventre
Escorre um néctar que
é puro ouro
Que adorna teu poema,
maior amante,
Que te cativa,
fertiliza e castra, insistente.
Pássaro dos abismos e
montanhas insondáveis
Vôos de “Via Crucis –
Via Láctea”, alma errante,
Ecos de amor-dor,
música telúrica, Vestal,
Poemas vibrantes de
harmonias improváveis,
Cantares de amigo, de
castigo e de amante,
Pedras de lapidação
onírica de sublime cristal.
Poema e foto
Carlos Morais dos
Santos